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20 de ago. de 2015

Quem derrama Bênçãos?

Quem derrama bênçãos?

L Valentin

01/08/2015

BASTET
A deusa BASTET – corpo de mulher e cabeça de gato – foi adorada e venerada por milhões de pessoas, por cerca de três mil anos no antigo Egito. 
 
O deus elefante LORD  GANESH, tendo seu culto mais de 5 mil anos – 50 séculos - é o segundo deus mais popular na Índia de hoje, sendo cultuado de forma radical por milhões de hinduístas.  

GANESH
E assim existem divindades cultuadas em diversas religiões. Os antigos gregos e romanos cultuavam um deus supremo Zeus (Júpiter para os romanos) e um séquito de deuses menores, cada um encarregado (padroeiro) de uma atividade; os cristãos acreditam em Jesus e num séquito de personagens montados em seu redor, chamados “santos”, numa crença que já passa dos 2 mil anos. Se você acredita em um desses deuses, julga os outros falsos.
Por outro lado, pessoas que dizem ter “recebido revelação divina”, considerados “santos” pelos que os seguem, têm a vida pessoal e privada repleta de erros e arbitrariedades e geralmente enriquecem às custas dos fiéis. Se você segue um destes “profetas”, julga os outros falsos.

Se realmente os outros são falsos, qual é a única explicação racional para o fato de existirem milhões de pessoas que acreditam neles através dos séculos?

Para responder essa pergunta, inicialmente necessitamos conhecer alguma teoria sobre falácias lógicas. Uma muito comum é aquela que se chama post hoc, e se resume a, quando um acontecimento precede outro a tendência é concluir que o primeiro é a causa do segundo.

Por exemplo: Durante séculos a malária foi uma doença inexplicável. Os observadores notaram que muitas pessoas que saiam à noite, contraiam a moléstia. Dessa forma, chegaram à conclusão que o ar da noite era o causador da malária e tomaram todas as precauções para que o ar noturno não penetrasse nas habitações. Daí o nome (mal + aire = mau ar). Quando se descobriu a verdadeira causa, viu-se que a noite só entrava na história porque o mosquito atacava no escuro.

A expressão latina para tal falácia é "post hoc, ergo propter hoc" o que significa "depois disto, portanto devido a isto". Das 20 ilusões de lógica esta é a mais comum e a causadora de infinitos conflitos, superstições grosseiras e mal-entendidos longos e inúteis.

Os humanos detestam a incerteza e a dúvida. Qualquer explicação, mesmo incorreta, é melhor que nenhuma. Assim as superstições derivam, quase todas, de um raciocínio post hoc. Você está andando na rua e de repente avista um gato preto. Mais tarde, no mesmo dia, descobre que perdeu a carteira. Pronto! A causa dessa perda foi ter cruzado com um pobre gato preto. Daí vem a conclusão tola de que gato preto dá azar.
Analisando o fato, porque a carteira foi perdida? Na grande maioria das vezes, por culpa do próprio dono. Distração, bolso furado, colocação em local inapropriado, acontecimento não programado (um escorregão, batedor de carteiras, queda na calçada), etc. Várias serão as causas, porém, provavelmente, nunca o gato preto. Mas, infelizmente, grande parte das pessoas, por simples ignorância, vai culpar o coitado do bichano. É mais simples, não precisa pensar muito e instantâneo: num estalar de dedos se tem a resposta que “esclarece” o evento.

LORD HANUMAM -O deus macaco dos hinduístas
Outro exemplo formidável é a astrologia, que foi criada quase que juntamente com a religião, sendo inteiramente baseada em raciocínio post hoc. Os astros se movem de tal maneira, portanto acontece isso e aquilo. Totalmente ilógico. Também o aparecimento de cometas era, dependendo da região, prenúncio de sorte ou de azar.

As empresas de marketing se aproveitam desse raciocínio para anunciar seus produtos. Fume tal cigarro e você encontrará aventura. Beba tal bebida e conquiste a pessoa amada. Use tal creme dental e tenha dentes iguais aos do modelo visto na TV. E assim por diante. O grande prejuízo para a humanidade é que, mesmo depois de provada a falsidade de um raciocínio post hoc, a grande maioria da população continua a crer e divulgá-lo. É o caso da astrologia e das incontáveis superstições que toda cultura possui.

