aviso texto

AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----     AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS   -----   AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----    

8 de mar. de 2022

UMAMI: será que você é mais um pato dos idiotas da Internet?

 Se Pensasse não Seria

05/03/2022

LVallejo

Assim como o ser humano possui 4 receptores para cores e pode enxergar milhões de combinações de cores, o seu paladar possui  receptores para 4 gostos distintos: doce, salgado, amargo e azedo. 

Mas a combinação de gostos detectados por esses receptores também são milhões. Por exemplo, quando se come uma sardinha frita, obviamente salgada e temperada, e coloca-se algumas gotas de limão nela, vai-se sentir um sabor único proveniente dessa combinação. Grosso modo combinamos algo salgado com algo azedo. 

Por outro lado, se a comida for um cheese cake de limão, ou um suspiro feito com limão, grosso modo, teremos agora uma combinação de doce com azedo, que, novamente proporcionará um sabor único.

Aqui vai a pergunta: qual é o nome que se dá a esses sabores? Ou seja, qual é o nome do sabor da sardinha frita, temperada com limão? Ou o nome do sabor do cheese cake ou do suspiro? Ou o nome do sabor de um frango assado? Ou de uma lasanha?

Lógico que tais sabores não possuem nome. Não se pode dar um nome para cada um dos milhões de combinações dos 4 gostos. Dizemos apenas que tal comida é saborosa, deliciosa, gostosa, etc.

Pois é isso exatamente o que significa UMAMI em japonês. Gostoso, saboroso, delicioso, nutritivo. Um  mero adjetivo que em japonês pode ter outros significados, tais como carnudo e ensopado. No Japão se a pessoa gostou muito de uma comida pode elogiar usando a palavra umami: Essas batatas fritas são umami;  esse hamburger é umami, etc.

Porém, um idiota com acesso a internet pode tudo. Lembrando Nelson Rodrigues – os idiotas vão dominar o mundo. Não por capacidade, mas por quantidade. Eles são muitos – descobrimos que um desses resolveu que umami seria um "quinto gosto". Espalhou pela rede e hoje  os seguidores dessa bobagem são um exército, inclusive com pessoas ligadas aos alimentos defendendo a asneira. 

A história começa em 1908, conta-nos o prof. Bruce Halpern,  quando um químico japonês chamado Ikeda extraiu de algas marinhas um único sal de ácido glutâmico, comumente conhecido como glutamato monossódico, ou MSG. Quando Ikeda publicou suas descobertas, ele descreveu esse composto saboroso utilizando o termo “umami”. 

O Prof. Harry Lawless, cientista de alimentos, explicou que o conceito de umami foi modificado em sua definição nas culturas ocidentais e muitos pesquisadores abraçaram a ideia de que era um “quinto gosto”, apesar de ninguém jamais ter sentido tal  gosto ou ter definido exatamente que gosto era esse, como qualquer pessoa faz com o doce, salgado, amargo e azedo.

Por essa razão os cientistas sérios batem o pé determinando que somente existem esses quatro gostos e o quinto gosto é uma fraude.

Os defensores da ideia do quinto gosto, sem ter explicações plausíveis ou qualquer evidência científica disso, defendem seu ponto de vista, dizendo que essa é uma descoberta nova e quem a combate são antiquados e ultrapassados. Realmente uma defesa frágil e pueril.

Coloquem uma sardinha frita com limão na boca e digam onde está o umami. Coma um bolo de chocolate e digam onde está o umami. Deguste uma picanha na brasa e diga onde está o umami. Veja que, para ser um "quinto gosto", deve ser igual em qualquer comida, tais como o doce, salgado, azedo e amargo.

Se você come um bolo de chocolate, sabe que tem um sabor doce predominante. Se come uma costeleta de porco com molho barbecue, vai sentir o doce, salgado e o azedo do vinagre. O doce da costeleta é o mesmo do bolo de chocolate. Isso é identificado por seu cérebro e qualquer um sabe disso, sem precisar de comprovação.

