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21 de abr. de 2013

Bridey Murphy

10/06/1995

Bridey Murphy
 
O caso de Bridey Murphy ficou famoso nos anais das investigações de fenômenos extra-naturais, devido ao impacto na opinião pública, durante cerca de doze meses, causado pela intensa exposição na mídia e o interesse despertado mundialmente por tal assunto; pela deflagração em nível abrangente de um novo filão a ser explorado pelos que acreditam em espíritos e no sobrenatural, e pela facilidade com que se comprovou, após uma pesquisa simplória, da grande fraude ocorrida .

Em 1952, na cidade de Pueblo, no Colorado, Estados Unidos, uma senhora cujo pseudônimo é Ruth Simmons foi submetida a sessões de hipnose por Morey Bernstein, um negociante que fazia hipnose por passatempo. Ele empregou nela uma técnica chamada de regressão e, sugestionou a paciente para que fosse voltando no tempo, inclusive numa época antes de seu nascimento. Foi nesse ponto que apareceu Bridget (Bridey) Murphy.

Para sua surpresa, a Sra. Simmons, completamente em transe, narrou que era Bridey Murphy, que havia vivido em outra época, na Irlanda, e contou toda a sua vida, inclusive detalhes de seu funeral.
Bernstein, que não era bobo, gravou as sessões e delas escreveu um livro e gravou discos. O sucesso de vendas foi impressionante. Foram vendidos quase 200.000 livros em apenas dois meses – foram 10 edições - e mais de 30.000 discos.
A editora ficou espantada, pois quem estava comprando tais “preciosidades” eram pessoas que geralmente não compram livros, mas estavam interessadas na vida após a morte e em ouvir a voz de alguém que tinha morrido no século passado.
Bernstein era um cético e nunca tinha escrito nada. Seu livro “The Search for Bridey Murphy” relata a vida de dessa suposta irlandesa.

Bridey nasceu em 1798, morava numa casa branca, de madeira, em Cork, sendo filha de um advogado chamado Duncan Murphy e de sua esposa Kathleen. Casou-se aos 17 anos com outro advogado, Sean Brian MacCarthy e foram morar em Belfast, onde Sean lecionava direito.
A senhora Simmons, no papel de Bridey, descreve a sua morte, em conseqüência de uma queda, o seu túmulo e um local para onde foi depois de morrer. Com vagas informações sobre esse período, informa ainda que nasceu de novo em 1923, nos Estados Unidos.

Ninguém colocou em dúvida a palavra da senhora Simmons, apesar de ter se mantido no mais rigoroso anonimato. De qualquer modo, a vendagem dessas publicações detonou dois eventos: o primeiro foi o surgimento da onda de “regressões” executadas não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, logo abraçadas pelos espíritas como mais uma “comprovação” da vida após a morte; o segundo foi o surgimento de um verdadeiro batalhão de repórteres de publicações menos sérias, que vasculharam a vida de Bridey Murphy, inclusive com pesquisas minuciosas na Irlanda.