A lógica post hoc engana, principalmente em três situações:

•    Depois de um acontecimento, acontece outro. Parece que o primeiro é causa do segundo, mas, na realidade não é. É o caso do gato preto, dos cometas, etc.
•    Pode ser que o primeiro acontecimento realmente afete o segundo, mas de maneira secundária e irrelevante. É o caso da inflação no Brasil, quando um ministro da fazenda veio a público dizer que a inflação tinha aumentado devido ao aumento no preço do chuchu. É claro, que se há aumento no preço, isso pode causar inflação. Mas, culpar o chuchu pela inflação global de um país é demais!
•    Pode ser que os acontecimentos se efetivem paralelamente, sem que se saiba ao certo qual é o efeito ou o fator que os esteja provocando. Pode haver um terceiro fator, provocando os dois primeiros. Por exemplo, a queda da bolsa em Nova York e um aumento do dólar no Brasil, no mesmo dia. Os dois acontecimentos são paralelos e pode ser que o primeiro seja a causa do segundo ou ambos sejam provocados por um aumento da inflação ou que não estejam relacionados. Pode acontecer que a bolsa caiu em Nova York, devido a falência de uma grande indústria e o preço do dólar subiu no Brasil, devido a um ato de um ministro que assustou o mercado. Nesse caso, somente um estudo profundo por um economista capacitado é que poderá esclarecer o papel de cada causa no evento. 

O que acontece para que alguém descubra imediatamente uma causa (ou causas) para um evento é simplesmente a comodidade. Todos têm uma opinião na ponta da língua para explicar o evento  - o famoso “achismo” - e ninguém está disposto e/ou tem condições técnicas para estudar e procurar descobrir cientificamente a verdadeira causa que detonou um determinado evento.


O “achismo”  - a opinião sem base emitida que sempre começa com “eu acho que” - é terrivelmente destruidor. É ele que inviabiliza totalmente a escolha de algo por meio de votação. Votar sem estudar o assunto sobre o qual se vota, ou seja, se emite uma opinião, é a principal falácia dos regimes ditos “democráticos”, que, pela escolha guiada pelo achismo inconsequente coloca invariavelmente uma ralé corrupta no poder.

Deuses da Mitologia Greco-romana
O que se deve sempre ter em mente é que os acontecimentos são causados por múltiplas razões, formando uma cadeia. Um fato paralelo pode fornecer um indício. Mas para cada indício correto existem dezenas de indícios falsos. E concluir sobre indícios falsos é inferir. Os motivos exponenciais para que alguém faça inferições são:

a)    falta geral de conhecimentos corretos, principalmente sobre o funcionamento de seu corpo e, especialmente do seu cérebro
b)    falta de raciocínio lógico. O raciocínio somente é produtivo se for feito partindo-se de princípios e conhecimentos verdadeiros. O raciocínio é ferramenta para lidar com a informação. Se for falsa, as conclusões do raciocínio o serão também.
c)    Fé. A fé conduz o ser humano a conclusões SEM PROVAS, à limitação da descoberta do conhecimento verdadeiro e ao fraco desenvolvimento do raciocínio. Quando se tem fé, se tem uma crença e para isso se abdica de raciocinar com lógica e de concluir.

Aqui chegamos à nossa questão inicial. Por que existem pessoas felizes ao redor do globo, professando diversas religiões, como o islamismo, o hinduísmo, o budismo, o taoísmo, e até mesmo sem religião alguma?  Quem favorece aos que clamam? Bastet realmente atendia as necessidades de seus fieis? Será que os milhões de egípcios, através de séculos cultuaram uma deusa falsa? Ou eles achavam que ela era realmente uma deusa porque, amiúde, suas súplicas eram realizadas?  Por que nenhuma entidade atende aos clamores de pessoas que estão em avião que vai se esborrachar no chão, matando todos? Por que nenhuma entidade atende - jamais, em tempo algum, atendeu -  aos pedidos de alguém que teve o braço amputado para que no lugar cresça um novo membro, como as lagartixas, entre outros animais, que formam um novo rabo quando tem o antigo amputado? Por que a humanidade continua inferindo às cegas?