Todos os defensores deste “quinto gosto” são fabricantes de MSG. Esse produto químico está presente em 90% das comidas industrializadas. Esses fabricantes não querem perder tal mercado de modo algum. A teoria do umami como gosto surgiu depois que estudos sérios provaram que o MSG é cancerígeno. O gosto umami foi estratégia de defesa criada para manter o mercado.

Se o leitor procurar a definição de umami como quinto gosto vai encontrar sempre algo vago, indefinido. Eis uma: 

“Foi estabelecido que umami, que é o sabor do glutamato monossódico, é um dos cinco sabores básicos reconhecidos. O gosto umami é frequentemente descrito como um sabor de carne, caldo ou salgado, e é independente dos quatro sabores básicos tradicionais – doce, azedo, salgado e amargo.”

Para você não ser mais um enganado na imensa massa de carneiros estúpidos, pense nos quatro gostos que todos conhecem e que acompanham o homem desde seu aparecimento na terra.  Primeiro pense porque somente depois de mais de 100 mil anos é que o ser humano descobriu um novo gosto. Se ele existia, então deveria ser como os outros, perfeitamente identificável e detectável e há muito teria sido relatado.

Agora pense que se você der uma colherada de açúcar ou mel para qualquer pessoa  vivente, todas sentirão o mesmo gosto e todas serão capazes de descrevê-lo perfeita e similarmente. Assim também com os outros gostos: salgado, amargo e azedo. Todos saberão identificar o azedo do limão e todos terão a mesma sensação.

Isso é ciência: uma experiência que pode ser repetida ad infinitum e sempre apresenta resultado idêntico, independente que qualquer outro fator.

Resumindo qualquer pessoa pode sentir e descrever da mesma forma os quatro gostos, independente da pessoa ou do que se está ingerindo.

Mas com o "quinto gosto" isso é diferente. Depende da pessoa e da comida para ser sentido. Não pode ser definido. Está em quê carne? Em quê caldo? Se parece com quê? Se você come picanha e sente um gosto estranho e diz que é "umami" e me dá um pedaço da mesma carne  e eu não sinto nada de diferente, quem está certo? Como provar as duas afirmações? 

Se você come uma picanha e diz que está salgada, e eu como um pedaço da mesma carne, vou saber se está ou não salgada. Pode-se testar com outras pessoas e todas saberão dizer que grau de sal ela contém. 

Então por analogia, o umami sendo o "quinto gosto", também deveria ser identificado dessa forma. Se alguém for tentar provar isso não conseguirá por uma razão simples: umami é uma palavra e não um gosto. A lógica e o bom senso declaram que "umami gosto" não existe. E fim de papo!

A lição que mais uma vez aprendemos, ao notar esses milhões de despreparados filmando e se filmando e postando na internet, é dada pelo escritor Umberto Eco, que disse que a verdadeira catástrofe não é a postagem de bobagens na Internet por medíocres, mas sim os milhões de imbecis que perdem tempo vendo e acreditando em tais idiotices. Patos da Internet!!!

LV


Vivemos prisioneiros dentro de bolhas

 Teoria das Bolhas

02/02/2022

LVallejo


Existem centenas de trabalhos de psicólogos americanos  sobre o assunto. Em resumo, para as pessoas leigas, pode-se dizer que “bolha”  nesse sentido significa a criação de uma carapaça virtual, um sistema de escudos mentais que a pessoa dispõe em volta de si para, na sua opinião, ter um ambiente de vida adequado com suas necessidades e de acordo com seus conhecimentos e crenças. É um campo, uma situação, um ambiente, uma sensação, algo que alguém cria à sua volta para que possa se sentir bem, confortável e acolhedor.

A vida dentro de uma bolha é segura. Ninguém desafia você; ninguém discorda de você; ninguém nunca lhe pede para explicar por que você pensa dessa maneira. Isso pode trazer uma sensação de paz.

Na verdade o estado natural dos eventos da vida de um ser humano é, cada um, ser envolvido em uma bolha. As pessoas buscam encontrar coincidências em tudo o que fazem: no  casamento, ambiente de trabalho, vizinhança e na vida social. O termo técnico para isso é “homofilia”. 


