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18 de abr. de 2013

Adeus, Ben Hur!

20/05/2008

Adeus, Ben Hur!
20/05/2008
L Valentin

Na noite de 5 de maio de 2008 morreu Charlton Heston, cujo nome verdadeiro era John Charles Carter. Quem tem mais de 40 anos, certamente se lembra dos seus filmes, marcantes, com enredo plausível, sem firulas - cretinas e impossíveis - criadas pela computação gráfica, escapando da pura diversão e fantasia simplista, narcotizantes e imbecilizantes.

Quem não se lembra de “Ruby Gentry”, com a estupenda canção “Ruby” de Heinz Roemheld que se tornou imortal cantada por Ray Charles em “Histoires Extraordinaires?” Ou de “Naked Jungle” e suas formigas apavorantes? Ou de “The Big Country”, com sua mensagem de não violência e Gregory Peck numa atuação memorável? E de “The Ten Commandments”, a inesquecível história de Moisés dirigida por Cecil B de Mille?

Isso sem falar de “Ben Hur”, com seus 11 Oscars, inclusive o de melhor ator. Em sua filmografia, ainda é obrigatório mencionar “The Planet of Apes” (o primeiro), um dos poucos filmes cujo final realmente surpreendeu a todos os que não sabiam do enredo; “The Omega Man”, com um enredo futurista sobre as conseqüências da guerra química e “Soylent Green”, pintando um retrato cruel de um futuro grotesco, causado pela poluição e pela deterioração das cidades, que já está quase a realizar-se. E mais: “El Cid”, “The War Lord”, “The Agony & Ecstasy”, “Greatest Show in Earth”, “Major Dundee”, “Dark City”, “The Touch of Evil” e “Will Penny”.

“Ora, dirá você, leitor, e daí? Um bom ator, porém um mero ator, esquecido pelo tempo”. Esse é o ponto principal. Acontece que Heston não foi somente um ator célebre, famoso e rico. Foi também um exemplo de patriotismo, de honradez, de dignidade e de luta pelos direitos civis e pela liberdade.

Esse perfil o brasileiro desconhece. Aliás, o brasileiro além de ser ignorante é mal informado. Ele acredita no que vê na TV, que somente mostra mentiras – principalmente no Brasil. Quando a mídia diz que o brasileiro é um povo “alegre”, “cordial” e “irreverente” isso faz com que o povinho da terra acredite que esta é uma verdade internacional. Ledo engano, cara pálida! Meu pai era espanhol e sua família toda vive na Espanha. Na copa do mundo em 1982, realizada lá, meus parentes esclareceram a verdade: o que julgamos “irreverência”, para os espanhóis era falta de educação. O povo fugia dos locais onde estavam grupos de brasileiros, que consideravam “bárbaros”, “grosseiros”, “mal-educados” e constrangedores. Isso em toda parte: nos hotéis, nos ônibus, nos trens, nos estádios, nas ruas. A imagem deplorável deixada pelos brasileiros nessa ocasião até hoje não foi esquecida. Mas aqui, o quadro pintado pela TV era outro: “Os estrangeiros adoram os brasileiros!” Pois sim!

Outra mentira é a dos shows que “famosos” brasileiros fazem no exterior. Quando a dupla “Leitãozinho e Pocotó” faz um show nos Estados Unidos, nossa imprensa entoa hinos ao seu “sucesso”: casa cheia, aplausos da crítica e outros exageros. Na verdade, o americano simplesmente ignora tais eventos. A casa cheia é de brasileiros e hispânicos que moram lá. A crítica favorável não passa de mera mentira. Na noite do show, os americanos ficam longe de tais eventos e continuam sem saber onde fica o Brasil, cuja capital é Buenos Aires. E o perfil de bárbaros, incivilizados, incultos e mal educados é a única referência que sabem de cor.

No caso de Heston, o processo se repete. O brasileiro não sabe quem foi o cidadão, fora das telas. E, é mal informado quando mentecaptos em sites de cinema o chamam de “canastrão” tentando ridicularizar sua posição, admirada pelos americanos, em defesa da liberdade e dos direitos civis.

Existem atores que, para pessoas sérias e sensatas, foram e são exemplos de competência, dignidade, rigor e postura. No Brasil entre cerca de uma dezena, destaca-se Tony Ramos. Nos Estados Unidos entre alguns mais, figuram Gregory Peck e Charlton Heston.

Peck foi exemplo de profissional, sério, competente, de posições claras e firmes, com um caráter tal que, tanto na vida artística como na privada, não permitiu que algo o desabonasse.

Heston também, porém com uma diferença. Enquanto Peck curtia sua velhice na tranqüilidade, Heston se tornou um ativista na luta por direitos civis. Em 1963 estava na famosa passeata de Martin Luther King Jr.(de vida pública ilibada, mas com uma vida particular não tanto) trabalhando pela causa.