Tomemos o exemplo de Lord Ganesh, o simpático deus elefante do hinduísmo. Recentemente, foi divulgado em todo o mundo que, nos altares em honra a esse deus, a estátua de Ganesh estava bebendo leite, fornecido às colheradas pelos fiéis.

Ganesh é extremamente popular e quase todo hinduísta possui um pequeno altar dentro de casa com uma estátua dele. São centenas de milhões de pessoas que acreditam nele, hoje, em pleno século XXI. O reverenciam e trazem flores e alimentos que depositam nos altares. E oram. E as orações são recebidas e os pedidos “realizados”.

Ganesh em procissão
Assim, Banerjee Pandra orou para sair do aluguel e, em três meses,  conseguiu um empréstimo para comprar uma casa. Salma Gandraschi orou a Ganesh durante um ano, fazendo jejuns e ofertas e, por final, seu filho que estava desempregado há muito tempo, conseguiu um bom emprego. Raavi Siruadathi teve sua filha de 6 anos picada por uma serpente naja e orou durante quatro dias a Ganesh, mas sua filha morreu no quinto dia.  Jeerna Sathmaran,  ora há mais de uma década para Ganesh, para que traga de volta seu marido, que se separou dela, mas até agora não foi atendida.

Pandra e Gandraschi INFEREM que conseguiram o que pediram graças à intercessão de Ganesh. Estão satisfeitos e adorando esse deus cada vez com mais amor. Já Raavi, também continua adorando Ganesh com a mesma intensidade. Se sua filha morreu, ele INFERE que foi por vontade superior à dele e à de Ganesh. Ou talvez, sua oração não tenha trazido com ela a sinceridade que deveria e Ganesh resolveu puni-lo por sua falta de fé. Assim INFERE que a culpa é dele mesmo e não do deus. Sathmaran apenas crê e aguarda uma graça, enquanto cumpre os rituais. Espera ser atendida, algum dia.  Os deuses funcionam assim e os humanos não podem perder as virtudes da fé e da esperança.

Pense bem nesses exemplos e pense que são idênticos ao que acontece no mundo com qualquer outro deus.  Mas se Ganesh é deus verdadeiro e atende aos pedidos feitos por seus fieis e os outros? Então, Ganesh é verdadeiro ou falso? Se existem adoradores de outros deuses é por que oram e TAMBÉM SÃO – OU NÃO - ATENDIDOS, como no exemplo acima.

O que não se percebe é que, durante nossa vida, todos os dias, acontecem fatos bons e ruins. No mínimo dois de cada, independentemente do deus a quem se ora. A atribuição da causa desses eventos é de nossa inteira responsabilidade, ou seja, depende de cada um interpretar o que aconteceu e tirar conclusões, quer por um caminho lógico, sensato e baseado em conhecimentos verdadeiros, quer INFERINDO (achismo).

ZEUS
Note-se que se uma pessoa atribui TODOS os eventos à ação da mão de deus – do deus que ela acredita ser verdadeiro -  essa inferição leva à conclusão de que esse deus também é o responsável pelos acontecimentos que afetam outras pessoas que oram a outros deuses e até mesmo aos ateus que não oram para nenhum deus. Ou seja, fica desconsiderada a hipótese desse deus se zangar ou não atender aqueles que não acreditam nele.  Se alguém acredita em Jesus, então justifica dessa forma os pedidos atendidos aos que crêem e cultuam, digamos,  Ganesh e aos que não tem qualquer tipo de fé. E a recíproca é verdadeira.

Porém tal raciocínio que parece muito fácil, simples e bom aos fiéis de algum deus, principalmente quando se analisam as coisas boas que acontecem aos ateus, somente leva a uma conclusão lógica: Não é preciso cultuar nenhum deus. Todos serão atendidos, independente de culto. 

Existe sempre uma explicação - geralmente sem lógica e sem fundamento - com que o fiel aplaca a dúvida diante de tais conclusões: “O ateu foi agraciado porque sua mãe, que é muito religiosa, orou por ele”.  Tal raciocínio possui dois predicados para o sucesso de sua aceitação: é simplório (não exige muito processamento cerebral e esperteza para ser entendido) e emotivo (as emoções são devastadoramente bem recebidas e guardadas pelos humanos). Ninguém se dá ao trabalho de pensar nele e verificar que atenta aos princípios elementares de justiça (dar a cada um o que cada um merece) e o da responsabilidade pessoal pelos atos praticados. Isso significa que ter uma mãe santa não pode ser argumento para livrar um criminoso de sua pena.

