aviso texto

AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----     AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS   -----   AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----    

17 de abr. de 2013

O Melhor de "O Príncipe"

27/03/2000

O Príncipe

Nicolau Maquiavel

Comentário:
Você que não tem tempo ou não é habituado a ler, não pode deixar de conhecer o pensamento lúcido de Maquiavel revelado em "O PRINCIPE" .
Após ler pela primeira vez, achei tudo muito atual, verifiquei como seus conselhos são postos em prática nos dias de hoje e como são necessários para alguém que esteja no comando de qualquer empreitada e queira ter sucesso. Compreendi também porque a Igreja Católica o colocou na sua lista de livros proibidos.
Ao ler pela segunda vez, notei que, para cada conselho, Maquiavel vinha com uma introdução e depois com exemplos, que poderiam muito bem ser deixados de lado. Resolvi então, podar o supérfluo e ficar somente com os conselhos que resumem o espírito do livro. Aprecie!

27/03/2000
L. Valentin

 
01 - Querer conquistar é coisa natural e corriqueira para aqueles que podem fazê-lo, e, se o fizerem, serão louvados ou, pelo menos, não serão censurados. Porém, quando o conquistador não tem força para a conquista, se tentar fazê-la de qualquer maneira e não tiver sucesso, será alvo de reprovação e censura.
02 - O Príncipe tem três formas de manter um estado conquistado:
a) Arruinando-o
b) Indo habitá-lo pessoalmente
c) Permitindo que viva regido por suas próprias leis, porém fazendo-o pagar tributo ao conquistador e sendo governado por poucas pessoas, escolhidas pelo Príncipe.
03 - Todas as pessoas, escolhidas pelo Príncipe para compor o Governo, deverão ser conscientizadas de que não poderão ser mantidas na posição sem sua amizade e seu poder; desse modo farão de tudo para não perder essa posição.
04 - Aquele que se apossar de um Estado, deve verificar todas as ofensas que precisa fazer e fazê-las todas de uma só vez, a fim de não ter que repeti-las todos os dias, tranqüilizando, com isso, os homens, beneficiando-os e conquistando-os.
05 - Deve-se considerar que não há coisa mais difícil de fazer, de êxito mais duvidoso, e mais perigosa de conduzir, do que introduzir novas instituições legais, pois o reformador encontra fortes inimigos em todos aqueles que se beneficiavam das instituições antigas e tíbios defensores em todos aqueles que das novas se beneficiariam.
06 - Existem, praticadas pelo Príncipe, as crueldades bem usadas e as mal usadas.
São bem usadas, aquelas feitas, em determinadas circunstâncias, pela necessidade de se obter segurança, mas nas quais não se insiste, substituindo-as depois, por benefícios de maior utilidade possível, em favor dos súditos.
Mal usadas são aquelas que, a princípio, são poucas e depois, com o tempo, crescem, em vez de desaparecerem.
07 - Mais facilmente se conserva o domínio de uma cidade habituada a viver livre, fazendo-a governar por seus cidadãos.
08 - As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez; os benefícios devem ser feitos pouco a pouco,
para que sejam mais bem desfrutados.
09 - A ascensão de alguém a alto cargo se faz com o favor do povo ou com o favor dos grandes.
10 - O que sobe ao poder com o auxílio dos grandes mantém-se com mais dificuldade, pois se vê rodeado de muitos que lhe parecem ser seus iguais e por isso não pode comandá-los nem manobrar à sua vontade.
11 - O que sobe com favor do povo, vê-se sozinho no poder e tem a seu redor quase todos que querem que ele os obedeça.
12 - O homem que queira agir sempre como bom, acabará arruinando-se em meio a tantos que não são bons.
13 - Deve-se satisfazer o povo, pois contra a inimizade do povo, o Príncipe jamais pode ter segurança, por tratar-se de muita gente; contra a dos grandes, pode ter segurança, por serem eles poucos.
14 - Os homens, quando recebem o bem de quem esperavam o mal, ficam mais gratos ao seu benfeitor.
15 - Um Príncipe prudente deve pensar numa maneira de fazer com que seus cidadãos, sempre e em qualquer circunstância, tenham necessidade do Estado e dele, com o que lhe serão, depois, sempre fiéis.
16 - Em toda cidade encontram-se estados de espírito diferentes: o povo deseja não ser dirigido e oprimido pelos grandes e estes, querem oprimir e dirigir o povo.
17 - Em todos os principados novos, os homens, acreditando melhorar, mudam de bom grado de senhor, fazendo esta crença com que tomem armas contra o senhor atual.
18 - O Príncipe não deve importar-se com a reputação de cruel, pois a aplicação de repressões a alguns, diminuindo a criminalidade que atinge toda a comunidade, beneficiará a maioria.