Eis o que foi apurado:
- Bridey diz que nasceu em Cork, em 20 de dezembro de 1898.
Fato: Não se encontram registros nos arquivos das igrejas, nem nas estatísticas demográficas do nascimento de nenhuma Bridget Murphy.
- Bridey diz que morreu em Belfast num domingo em 1864
Fato: Além de não se encontrarem qualquer registro desse evento, os jornais de Belfast não publicaram qualquer notícia do falecimento de uma Sra. Bridget MacCarthy, em TODO o ano de 1864.
- A sua família era de Cork
Fato: Nenhum anuário de Cork registra a existência de sua família. E, tais anuários estão completos desde 1820.
- Bridey diz que morava numa casa branca de madeira, chamada “The Meadows”
Fato: A madeira é muito escassa e cara na Irlanda. Em Cork, a imensa maioria das casas é de pedra e tijolos. Não há registro nos arquivos públicos de uma casa chamada “The Meadows”
- Bridey diz que se casou com um advogado chamado Sean Brian MacCarthy.
Fato: Brian é o nome, segundo Bernstein, do marido da Senhora Simmons. Bridey pronuncia SEAN, como “si-an”, explicando que na Irlanda existe essa pronúncia e outra que soa como “chó-ne”. Na verdade, esse nome na Irlanda, É SEMPRE pronunciado como “chó-ne”
- Bridey descreve uma excursão que fez a Antrim
Fato: a descrição de Antrim está correta
- Bridey diz que depois do casamento viajou para Belfast, passando por Bayling’s Cross e parando em Doby para comer bolos de batata
Fato: Um repórter encontrou indícios da existência de lugares chamados Doby e Bailles Cross no condado de Cavan
- Bridey diz que o marido escrevia artigos para um jornal chamado News–Letter de Belfast.
Fato: Existiu, em Belfast realmente um jornal com esse nome, porém em pesquisa em suas edições antigas não foram encontrados artigos de Sean.
- Bridey diz que freqüentava uma Igreja de Santa Teresa.
Fato: Há uma igreja de Santa Teresa, mas foi construída em 1911, ou seja, quase 50 anos após sua morte.
- Era freguesa de um dono de mercearia chamado Farr
Fato: Houve realmente um merceeiro chamado Farr.
- Ao citar empresas de Belfast, Bridey disse que havia uma companhia de cordas e uma casa que vendia fumo.
Fato: Havia a famosa Companhia de Cordas de Belfast, que só foi registrada em 1876 – 12 anos após sua morte – e a fábrica de fumos de Murray & Sons, fundada em 1805.

A revista LIFE tentando colocar um pouco de verdade científica sobre Bridey, entrevistou o Dr. Jerome Schneck, ex-presidente da Sociedade de Hipnose Clínica e Experimental de Nova York e o Dr. Lewis Wolberg, diretor médico do Centro de Extensão Universitária de Psicoterapia de Nova York. Suas declarações se resumem ao seguinte:
“Algumas pessoas são anormalmente sugestionáveis e, quando sob efeito de hipnose profunda, aceitam, como ordem, qualquer insinuação, por mais leve que seja. Se for dito ao paciente que ele é poeta, começara a rimar com uma precisão espantosa. É comum, por sugestão hipnótica, adultos falarem – corretamente - línguas que, conscientemente desconhecem e não entendem. Ao se pesquisar a vida dessa pessoa, descobre-se que em alguma vez na sua vida entrou em contato com tal língua, mesmo que de forma breve e sem importância. Essa fantástica habilidade da pessoa hipnotizada é explicada pelo acesso a que passa ter a toda sua memória inconsciente, utilizando todos os recursos do cérebro para cumprir a ordem.
Porém, nesses casos a ordem tem um peso tal que, o paciente chega a inventar situações fantasiosas para cumpri-la. Existe o caso de regressão em que o hipnotizador amador se divertia em fazer as pessoas regredirem a vidas anteriores. Ao dar a ordem se distraiu e trocou uma palavra. Em vez de dizer “quero que você recue no tempo para outro lugar” disse “quero que você recue no tempo para outro MUNDO”. O paciente então respondeu dizendo ser um alienígena, chamado C e viver na lua, tendo como automóvel um disco voador.”
Ficou comprovado que Bernstein insistiu e deixou inteiramente bem definido o que queria da Sra. Simmons. Somente quando sugeriu que havia em sua memória “cenas de terras distantes” e que deveria responder a suas perguntas sobre elas é que apareceu Bridey Murphy.
Investigação posterior sobre a Sra. Simmons, descobriu que ela tinha sido criada por um tio norueguês e sua esposa era de ascendência alemã. E que seus pais tinham sangue irlandês. Não existe a menor dúvida que os relatos da Sra. Simmons são produtos de conversa que ela ouviu na infância e guardou em seu subconsciente.

Mas, foram poucos que leram LIFE. A grande maioria, se satisfez com o relato do livro de Bernstein e, com fé, sem investigar e sem comprovar nada, passaram a divulgar mais uma “prova insofismável de vidas passadas e reencarnação”.