Além disso, se apoia no mais estúpido preceito, criado especialmente para se ter uma justificativa nessas ocasiões, qual seja “o tesouro de méritos” e também em sua contra partida, o “pecado original”. O tesouro de méritos - criação da igreja católica para justificar a venda de indulgências - ensina que uma pessoa que tenha méritos de sobra, poderá ter o excesso de méritos canalizado por deus para honrar outra pessoa. Ou seja: o exemplo da mãe que ora para um ateu ou bandido. A enganadora ICAR somente não quantificou a quantidade de méritos que a pessoa deve ter e qual seria o seu excesso. Mas isso é problema para quem raciocina. E la nave vá.

  
Já o outro lado da moeda, nos diz que os erros cometidos por alguém, se forem muitos e graves, deverão se expiados também por seus descendentes.  Ou seja, quando se acha tal preceito muito idiota, pueril e sem fundamento lógico, se coloca todo o hinduísmo, islamismo e cristianismo em xeque. Pois todos esses aterrorizam e mantém seus fieis no cabresto por conta de tal ensinamento.

  
Quando não se dá crédito à tola história do pecado original no cristianismo, a existência de  Jesus perde sua razão, já que, segundo a fábula,  ele veio à terra para “salvar” todos os que herdaram a culpa do pecado original de Adão e Eva e por tal motivo cometeram ainda outros pecados que foram apagados pelo sacrifício do pseudo filho de deus.
Deuses Indianos: Lakshmi, Saraswati e Ganesh
Aliás, com essa historia primal, chega-se à conclusão lógica que o deus supremo jamais atendeu aos pedidos de suas criaturas para que lhes perdoasse esse pecado herdado. E mais: somente atenderia tal pedido se houvesse derramamento de sangue, ou seja, se fosse feito um sacrifício humano.

Apesar de terem existido várias civilizações antigas que realizavam sacrifícios humanos, como os sumérios, babilônios, assírios, astecas, maias e olmecas, o deus supremo jamais aceitou esse sangue para atender tal pedido e, num ato irracional de loucura, como um Nero celeste, resolveu que quem deveria morrer, para que o tal “monstruoso pecado” fosse apagado, seria um seu parente: seu “filho”. 

Com tal enredo desequilibrado, os fieis obnubilados, esquecem que, por mais que pedissem através dos séculos, esse pedido não foi atendido, a não ser quando o deus supremo achou que era hora de enviar seu filho ao sacrifício.
A história dessa masturbação mental do deus supremo, mestre em complicar tudo,  maquinando mil e uma estratégias para dar o perdão a uma falta medíocre, quando poderia, simplesmente querendo, apagar toda culpa do gênero humano, satisfaz os crédulos sem o hábito de pensar,  que se contentam sem questionamentos com aquilo que vida lhes apresenta diuturnamente. E incessantemente utilizam a explicação que agrada e satisfaz à esmagadora parcela de descerebrados: “Foi a  mão de deus”; “graças a deus”, “foi um milagre de deus”. Com isso, não se precisa de mais nada, de nenhuma análise da coerência das histórias, de nenhuma busca de lógica nas decisões de um ser supremo nem de nenhuma explicação adicional. E o rebanho continua a pastar obnóxio e placidamente.

Quando dizemos que todos serão atendidos, significa que os fieis irão inferir que as coisas boas que lhes aconteceram foram “pedidos atendidos pela divindade” e os que não creem vão considerar tais eventos  como parte de um ciclo natural da vida no planeta.

Com razão os últimos, pois a existência do cosmos e da vida na terra obedecem a ciclos repetitivos e monótonos, quando cada um de seus processos ao chegar a seu final volta ao inicio, repetindo sempre os mesmíssimos passos.

"Concílio dos deuses" - Rafael
Veja ainda que o bom e o mau são subjetivos.  O bem do churrasqueiro é o mal do boi.  A moral da história é sempre contada pela visão de uma só parte. Ou seja, aquele que escapa de um desastre de avião diz que foi a “mão de deus” que o salvou. Já os que morreram, não mais podem falar para declararem que foi “a mão de deus” que os destruiu. Assim somente se ouve a voz dos beneficiados declarando o que inferiram, acentuando a parte positiva da história.