Nessa ocasião tinha ligações com o Partido Democrata. Com o passar do tempo, porém, percebeu que esse partido, em nome de “mudanças” contra o “conservadorismo” estava minado por comunistas, cujo objetivo era desestabilizar a cultura americana e anular direitos constitucionais, que eram obstáculos a uma dominação da nefasta ONU.

Heston foi o primeiro a defender a integração racial em Hollywood, em uma época que isso não era ainda um assunto prioritário. Em “The Omega Man”, o primeiro filme a colocar um negro em posição de comando e mostrar uma união inter-racial, Heston dava testemunho de sua luta nesse sentido.

No começo dos anos 70 essas posições eram polêmicas e necessitavam de coragem para a sua defesa. Heston, que cultuava a boa literatura, além de coragem, tinha fé inabalável no que acreditava ser o certo e sensato. E se tornava um firme defensor de seus pontos de vista.

Casado com uma colega de escola, passou a vida com ela e morreu em sua companhia. Isso é ser conservador. Cristão, tinha fé em suas crenças e vivia de acordo com elas. Isso é ser conservador. Foi acusado de ser homofóbo, coisa negada por seus incontáveis colegas homossexuais do cinema. Porém desaprovava essa condição. Isso é ser conservador. Na segunda guerra, se alistou como voluntário em 1941, mas só foi chamado para servir em 1943. Isso é ser conservador e fugir covardemente do alistamento militar, como fez Clinton, é ser modernista. Ser contra a tolice do politicamente correto é ser conservador. Enfim, defender o direito do cidadão de bem em ter armas, respeitando a constituição e guiando-se por Thomas Jefferson que disse “Ninguém pode cassar o direito do cidadão de bem de possuir armas” é ser conservador. Desarmar cidadãos cumpridores da lei, como queriam Clinton e Gore, seguindo o exemplo de monstros como Stalin, Mao Tse Tung, Hitler, Mussolini, Fidel Castro, Pol Pot, Idi Amin Dada entre outros, que antes de implantarem suas ditaduras sanguinárias tiraram a capacidade de reação do povo, é modernismo.

Heston cometeu então um sacrilégio. Passou para o Partido Republicano, afastando-se dos democratas e seus ideais “modernistas”. Isso eles não perdoam, pois nada melhor para a propaganda que ter o apoio de um artista famoso e Heston era cultuado por milhões de fãs americanos. Perdido esse apoio, passaram a atacá-lo onde e quando podiam. Quando os mentecaptos brasileiros o chamam de “canastrão” nada mais estão fazendo do que seguir as instruções emanadas do patrão.

Mas, tais ataques não foram suficientes para arranhar a imagem do astro, pois o grande público sabia quem era ele e aplaudia seu caráter e seu “conservadorismo”.

Assim não foi surpresa quando Heston, depois de ouvir o lixo composto por um tal Ice T, um rapper autor de “CopKiller” (Matador de Policiais), apoiado pela Time-Warner, apareceu em uma convenção de marketing da empresa e, diante de centenas de executivos, recitou, com sua voz de barítono toda a letra de “CopKiller”, repleta de termos chulos, palavrões e incentivando ao crime. Num silêncio absoluto, todos ouviam constrangidos. Ao terminar, verificou-se que a maioria dos presentes não sabia dessa “obra” nem que o autor era contratado da empresa. Heston pediu providências. Saiu, debaixo do mesmo silêncio de pessoas totalmente envergonhadas e surpresas. Do lado de fora, os jornalistas reclamavam: “Não podemos publicar isso”. E Heston respondeu: “Mas está a venda para quem quiser comprar e o responsável por isso é a Time-Warner”.

Como resultado, em três meses a Time-Warner cancelou o contrato com Ice T, e declarou guerra a Heston, que também foi ameaçado de morte por diversas vezes pelo prejudicado. Isso é ser conservador. Isso eles não perdoam.

No final da década de 90, Heston foi eleito presidente da NRA – National Rifle Association – a maior entidade de defesa do direito do cidadão de bem de ter armas. A NRA é uma potência. Possui 4 milhões de associados e é apoiada por 80 milhões de pessoas que possuem armas em todo território americano.

Heston se tornou membro da diretoria da NRA, depois presidente por duas vezes consecutivas, sempre na linha de frente, enfrentando a mídia e os interesses políticos ávidos em difamá-lo e humilhá-lo. Seu compromisso em restaurar a honradez do nome da NRA, o levou a infindáveis entrevistas em rádios, jornais e televisão e a atender incontáveis convites para fazer conferências nas mais famosas universidades do país.