Ah! Ia me esquecendo: Bernstein ficou rico.......
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L Valentin
 

20 de abr. de 2013

O Dilúvio

04/05/2006
O Dilúvio

O relato do dilúvio babilônico é um poema inserido na epopéia do herói Gilgamesh. Essa narrativa está contida na plaqueta conhecida como “Plaqueta do Dilúvio”.
Gilgamesh foi um rei que se lançou numa aventura para encontrar os segredos da imortalidade. No caminho encontra Ziusudra, o sobrevivente do grande dilúvio provocado pelos deuses. Este, então conta como foi avisado por Enki, construiu um barco e salvou toda a sua família e amigos, bem como artesãos, animais e metais preciosos.

Existem diversas grafias para os nomes próprios. Assim Umnapishtim, Utunapishtim ou Utnapishtim é a forma babilônica do sumério Ziusudra, que em grego é Xisuthros. Ea em babilônico é Enki em sumério. Ziusudra era rei de Shuruppak. Eis um resumo da narrativa:

A humanidade se tornou rebelde, não aceitando e desobedecendo aos deuses. Os homens caíram na anarquia e na revolta. Os deuses, liderados por Enlil, lamentando terem criado a humanidade, tomam a resolução de exterminá-la; todos estão de acordo; somente um deles, Ea, revela o projeto a seu servidor, Umnapishtim. Aconselha-o a fabricar um barco nas medidas que lhe indica e, depois, subir nele com os seus, levando também os animais; escapará assim à inundação sob a qual os deuses submergirão o mundo. Assim se fez; Umnapishtim, o privilegiado, subiu na embarcação.

Tudo quanto eu tinha, disse ele, embarquei nele, toda semente de vida fiz subir ao barco; toda minha família e minha parentela, o gado do campo, os animais do campo, os artesãos, a todos fiz subir. Shamash havia fixado o momento: "O senhor das trevas à tarde fará chover uma chuva de impurezas. Entra no interior da embarcação e fecha tua porta." (A. Heidel, The Gilgamesh Epic, Chicago, 1946)

O dilúvio chegou, tal como estava predito, tão violento que os deuses, mesmo Ishtar, apesar de haverem permitido o acontecimento, se arrependeram:

A tormenta do sul soprou durante um dia, enquanto ganhava força, à medida que bufava ocultando as montanhas e envolvendo as pessoas como em uma batalha. Não se enxerga nada. Não se pode reconhecer as pessoas. Os deuses se amedrontaram com o dilúvio e fugindo, subiram ao céu de Anu.

Os deuses se amontoaram contra o muro exterior como cães encurralados. Ishtar gritou como uma mulher no parto. A deusa de voz mais doce dentre os deuses, geme: “Os dias antigos se transformaram em lama, porque a maldade falou na assembléia dos deuses. Como pode a maldade ter voz na Assembléia dos deuses, ordenando uma guerra para destruir meu povo, o qual eu mesma dei a luz, semelhante a desova dos peixes, cujos filhos enchem o mar?” Os deuses Anunnaki choram com ela. Os deuses, sentados humildemente, com os lábios apertados, choram. 

O vento do dilúvio sopra por seis dias e seis noites, enquanto a tormenta do sul varre a terra. No sétimo dia, a tormenta do sul, transportadora do dilúvio, diminuiu sua força. O mar se acalmou, a tempestade acabou e parou o dilúvio. Contemplei o tempo: a calma havia se restabelecido e toda a humanidade tinha voltado a ser barro. (...) Soltei uma pomba. A pomba voou, mas voltou, pois não havia local para pousar. Então soltei uma andorinha. A andorinha voou, mas voltou, pois não havia local para pousar. Depois soltei um corvo. O corvo foi embora e, percebendo que as águas haviam baixado, se alimenta, plana no ar, grasna e não volta. Então soltei todos da arca, que se espalharam aos quatro ventos e ofereci um sacrifício. ( ... ) Os deuses se apinharam como moscas em volta de minhas oferendas. Quando, enfim, a suprema deusa chegou, levantou as grandes jóias que Anu lhe dera: “Deuses! Tão certo como estas jóias estão em meu colo, não esquecerei. Recordarei estes dias, sem jamais esquecê-los. Que os deuses se aproximem das oferendas, menos Enlil, porque, sem motivo, provocou o dilúvio e condenou meu povo à destruição.” (A. Heidel, The Gilgamesh Epic, Chicago, 1946)

Após isso, chega Enlil, que enfurecido por descobrir que alguns humanos haviam escapado da destruição tenta terminar sua obra, no que é impedido por Ishtar, que lhe censura violentamente. Ishtar é mais poderosa e Enlil, para não ficar desmoralizado, toma Ziusudra e sua mulher, leva-os ao topo do barco e os sagra deuses, ordenando que habitem a foz dos rios.