Portanto, através dos séculos, os humanos  adoram um enorme panteão com diversos deuses, porque inferem que tais deuses atendem seus pedidos. Inferem ainda que os pedidos não atendidos ou eventos prejudiciais que acontecem estão fora do controle dos deuses, sendo causados por falhas próprias, ou seja, falhas de quem pede. E creem nisso com inquebrantável ardor. Inferem, acham, têm opinião pessoal, acreditam, têm fé.....

Nesse ponto, somente falta um passo para que o fiel concretize seu achismo como fato inabalável: ter provado seu ponto de vista, ou seja, confirmar que seu achismo é realmente verdade. E como faz isso? Estudando, pesquisando, conhecendo as outras religiões para descobrir onde falham e com isso confirmar que a sua é a verdadeira?  Não, cara pálida. Ele simplesmente vai encontrar a “prova” no “testemunho” de outra pessoa.


Krishna

Por incrível que pareça o achismo de outra pessoa serve como  a prova que confirma o achismo de alguém,  sem mais nem menos, basta que haja o famigerado “testemunho”.  Porém tal processo requer  um pormenor para funcionar:  precisa  haver um rebanho de fieis atentos para escutar tal testemunho. A catarse coletiva provocada pela aglomeração de uma grande quantidade de pessoas, todas devidamente dirigidas a focar seu pensamento em um só assunto, é a mola mestra que dispara a confiança cega e irracional nos “testemunhos”.

Não é  por acaso que a ICAR destaca suas três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Não é por acaso que todos - mas todos mesmos, sem qualquer exceção - sacerdotes de qualquer religião batalham  para reforçar a fé dos incautos, a primeira e principal virtude que sustenta as crenças.  E as ovelhas desse rebanho cego são chamadas de “fieis” por serem leais e praticarem tais virtudes, principalmente a fé e esperança. Fé significa acreditar nos testemunhos, “milagres” e, principalmente na ação direta de deus quando acontece algo de bom na vida, bem como abandonar completamente o raciocínio, o estudo e a busca à verdade. A esperança é o aditivo a minimizar as falhas da fé. Quando se aguarda que aconteça algo de bom e isso está demorando, é preciso esperar. Mas não uma espera estática. É necessário reforçar a fé para que a espera se transforme em graça a ser alcançada. A esperança é a cadeira para que o fiel possa esperar sentado. E a caridade é uma doença que destrói a justiça. É a caridade que perdoa o criminoso, que estima o inimigo, que cega os fieis aos deslizes, mentiras e crimes dos pastores

“- Não estou prometendo que logo no dia seguinte, após você fazer esse voto de fé em nossa igreja, você vai alcançar alguma vitória ou bênção. Isso demora, fica a critério de Deus, que lhe favorecerá  assim que se sentir honrado por você”  - Apóstolo Valdemiro Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus

“- O que é importante é sua fé e perseverança. A bênção que você pediu não aconteceu? Não desanime. Pelo contrário, peça mais, se empenhe mais na Igreja, honre a Deus com mais amor, que a vitória certamente lhe será dada. Veja que Deus prometeu a vinda do Salvador 4 mil anos antes dela acontecer. A humanidade esperou todo esse tempo para alcançar essa graça. Então, se seu pedido não foi atendido, não esmoreça, que seu dia chegará.” - Pastor Gentil Oliveira - Igreja Assembleia de Deus Ministério Bethel - Programa “Falando ao Coração” - Rede Brasil TV