19 - A conquista, pela segunda vez, de um país rebelado, torna-o mais difícil de se perder, pois o senhor diante da rebelião, tem menos escrúpulos em cuidar de sua segurança, punindo os culpados, esclarecendo suspeitas e fortificando os pontos débeis.
20 - Para firmar a segurança do domínio, em países de língua igual, basta aniquilar a casa do Príncipe que imperava sobre este país, conservando-se as condições antigas, não promovendo a disparidade
de costumes e não se alterando suas leis e tributos.
21 - Deve o Príncipe, que se estabelece em território dominado, tornar-se defensor dos débeis, sem porém, fortalecê-los, e enfraquecer os poderosos, além de cuidar que ninguém mais forte que ele se estabeleça naquele território.
22 - Não se pode satisfazer a todos os grandes, sem prejudicar alguns
23 - Quando os homens constatam que pioraram, tendem a mudar de senhor, isso porque o Príncipe necessita sempre humilhar os homens dos quais se tornou novo senhor, vexando-os com a presença de novos homens de armas.
Desse modo, torna seus inimigos aqueles a quem ofendeu, ao ocupar o principado.
Não pode contar com a ajuda daqueles que o puseram no cargo, por não conseguir satisfazê-los do modo como esperavam e nem pode levantar armas contra eles, por dever de gratidão e por ser necessário contar com a ajuda dos naturais da província a fim de dominá-la.
24 - Quando se trata de Estados com províncias e costumes diferentes, uma das medidas mais eficazes seria o Príncipe ir habitá-lo.
Em lá estando, o Príncipe vê nascer as perturbações e pode cortá-las desde o início. Além disso, a Província não será espoliada por seus representantes e os habitantes poderão recorrer ao Príncipe, resultando disso em terem eles mais razões para prezá-lo, quando são bons, e temê-lo, quando são maus.
25 - Deve-se notar que os homens devem ser ganhos com agrados ou destruídos. Se puderem vingar-se das ofensas leves, não poderão fazê-lo com as graves, uma vez que estarão enfraquecidos.
Assim, a ofensa que se faz a alguém deve ser de tal forma que não deixe margem a futura vingança.
26 - O Príncipe não deve preocupar-se se for taxado de miserável, pois com o passar do tempo, os súditos notarão que suas rendas lhe bastam para defender-se
e realizar obras sem onerar o povo, o que lhe conferirá a reputação de liberal, pois usou de liberalidade com todos dos quais nada tirou, cujo número é enorme e terá sido miserável para todos aos quais nada deu, cujo número é pequeno.
27 - O Príncipe deve aprender a não ser bom e usar o aprendido de acordo com a necessidade.
28 - O que é melhor para o Príncipe: 
ser temido ou amado? 
O mais seguro é ser temido.
Os homens receiam menos ofender aquele que se faz amar do que aquele que se faz temer.
29 - O Príncipe não pode nem deve manter a palavra dada,quando as conseqüências de sua observância se voltam contra ele ou hajam desaparecidas as razões que a motivaram.
30 - O Príncipe deve ser temido sem ser odiado; e o conseguirá sempre se não atentar contra os bens e as mulheres de seus súditos.
31 - Os homens sempre vivem satisfeitos nas comunidades onde não foram usurpados nem os bens, nem a honra.
32 - Os homens são muito simples e sempre obedecem a necessidades presentes, logo, quem engana, sempre encontrará alguém que se deixe enganar
33 - Os homens esquecem mais facilmente da morte do próprio pai que da perda do seu patrimônio.
34- Sempre que o Príncipe possuir boas armas, terá também bons amigos.
35 - O Príncipe deve estimar os grandes, mas também
não se fazer odiar pelo povo.
36 - O Príncipe deve ser raposa para reconhecer as armadilhas e leão para afugentar os lobos. 
Os que adotam somente  a natureza do leão, não conseguem êxito, pois têm força, mas não se livram das armadilhas.
37 - O Príncipe será desconsiderado, se for tido como leviano, volúvel efeminado, pusilânime e irresoluto.
Portanto, deve pautar seu procedimento através
de ações nas quais se reconheça a grandeza, força de ânimo, gravidade e fortaleza.
38 - Um Príncipe, freqüentemente, é forçado a não ser bom a fim de manter o poder. Quando a maioria do povo é corrupta, convém ao Príncipe adotar o seu (da maioria) caráter, para contentá-la. Nesse caso AS BOAS OBRAS O PREJUDICAM !
39 - O Príncipe não deve temer conspirações quando o povo estiver a seu lado; quando porém, o povo for seu inimigo,deve temer a tudo e a todos.
40 - O Príncipe não deve tomar sobre si os encargos de julgamento.Essa função deve ser delegada a outrem. A si, deve reservar o direito de distribuir graças.
41 - Os homens atêm-se mais às coisas do presente que às do passado,  e, quando, nas do presente, encontram o bem, contentam-se e vivem despreocupados.
42 - Numa contenda entre partes, sempre ocorrerá uma destas situações:
  • O Príncipe deve temer a qualquer uma das partes que vença