As bolhas em nossa vida se entrelaçam e se justapõem. A própria Terra faz parte de bolhas: a bolha do sistema solar, a bolha da galáxia Via Láctea e a bolha do universo, que envolve tudo. Essas são bolhas científicas com leis e regras precisas, verdadeiramente definidas e nada pode escapar delas. Porém, o homem  cria bolhas que muitas vezes nada tem de verdade ou realidade e vive dentro delas, frequentemente, por séculos a fio. 

A maior bolha criada pelo homem é, sem dúvida, a religião. Porém, atualmente existem bolhas que estão se avolumando e competindo para dominar as outras. A principal delas é a TV. Os que estão dominados por ela perderam completamente a capacidade de raciocinar e concluir, pautando seus conhecimentos pelo que aparece na TV, sem questionar se é verdade, se há manipulação por quem a dirige e até mesmo se a TV é comandada por algo ou alguém. O dom da TV é fazer com que se acredite nela sem qualquer objeção. E se acate, respeite e venere quem apareça nela. A TV não passa de uma verdadeira e mais potente droga psicológica criada.  A grande perda desse processo é a diminuição acachapante da capacidade mental das pessoas dessa bolha. Veja detalhes sobre a TV em “O Brilho que cega”

Entre outras bolhas importantes podemos listar a bolha tecnológica, com mais e mais pessoas cercando-se de gadgets como smartphones, iPhones, iPods, iPads, tablets, computadores, telas, jogos de computador, etc. Basicamente, as pessoas preferem passar mais tempo em frente a uma tela jogando ou relaxando aumentando seu processamento visual e diminuindo seu processamento racional, em vez de ficar com os outras pessoas ou fazendo algo útil. Todos eles sabem que "é tudo virtual" e quando algo dá defeito percebem: Uau, tudo pode desmoronar! Um novo smartphone está saindo. Um novo par de fones de ouvido mais caros e uma nova versão de um jogo para PC / jogo X-box estão sendo lançados, e você precisa deles. Coisas virtuais como jogos, filmes, telas tornam-se “mais reais” do que pessoas, um trabalho, lazer, viagens, etc. 

Importante também é a bolha dos esportes. Uma parcela enorme da população adora assistir e acompanhar os esportes. Na Europa, na América do Sul e cada vez mais nos EUA também, as pessoas seguem e estão entusiasmadas com o futebol. Pagam um preço alto para ir assistir ao jogo de seu time favorito e, na maioria das vezes, perdem. Eles pagam muito dinheiro por um assento, compram as camisetas, o lenço, o chapéu, a revista, etc. Eles checam as notícias a cada 10 minutos para ver se há algo novo. Eles acham que é real a ilusão de que sua vida faz parte da vida do time ou da celebridade, que a equipe existe porque ele torce. Pelo efeito da TV, acreditam firmemente que o jogador que aparece na telinha é seu amigo, lhe conhece, lhe convidaria para lanchar em sua casa. E fica preso ao esporte ou ao comprometimento de ser fã. Existem milhões de pessoas que ganham apenas o suficiente para viver de um dia para o outro e gastam seu suado dinheirinho em um ingresso para o jogo, show ou algo para "apoiar seu time" ou ver um famoso no palco. Eles chegam ao ponto de se tornar inimigos de pessoas que “torcem” por outro time.

Não se pode deixar de mencionar a bolha da moda e a da música. Há algo na moda que atrai a maioria dos jovens. Quando você anda nas ruas, vê todos os tipos de designs e roupas da moda nas pessoas. Quase todo mundo quer fazer uma declaração sobre o que veste. Existe até um anúncio, "A moda somos nós!" e muitos vivem por este código. Eles simplesmente não podem usar certas cores, e isso não combina com aquilo, e não podem sair de casa em horários específicos porque não têm as roupas certas. Quando saem pela porta, parecem superestrelas e atores em filmes ou na passarela. O penteado, as roupas, os sapatos, as bolsas, os brincos, as joias, as “cores que colocam no rosto”, as sobrancelhas, as unhas, os lábios, as tatuagens, os piercings, e todas as partes do ser é cuidadosamente cuidado, projetado, modelado e "hackeado". Mas como as pessoas sabem o que está na moda? Pela TV. Pelo que a criação mais nefasta da TV, a “celebridade”, está usando. Basta imitar. Para isso não e necessário ter cérebro.