“- Pois, maldito seja o enganador. O sujeito que é enganador, que tenta enganar a Deus, ele é maldito (...) Maldito seja o enganador que tendo um macho em seu rebanho promete e oferece ao Senhor um defeituoso. Quer dizer: quantas são as pessoas que estão tentando enganar a deus, iludir as outras pessoas, iludir até o pastor. Entrega uma oferta lá na igreja, mas aquela oferta na realidade é um engano, é uma ilusão, é um defeituoso, é um cego, é uma oferta doente, é uma oferta enferma, é uma oferta cancerígena, é uma oferta com AIDS, digamos assim. Deus não aceita o que não presta, Deus não aceita o que resta, Deus não é porco para receber ou aceitar  aquilo que está sobrando; não, Deus não aceita esse tipo de oferta. Então, aqueles que procedem dessa forma têm sido amaldiçoados. Por que? Porque a oferta que eles têm apresentado tem sido oferta defeituosa, tem sido oferta imunda, tem sido oferta imprestável, tem sido oferta doente. E Deus diz aqui: Maldito seja o enganador. (...) Agora, se nós fizermos o bom, nós não estaremos fazendo o melhor. E deus não se agrada disso. O bom é inimigo do melhor. Então se nós queremos o melhor de deus nós temos que apresentar o melhor, se nós queremos  exigir muito de deus, nós temos que dar muito para deus, se nós queremos tudo de deus, nós temos que dar tudo para deus (...) É por isso que aquelas pessoas que fazem, que têm feito desafios, aquelas pessoas que fazem  ou tudo ou nada, se deus é verdadeiro então vamos ver, elas fazem desafios com deus e deus tem abençoado, deus tem feito milagres extraordinários na vida delas. (...)  Portanto minha amiga, meu amigo, tome muito cuidado com a oferta que você apresenta a deus, porque aquela oferta, aquela oferta que você está apresentado a deus, vai trazer bênção ou maldição para sua vida, Depende de como ela é: se for uma oferta perfeita ela vai trazer bênção, mas se ela não for perfeita, ela só vai trazer maldição (...) Eles queriam dar suas ofertas e o fizeram acima de suas posses. Quer dizer, fizeram o maior sacrifício. E é isso, meu amigo ouvinte, que agrada a deus. É isso que agrada a deus. (...) Deus pesa a nossa oferta. Qualquer que seja a nossa oferta ela é pesada por Deus. (...) E deus verifica se aquela oferta honra o seu nome, ou não. Se aquela oferta é a melhor, ou não. Ah, Deus, minha amiga, meu amigo ouvinte, quer abençoar você, acredite nisso, ele quer derramar as mais maravilhosas ricas bênçãos sobre a sua vida, ele quer fazer, abrir as janelas do céu e derramar sobre você bênçãos sem medida, mas ele não pode fazê-lo enquanto você não oferecer a ele o melhor. Esse é o segredo para alcançar as bênçãos de deus. O desejo de deus é enriquecer você. Está aqui escrito... Bispo Edir Macedo - Igreja Universal do Reino de Deus

Enquanto isso a roda da fortuna, fortuna imperatrix mundi, gira eternamente, e de algum modo, alguma migalha, a sorte e o acaso deixarão cair sobre a cabeça de todos. Nessa hora o agraciado dará seu “testemunho”: “graças  a deus”, “obra divina”, “milagre”. Por outro lado, aquele que passar pela vida sem sorte e morrer sem ver a graça, não mais  terá voz para reclamar que trilhou  toda a existência, esperando sem sucesso. Morto não dá “testemunho”.

Pronto. Agora temos a cena armada. Os fieis estão aí, ignorantes, desconhecendo o elementar do elementar, sem leitura, sem cultura, mas arrebanhados por espertos que os pastoreiam. Eles os apascentam, não com relva, mas com testemunhos para reforçar a fé. Quanto mais fé  menos pensamento, menos indagação e mais passividade, obediência e entrega. E mais certeza no que o seu achismo o levou a concluir. E nada existe de mais  destrutivo e pernicioso que a certeza do ignorante!

Ao inferirem - praticando o achismo - as pessoas não só adoram deuses: os criam!  Ou seja, a criação de um deus é o próximo passo natural para atribuir a alguém  “bênçãos” recebidas. E lógico, a contrapartida é criar um “deus do mal” para arcar com a culpa das desgraças que acontecem.  Os espertos logo descobrem, dando o passo final no processo, que basta ajuntar todos os que têm a mesma opinião, ACHANDO que um certo deus é o verdadeiro e o responsável por tudo de bom que acontece, para obter um rebanho que sempre incentivado e exposto a doutrinações e técnicas emocionais, permitirá  ser conduzido docilmente e, principalmente, ser extorquido com uma placidez incomparável.

Fica a cargo do leitor descobrir, inferindo ou concluindo racionalmente, o que é falso e verdadeiro nessa tragédia.

E, last but not least, as estátuas bebedoras de leite de Ganesh foram desmascaradas e se provou que era uma fraude. Graças a deus!
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