Essa é a narrativa mais antiga – DOCUMENTADA – da ocorrência do dilúvio. Todas as outras histórias sobre o dilúvio derivam dessa, inclusive a de Noé. Quase todas as culturas da terra possuem um mito sobre um antigo dilúvio. Os detalhes variam, porém o foco principal é sempre o mesmo: todos morreram, menos alguns poucos felizardos.

A história de Noé é a mais conhecida. Os antigos gregos e romanos cresciam ouvindo a história de Deucalião e Pyhrra, que salvaram seus filhos e animais embarcando num barco em forma de uma caixa gigantesca. As lendas dos irlandeses falam da Rainha Cesair e sua corte, que navegaram por sete anos para fugir das inundações que assolaram a Irlanda. Os exploradores europeus ficaram surpresos com as lendas dos índios americanos que eram semelhantes à história de Noé.

O mito, porém, acaba vencido pela ciência. Os geólogos da Universidade de Columbia William Ryan e Walter Pitman, acreditam que podem explicar a persistência em todas as civilizações da lenda do dilúvio. Sua teoria é que no final da Idade do Gelo, com os glaciares derretendo, o nível do mar subiu. Devido a isso uma muralha de água começou a pressionar o local onde hoje se situa o estreito de Bósforo, que não existia naquela época.

Ryan e Pitman afirmam que na Idade do Gelo, o Mar Negro era um lago de água doce, rodeado de terras agricultáveis. Há cerca de 12 mil anos, ao finalizar-se a Idade do Gelo, a Terra começou a esquentar. As vastas planícies de gelo que cobriam quase todo o hemisfério Norte começaram a derreter. Como conseqüência disso, os mares e oceanos, começaram a subir. Três mil anos depois, o mar Mediterrâneo transbordou.

As águas começaram a invadir o norte, na área que hoje é a Turquia. Provavelmente o estreito de Bósforo que hoje possui cerca de 32 km de comprimento por 800 metros de largura em média, terminaria, do lado do Mar Negro, com um paredão, que, ao ser pressionado pelas águas, num determinado dia, entrou em colapso, ensejando que uma imensa coluna de água se lançasse no Mar Negro, com a força de 200 vezes das cataratas do Niágara. O mar Negro começou a subir 15 centímetros por dia, e os campos agricultáveis que ficavam em suas margens foram submersos.
Se imaginarmos que isso aconteceu à noite, durante uma tempestade, estaremos diante do cenário do dilúvio. A história desse evento catastrófico ficou gravada na memória dos aterrorizados sobreviventes que a passaram adiante, tornando-se uma lenda para todas as culturas da região.

Para provar essa teoria, o explorador Bob Ballard (o mesmo que encontrou os destroços do Titanic), sob os auspícios da National Geographic Society, realizou uma expedição em 1998, visando encontrar a existência de antigas habitações no fundo do Mar Negro. Foram encontrados vários indícios de colonização humana nele, o que motivou outra expedição em 1999, onde foi encontrada, no fundo do mar, as margens do lago, antes da inundação, conchas de moluscos de água doce e vários sinais de atividade humana.

Pode-se acompanhar o progresso da expedição em
http://www.nationalgeographic.com/blacksea/ax/frame.html

A National Geographic também disponibiliza um documentário sobre a expedição, com uma hora de duração. Imperdível.
Ainda no site, pode-se ler a entrevista do Dr. Fredrik Hiebert, Arqueólogo Chefe da Expedição ao Mar Negro 2000. Dr. Hiebert é professor de antropologia e arqueologia do Museu de Antropologia e Arqueologia da Universidade de Pennsylvania, pesquisador adjunto do Instituto de Exploração e professor adjunto do Instituto de Arqueologia Náutica.
Na entrevista, ele expõe todas as provas descobertas que mostram que realmente o Mar Negro era um lago e, a 91 metros de profundidade, se encontram seus bordos e os vestígios de habitações humanas.