Na bolha da música – que realmente nada tem de “música” - as pessoas raramente ouvem ou assistem algo. Elas precisam estar “plugadas”, precisam estar em uma lista de reprodução cuidadosamente selecionada e tocada repetidas vezes, para que as melodias muito conhecidas soem em seu ser…. Crianças e jovens, os jovens que ainda não têm emprego nem sabem ganhar a vida, todos estão em dia com o que há de mais moderno na música e ouvem de tudo. A música é uma grande bolha - sempre que há um tempo livre ou um momento chato, os fones de ouvido entram e a música toca. É uma droga que as pessoas adoram tomar tanto publicamente quanto individualmente. Mas o que a bolha da música oferece não é essencialmente música. O que elas chamam de musica é uma ferramenta de alienação psicológica, cuja única finalidade é a comercialização e o lucro. 

Tais bolhas, pois, estão dominando e viciando as pessoas, tornando-as cada vez mais imbecis, cretinas e insensatas.  É quase como se as pessoas não usassem "substâncias alucinógenas físicas", mas corressem atrás de drogas psicológicas e autoproduzidas oferecidas por um estilo de vida em que definitivamente a vida humana não importa. 

Existem tantos outros tipos de bolhas, incluindo religião, filosofia, trabalho, dinheiro, sexo, álcool, drogas, festas, gangues, etc. 

Resumindo, uma bolha é uma situação da vida.  E as bolhas têm suas regras que apresento aqui como fruto de minhas observações do cotidiano.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA  Nº1

O Homem é um ser gregário, portanto, ao se ajuntar com outros formando uma comunidade, automaticamente cria bolhas e se insere nelas. Assim pode-se notar a existência de bolhas como as da família, religião, trabalho, preferências particulares, etc. E uma bolha pode conter sub-bolhas e se entrelaçar com elas. A vida é levada normalmente quando as  bolhas que encerram uma pessoa são todas equivalentes e nenhuma delas se sobrepõe às outras. Então a primeira regra é a seguinte:

“A vida de uma pessoa é regida por várias bolhas, que podem se unir, sobrepor, dividir e sofrer interseção.”

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 2

Consideremos que alguém seja torcedor do Flamengo. Isso significa que está inserido na imensa bolha genérica chamada de “Torcida de Futebol”. A bolha da “Torcida do Flamengo” é uma sub-bolha específica  da bolha genérica “ESPORTES”. Digamos agora que outra pessoa que também torce pelo Flamengo – e faz parte dessa bolha – seja mais entusiástico por natação. Nesse caso temos uma interseção de duas bolhas: a de Torcida de Futebol e dos Torcedores de Natação. Como a bolha do futebol é imensamente maior que a bolha da natação, com o passar do tempo o indivíduo pode ficar totalmente influenciado pela primeira e abandonar quase que completamente a segunda. 

Outro exemplo é  aquele indivíduo que tem várias bolhas em sua vida: a da família, do trabalho, dos amigos, da religião, do futebol, etc. Então, numa determinada época se insere em uma nova bolha: do “Vício em Drogas”. Aos poucos esta bolha iniciante se agiganta e faz com que as outras bolhas de sua vida se apaguem e no final somente ela gerencia os atos de sua vida. 

As ações de uma pessoa bem como as consequências de eventos da sua vida são pautadas pelas diretrizes emanadas das bolhas. Quando uma bolha se torna predominante a tendência é restringir aos poucos a influência das outras bolhas da sua vida, tornando-as quase inócuas ou eliminando-as totalmente.  