  • O Príncipe não deve temer a qualquer um dos que vençam
Nos dois casos, deve ter sempre em mente que é mais útil tomar partido abertamente de um dos lados do que ficar neutro.
Na primeira, ao tomar partido, caso seu lado vença, ao Príncipe ficará o contendor devendo obrigação e amizade; se perder, acolherá e ajudará o contendor,
ficando à espera que haja uma mudança da sorte.
Ao ficar neutro, a parte vencedora não vai querer amigos suspeitos, que não a ajudem na adversidade
e a parte vencida não o acolherá, por não ter podido
contar com seu apoio na hora em que precisou.
Na segunda, cuidará o Príncipe para sempre apoiar
o vencedor, o qual ficará à sua mercê e o perdedor será aniquilado.
43 - Os homens são ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ambiciosos, e, enquanto os beneficias, são todos teus, oferecendo-te seus bens, seus filhos, seu próprio sangue, a vida, 
desde que não se mostre necessidade disso
Quando porém, ela se apresenta, eles se vão,
pois as amizades baseadas no interesse, na ocasião necessária, delas não se pode usar.
44 - A peste das Cortes são os aduladores, onde são encontrados em grande quantidade. Para livrar-se desse mal, basta fazer entender a todos que o Príncipe não se ofende com a verdade, contudo, quando todos podem dizer a verdade ao Príncipe, configura-se aí, um estado de quebra de respeito e anarquia.
45 - A escolha de ministros ajuda o povo a julgar o Príncipe.
Quando os escolhidos são eficientes e fiéis, o Príncipe é reputado como sábio; porém, quando os escolhidos são o avesso disso, será feito mau juízo do Príncipe, que não soube escolher as pessoas certas.
46 - O bom ministro é aquele que jamais pensa em si próprio, mas no Estado, e não aborrece o Príncipe
com coisas que não lhe dizem respeito.
47 - Para manter um bom ministro, o Príncipe deve sempre pensar nele, honrá-lo e torná-lo rico, fazendo-o ver que, enquanto cuida do Estado, o Príncipe vela por ele.
48 - O Príncipe deve abster-se de fazer graves injúrias aqueles que lhe servem por dever de ofício, pois tais pessoas, cedo ou tarde, procurarão vingar-se e a proximidade ao Príncipe é temerária.
49 - O Príncipe será melhor servido por aqueles que,
inimigos a princípio, sendo levados a assumir cargos
de administração, necessitam melhorar sua imagem pública realizando obras, do que por outros, que sendo servidores fiéis, relaxam em sua obrigação.
50 - É impossível a um Estado SEMPRE tomar partido seguro, pois, invariavelmente, quando se tenta evitar um inconveniente, se cai em outro.
 A prudência consiste em conhecer a natureza dos inconvenientes e tomar como bom, o menos mau.
51 - O Príncipe deve mostrar-se apreciador das virtudes do trabalho, oferecendo oportunidades aos homens habilidosos e honrados, cuidando para afastar do povo o temor dos confiscos e impostos exagerados.
52 - O Príncipe deve ocupar-se com as diversas corporações e ofícios em que se divide a população, reunindo-se com todas, algumas vezes por ano, para dar mostrasde seu interesse e solidariedade.
53 - Em épocas apropriadas, deve o Príncipe entreter a população com festas e espetáculos.
54 - Os bons conselhos sempre devem nascer da prudência do Príncipe, nunca, a prudência do Príncipe, nascer dos bons conselhos.
55 - O Príncipe prudente deve escolher homens sábios para seus auxiliares e, apenas a estes, conceder a liberdade de dizer-lhe a verdade, e somente a respeito daquilo que lhes for perguntado. Afora estes, não deve ouvir mais ninguém, ir direto aos assuntos e manter-se firme nas deliberações.
56 - Um Príncipe deve aconselhar-se sempre, mas quando quiser e não quando o quiserem outros, devendo, aliás, desencorajar qualquer um a aconselhá-lo quando ele não lho pedir.
57 - No principio o mal é fácil de curar e difícil de diagnosticar, mas, com o passar do tempo, (...) torna-se mais fácil de diagnosticar e mais difícil de curar.
58 - As guerras não se evitam e, quando adiadas, trazem vantagem ao inimigo. (...) não se deve jamais deixar uma desordem prosperar para evitar a guerra ...
59 - As amizades que se obtêm mediante pagamento (...) se compram, mas não se possuem...
60 - Existem três tipos de cérebros:
  • Os que discernem as coisas por si próprios;
  • Os que discernem o que os outros entendem;
  • Os que não discernem por si próprios, nem sabem discernir o que os outros entendem.
Os primeiros são excelentes,
os segundos, bons,
e os terceiros, inúteis.


em outras palavras:

Existem três tipos de pessoas:
- as que não sabem e sabem que não sabem;
- as que não sabem e não sabem que não sabem;
- as que não sabem e PENSAM que sabem.

As primeiras são desejáveis, as segundas inúteis e as terceiras nocivas.

 
==========================