L Valentin
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18 de abr. de 2013

Adeus, Ben Hur!

20/05/2008

Adeus, Ben Hur!
20/05/2008
L Valentin

Na noite de 5 de maio de 2008 morreu Charlton Heston, cujo nome verdadeiro era John Charles Carter. Quem tem mais de 40 anos, certamente se lembra dos seus filmes, marcantes, com enredo plausível, sem firulas - cretinas e impossíveis - criadas pela computação gráfica, escapando da pura diversão e fantasia simplista, narcotizantes e imbecilizantes.

Quem não se lembra de “Ruby Gentry”, com a estupenda canção “Ruby” de Heinz Roemheld que se tornou imortal cantada por Ray Charles em “Histoires Extraordinaires?” Ou de “Naked Jungle” e suas formigas apavorantes? Ou de “The Big Country”, com sua mensagem de não violência e Gregory Peck numa atuação memorável? E de “The Ten Commandments”, a inesquecível história de Moisés dirigida por Cecil B de Mille?

Isso sem falar de “Ben Hur”, com seus 11 Oscars, inclusive o de melhor ator. Em sua filmografia, ainda é obrigatório mencionar “The Planet of Apes” (o primeiro), um dos poucos filmes cujo final realmente surpreendeu a todos os que não sabiam do enredo; “The Omega Man”, com um enredo futurista sobre as conseqüências da guerra química e “Soylent Green”, pintando um retrato cruel de um futuro grotesco, causado pela poluição e pela deterioração das cidades, que já está quase a realizar-se. E mais: “El Cid”, “The War Lord”, “The Agony & Ecstasy”, “Greatest Show in Earth”, “Major Dundee”, “Dark City”, “The Touch of Evil” e “Will Penny”.

“Ora, dirá você, leitor, e daí? Um bom ator, porém um mero ator, esquecido pelo tempo”. Esse é o ponto principal. Acontece que Heston não foi somente um ator célebre, famoso e rico. Foi também um exemplo de patriotismo, de honradez, de dignidade e de luta pelos direitos civis e pela liberdade.

Esse perfil o brasileiro desconhece. Aliás, o brasileiro além de ser ignorante é mal informado. Ele acredita no que vê na TV, que somente mostra mentiras – principalmente no Brasil. Quando a mídia diz que o brasileiro é um povo “alegre”, “cordial” e “irreverente” isso faz com que o povinho da terra acredite que esta é uma verdade internacional. Ledo engano, cara pálida! Meu pai era espanhol e sua família toda vive na Espanha. Na copa do mundo em 1982, realizada lá, meus parentes esclareceram a verdade: o que julgamos “irreverência”, para os espanhóis era falta de educação. O povo fugia dos locais onde estavam grupos de brasileiros, que consideravam “bárbaros”, “grosseiros”, “mal-educados” e constrangedores. Isso em toda parte: nos hotéis, nos ônibus, nos trens, nos estádios, nas ruas. A imagem deplorável deixada pelos brasileiros nessa ocasião até hoje não foi esquecida. Mas aqui, o quadro pintado pela TV era outro: “Os estrangeiros adoram os brasileiros!” Pois sim!

Outra mentira é a dos shows que “famosos” brasileiros fazem no exterior. Quando a dupla “Leitãozinho e Pocotó” faz um show nos Estados Unidos, nossa imprensa entoa hinos ao seu “sucesso”: casa cheia, aplausos da crítica e outros exageros. Na verdade, o americano simplesmente ignora tais eventos. A casa cheia é de brasileiros e hispânicos que moram lá. A crítica favorável não passa de mera mentira. Na noite do show, os americanos ficam longe de tais eventos e continuam sem saber onde fica o Brasil, cuja capital é Buenos Aires. E o perfil de bárbaros, incivilizados, incultos e mal educados é a única referência que sabem de cor.