Mesmo diante do imenso esforço da coalizão antiarmas em derrubá-lo, a classe, o bom humor e insofismável honradez de Heston angariaram novos admiradores e partidários. A NRA começou a ser renovada, a princípio lentamente, depois de forma avassaladora. Milhões de americanos foram convencidos pelo discurso de Heston e se comprometeram a defender os direitos constitucionais que sempre vigoraram desde a fundação da república americana.

Certa vez, quando Heston começou seu discurso em Harvard, se acreditava que ele sairia vaiado do auditório. Porém, ao traçar paralelos entre o controle de armas e a influência antidemocrática do politicamente correto, os jovens estudantes não somente prestaram atenção como começaram a se inquietar.
Heston disse que a nova geração de líderes americanos, em contraste com os antepassados, seria composta de covardes. Covardes no sentido de prejudicar a substância em favor do estilo. Covardes em sua falta de pulso para questionar a autoridade, especialmente de burocráticos hipócritas, trabalhando incansavelmente em diminuir a influência dos cidadãos no governo em favor de idéias de uma minoria amestrada.
Heston conquistou corações e mentes nessa noite, assim como chocou e inspirou preocupações quando, em conferência no National Press Club, disse aos membros da mídia que o direito de ter armas, o segundo item da Declaração de Direitos, era, na verdade, mais importante que a primeira emenda, a tão querida por eles, o direito de liberdade de expressão.

Heston mostrou que se uma pessoa não puder ter armas para proteger sua vida, da sua família, a propriedade, a comunidade, suas crenças religiosas ou a forma de governo eleita, como poderão os jornais, revistas, rádio e televisão, esperar manter sua capacidade de noticiar sem sofrer restrições? Diante de uma platéia atônita, ele disse que a segunda emenda era essencialmente o principal item da liberdade americana: a liberdade que protege todos, a única que pode garantir que um governo feito pelo povo e para o povo possa ser eficiente e duradouro. Tais palavras podem ter parecido heresia naquele local específico. Porém, breve, o frenesi editorial para acabar com o direito de ter armas começou a esfriar.

Com seu carisma e fama tornou-se um dos principais responsáveis pela derrota dos democratas no país – fato reconhecido pelo próprio Clinton - pois a NRA se esforçou em mostrar ao cidadão – e provar - que ter armas desestimula a violência e não o contrário, como queriam Clinton, Gore, ONU e os traidores do ideal americano. Heston mostrou que a criminalidade crescente e não o direito de ter armas é que era o responsável pela deterioração do padrão de vida de todos. Isso eles não perdoam.

Incansável, admirado por toda a América, Heston se tornou um ícone. Em 1997 ganhou mais um Oscar, por suas atividades em entidades humanitárias. Em 2003, o Presidente George Bush o condecorou com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil americana.

Nessa época, Heston já estava sofrendo os primeiros sintomas do mal de Alzheimer, que o obrigou a encerrar suas atividades e se preparar para o terrível fim dos acometidos por essa doença. Charlton Heston foi visto pelo mundo como maior do que a vida. Ninguém poderia pedir uma vida mais completa do que a dele. Nenhum homem poderia dar mais para sua família, sua profissão e seu país.

Essa é a trajetória de alguém que, por seu trabalho, esforço, dignidade, honradez e firmeza na perseguição de um ideal, entrou para a galeria de heróis americanos. Enquanto isso, aqui, terra da bandalheira, da desonestidade, do crime organizado, do tráfico de drogas invencível, do esbulho político, da ditadura de ladrões acobertados nos três poderes pelo guarda chuva de uma falsa democracia, da corrupção, da falta de rigor nas leis, da impunidade, da ignorância, da indignidade e da desonra, a mídia amestrada não noticiou seu falecimento em horário nobre (o que a maioria dos brasileiros assiste) e o chama de “canastrão” na Internet.

Compreende-se. Ele era “conservador” e bateu de frente com o partido democrata americano, Clinton, Gore, ONU, os banqueiros ingleses, enfim, os ninhos de comunismo da atualidade. Como são estes que comandam os governos fantoches da América do Sul, que pretendem entregar as riquezas dos seus países ao capital internacional, faz sentido o silêncio e os ataques a alguém que lutou contra a escravidão e a perda de direitos básicos do cidadão livre.
 “Quero que todos saibam que fui recompensado além do que mereci. Minha vida foi abençoada pela boa sorte. Agradeço por ter nascido na América, berço da liberdade e da oportunidade, onde um garoto das florestas de Michigan pode crescer trabalhando duro e ser alguém na vida. Agradeço pela dádiva de ter acesso às maiores obras já escritas, que me permitiram compartilhar com todos o infinito âmbito da experiência humana. (...) Eu vivi uma vida excepcionalmente maravilhosa. Eu vivi o suficiente para duas pessoas”Charlton Heston (1923-2008)
Adeus, Ben Hur!
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