Eis a segunda regra:

“Em caso de bolhas entrelaçadas e compartilhadas, uma bolha, ao se agigantar, torna-se predominante, enfraquecendo sistematicamente a influência de outras bolhas podendo causar até mesmo o desaparecimento de algumas ou de todas as bolhas do mesmo compartilhamento.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 3

Essa é a regra de ouro das bolhas.  A religião é perfeita para ilustrar essa regra. Supondo que uma pessoa A tenha uma religião e a pessoa B tenha outra religião. A  pessoa A ataca a religião da pessoa B e vice versa. Ambas apontam as falhas que acreditam que a religião do outro tem, mas não aceitam que sua bolha esteja errada.

“Quem está dentro de uma bolha não consegue ver defeitos em suas regras, mas percebe perfeitamente defeitos em bolhas de outras pessoas, que estejam fora da sua.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 4

Asinus asinum fricat . Os burros aplaudem o burro. Esse ditado Romano explica que pessoas da mesma qualidade aprovam as pessoas que são semelhantes a elas. Ou seja, os burros não aplaudem outros bichos, aplaudem somente os burros. Então aqueles que estão em uma bolha, aplaudem aprovam, imitam e defendem os que estão dentro da mesma bolha. 

“Os integrantes de uma bolha sempre estarão prontos a apoiar e incentivar todos  os que fazem parte dela, quando se trata de seguir e manter as regras da bolha.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 5

A tendência de uma pessoa dentro da bolha é acreditar – ter fé – em suas regras e não admitir qualquer crítica a elas. Portanto fica difícil para alguém de fora, mesmo que apresente provas, convencer tal pessoa de falhas ou erros em sua crença. Tente fazer um torcedor de qualquer time a torcer para outro. Impossível, certo?

“Ninguém externo a uma bolha pode conseguir fazer com que uma pessoa abandone sua bolha.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 6

Às vezes você vive sua vida de certa maneira, e então algo acontece, e você percebe que tem vivido em uma mentira, que as regras de sua bolha são falhas e que a realidade agora vem mostrar como elas eram vazias e sem sentido. Qual foi o acontecimento que detonou essa mudança e essa nova percepção?

Esse é um evento que não tem definição e existe uma expressão que pode dar pistas de suas características: “A ficha caiu”.  Ou seja, é aquele momento que a pessoa vê a realidade como ela é e não como a bolha em que ela estava a apresentava. 

Um exemplo verídico: Um pai é avisado que seu filho de 12 anos foi visto entrando numa boca de fumo. Depois de dar uma dura no filho, que negou tudo, acredita nele e corta relações com a pessoa que tinha dado o aviso. Um ano depois, o menino está consumindo drogas pesadas e o pai fica sabendo da realidade. Nesse momento “a ficha caiu”. Tarde demais. O pai vai passar o resto de sua vida gastando dinheiro em clínicas de recuperação e o filho vai se tornar um adulto inútil incapaz.  

Os laços da bolha familiar foram mais fortes e o pai acreditou no filho  sem duvidar. Se tentasse se desvencilhar de um laço daqueles e se perguntasse: “E se meu filho estiver mentindo?” e, com essa dúvida fosse esclarecer  se ele estava ou não fumando maconha, descobriria a verdade e o menino estaria salvo. Somente se fazendo tais perguntas, tendo dúvidas, é que se pode abandonar uma bolha.

“A pessoa somente abandona uma bolha se ela for absorvida por outra bolha ou por convencimento próprio de que os conhecimentos de sua bolha estão errados.”

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 7

A bolha predominante na vida de uma pessoa vai fornecer as regras e normas que vão pautar sua existência.  Por isso sempre vão existir pessoas  com ideias e procedimentos bem diversos de outros grupos. E os laços das bolhas são extremamente fortes. 

Por exemplo, quando perguntaram a Einstein o que ele achava das leis da mecânica quântica que tratavam o universo como probabilístico (o acaso é quem regia os eventos) ele respondeu: “Deus não joga dados.”  Ou seja, mesmo diante das provas cientificas, sendo ele mesmo um cientista, ele preferiu  a continuar com sua crença no determinismo (tudo acontece programado por Deus). Não teve convicção suficiente para quebrar com os laços da bolha dominante.