No caso de Heston, o processo se repete. O brasileiro não sabe quem foi o cidadão, fora das telas. E, é mal informado quando mentecaptos em sites de cinema o chamam de “canastrão” tentando ridicularizar sua posição, admirada pelos americanos, em defesa da liberdade e dos direitos civis.

Existem atores que, para pessoas sérias e sensatas, foram e são exemplos de competência, dignidade, rigor e postura. No Brasil entre cerca de uma dezena, destaca-se Tony Ramos. Nos Estados Unidos entre alguns mais, figuram Gregory Peck e Charlton Heston.

Peck foi exemplo de profissional, sério, competente, de posições claras e firmes, com um caráter tal que, tanto na vida artística como na privada, não permitiu que algo o desabonasse.

Heston também, porém com uma diferença. Enquanto Peck curtia sua velhice na tranqüilidade, Heston se tornou um ativista na luta por direitos civis. Em 1963 estava na famosa passeata de Martin Luther King Jr.(de vida pública ilibada, mas com uma vida particular não tanto) trabalhando pela causa.

Nessa ocasião tinha ligações com o Partido Democrata. Com o passar do tempo, porém, percebeu que esse partido, em nome de “mudanças” contra o “conservadorismo” estava minado por comunistas, cujo objetivo era desestabilizar a cultura americana e anular direitos constitucionais, que eram obstáculos a uma dominação da nefasta ONU.

Heston foi o primeiro a defender a integração racial em Hollywood, em uma época que isso não era ainda um assunto prioritário. Em “The Omega Man”, o primeiro filme a colocar um negro em posição de comando e mostrar uma união inter-racial, Heston dava testemunho de sua luta nesse sentido.

No começo dos anos 70 essas posições eram polêmicas e necessitavam de coragem para a sua defesa. Heston, que cultuava a boa literatura, além de coragem, tinha fé inabalável no que acreditava ser o certo e sensato. E se tornava um firme defensor de seus pontos de vista.

Casado com uma colega de escola, passou a vida com ela e morreu em sua companhia. Isso é ser conservador. Cristão, tinha fé em suas crenças e vivia de acordo com elas. Isso é ser conservador. Foi acusado de ser homofóbo, coisa negada por seus incontáveis colegas homossexuais do cinema. Porém desaprovava essa condição. Isso é ser conservador. Na segunda guerra, se alistou como voluntário em 1941, mas só foi chamado para servir em 1943. Isso é ser conservador e fugir covardemente do alistamento militar, como fez Clinton, é ser modernista. Ser contra a tolice do politicamente correto é ser conservador. Enfim, defender o direito do cidadão de bem em ter armas, respeitando a constituição e guiando-se por Thomas Jefferson que disse “Ninguém pode cassar o direito do cidadão de bem de possuir armas” é ser conservador. Desarmar cidadãos cumpridores da lei, como queriam Clinton e Gore, seguindo o exemplo de monstros como Stalin, Mao Tse Tung, Hitler, Mussolini, Fidel Castro, Pol Pot, Idi Amin Dada entre outros, que antes de implantarem suas ditaduras sanguinárias tiraram a capacidade de reação do povo, é modernismo.

Heston cometeu então um sacrilégio. Passou para o Partido Republicano, afastando-se dos democratas e seus ideais “modernistas”. Isso eles não perdoam, pois nada melhor para a propaganda que ter o apoio de um artista famoso e Heston era cultuado por milhões de fãs americanos. Perdido esse apoio, passaram a atacá-lo onde e quando podiam. Quando os mentecaptos brasileiros o chamam de “canastrão” nada mais estão fazendo do que seguir as instruções emanadas do patrão.

Mas, tais ataques não foram suficientes para arranhar a imagem do astro, pois o grande público sabia quem era ele e aplaudia seu caráter e seu “conservadorismo”.