“Se por meios não racionais uma pessoa adquire conhecimentos, falsos ou verdadeiros,  advindo de uma bolha ou de suas regras, ela não consente em mudar tais conhecimentos através de argumentação lógica.”

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 8

No livro do Eclesiastes, bíblia antiga de 1950, existia o seguinte versículo (hoje foi mudado, ou seja, a “palavra de deus” pode estar errada e pode ser corrigida pelos homens): 

“O perverso dificilmente se corrige e o número de tolos é infinito.” (Ecl. 1,15)

Para o fanático dentro de uma bolha que regula seu fanatismo praticamente não existe  modo prático para trazê-lo de volta à razão e abandonar o seu fanatismo. O que acontece com ele foi magistralmente definido por L. Hubbard, o fundador da cientologia: 

“A verdade é aquilo que cada um acredita.”

A crença é fé, o sinônimo de conhecimento sem comprovação e inimiga feroz da razão e da lógica. Pela regra anterior, um conhecimento adquirido sem comprovação não poderá ser destruído através de evidências.  Por exemplo, não será encontrada uma evidência ou prova suficiente para que uma pessoa que foi levada a crer em vampiros, lobisomem ou sereias abandone sua crença. 

“ Utilizando-se de meios racionais, é impossível  tentar convencer um fanático a abandonar sua bolha.”

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 9

Todos nós já vimos nos noticiários, a cena de uma mãe chorando pelo filho bandido morto pela polícia. O sujeito era traficante, violento na comunidade onde vivia, uma carreira de assassinatos e roubos e morreu trocando tiros com a polícia, “Ele era bom, era boa pessoa, era trabalhador, não fazia mal a ninguém. Pergunte ao seu tio e a sua madrinha, que vão confirmar que ele era do bem” se desespera a mãe diante das câmeras. 

Isso significa que a mãe presa a bolha da família e maternidade não enxergava o filho como um mau elemento apesar de saber que toda a vizinhança comentava que ele era bandido da pior espécie. Só os familiares o consideravam bom.

“Toda bolha obriga o seu participante a rejeitar violentamente as críticas e acolher de bom grado os elogios, aplausos e bajulações sobre ela.”

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REGRA Nº 10

Reconheça que você não está certo sobre tudo. Você pode estar totalmente errado. Ou parcialmente errado. 

“Para sair da bolha é preciso SEMPRE, a todo instante e antes de  qualquer decisão, se fazer a pergunta mágica: E SE EU ESTIVER ERRADO? ”

O problema com essa regra é que o integrante da bolha JAMAIS acha que está errado. Logo não vai se fazer tal pergunta. Caso o faça, não poderá utilizar os conhecimentos advindos da sua bolha, pois dentro dela não haverá argumentos apontando erros.

Porém há um truque para contornar tal problema: o integrante da bolha deverá procurar provar que está certo UTILIZANDO OS ARGUMENTOS DE OUTRAS BOLHAS que são contrários aos da sua.

Por exemplo, suponhamos que um sujeito chamado Jeca esteja na bolha das superstições e acredite que gato preto dá azar. Nessa bolha estão milhares de pessoas. Jeca jamais vai pensar que está errado e conta com o apoio desses milhares. Caso ele comece a analisar os argumentos dos que não acreditam nisso – estão fora de sua bolha – poderá ter acesso ao contraditório e, se for esperto o suficiente, poderá comparar tais argumentos externos com os seus, advindos da bolha a que pertence. 

Quando toma essa atitude, imediatamente surge um portal na bolha. Através dele poderá ter acesso às outras bolhas. Caso faça isso com lógica e isenção, chegará a uma de duas conclusões. Pode racionalmente confirmar suas teorias e assim convencer a muitos que gato preto dá azar. Ou o contrário. Ao invés de convencer os externos, ele é  que se convence que estava errado. Nesse momento, pelo portal estabelecido, consegue escapar da bolha do gato preto.

LV