Assim não foi surpresa quando Heston, depois de ouvir o lixo composto por um tal Ice T, um rapper autor de “CopKiller” (Matador de Policiais), apoiado pela Time-Warner, apareceu em uma convenção de marketing da empresa e, diante de centenas de executivos, recitou, com sua voz de barítono toda a letra de “CopKiller”, repleta de termos chulos, palavrões e incentivando ao crime. Num silêncio absoluto, todos ouviam constrangidos. Ao terminar, verificou-se que a maioria dos presentes não sabia dessa “obra” nem que o autor era contratado da empresa. Heston pediu providências. Saiu, debaixo do mesmo silêncio de pessoas totalmente envergonhadas e surpresas. Do lado de fora, os jornalistas reclamavam: “Não podemos publicar isso”. E Heston respondeu: “Mas está a venda para quem quiser comprar e o responsável por isso é a Time-Warner”.

Como resultado, em três meses a Time-Warner cancelou o contrato com Ice T, e declarou guerra a Heston, que também foi ameaçado de morte por diversas vezes pelo prejudicado. Isso é ser conservador. Isso eles não perdoam.

No final da década de 90, Heston foi eleito presidente da NRA – National Rifle Association – a maior entidade de defesa do direito do cidadão de bem de ter armas. A NRA é uma potência. Possui 4 milhões de associados e é apoiada por 80 milhões de pessoas que possuem armas em todo território americano.

Heston se tornou membro da diretoria da NRA, depois presidente por duas vezes consecutivas, sempre na linha de frente, enfrentando a mídia e os interesses políticos ávidos em difamá-lo e humilhá-lo. Seu compromisso em restaurar a honradez do nome da NRA, o levou a infindáveis entrevistas em rádios, jornais e televisão e a atender incontáveis convites para fazer conferências nas mais famosas universidades do país.

Mesmo diante do imenso esforço da coalizão antiarmas em derrubá-lo, a classe, o bom humor e insofismável honradez de Heston angariaram novos admiradores e partidários. A NRA começou a ser renovada, a princípio lentamente, depois de forma avassaladora. Milhões de americanos foram convencidos pelo discurso de Heston e se comprometeram a defender os direitos constitucionais que sempre vigoraram desde a fundação da república americana.

Certa vez, quando Heston começou seu discurso em Harvard, se acreditava que ele sairia vaiado do auditório. Porém, ao traçar paralelos entre o controle de armas e a influência antidemocrática do politicamente correto, os jovens estudantes não somente prestaram atenção como começaram a se inquietar.
Heston disse que a nova geração de líderes americanos, em contraste com os antepassados, seria composta de covardes. Covardes no sentido de prejudicar a substância em favor do estilo. Covardes em sua falta de pulso para questionar a autoridade, especialmente de burocráticos hipócritas, trabalhando incansavelmente em diminuir a influência dos cidadãos no governo em favor de idéias de uma minoria amestrada.
Heston conquistou corações e mentes nessa noite, assim como chocou e inspirou preocupações quando, em conferência no National Press Club, disse aos membros da mídia que o direito de ter armas, o segundo item da Declaração de Direitos, era, na verdade, mais importante que a primeira emenda, a tão querida por eles, o direito de liberdade de expressão.

Heston mostrou que se uma pessoa não puder ter armas para proteger sua vida, da sua família, a propriedade, a comunidade, suas crenças religiosas ou a forma de governo eleita, como poderão os jornais, revistas, rádio e televisão, esperar manter sua capacidade de noticiar sem sofrer restrições? Diante de uma platéia atônita, ele disse que a segunda emenda era essencialmente o principal item da liberdade americana: a liberdade que protege todos, a única que pode garantir que um governo feito pelo povo e para o povo possa ser eficiente e duradouro. Tais palavras podem ter parecido heresia naquele local específico. Porém, breve, o frenesi editorial para acabar com o direito de ter armas começou a esfriar.

Com seu carisma e fama tornou-se um dos principais responsáveis pela derrota dos democratas no país – fato reconhecido pelo próprio Clinton - pois a NRA se esforçou em mostrar ao cidadão – e provar - que ter armas desestimula a violência e não o contrário, como queriam Clinton, Gore, ONU e os traidores do ideal americano. Heston mostrou que a criminalidade crescente e não o direito de ter armas é que era o responsável pela deterioração do padrão de vida de todos. Isso eles não perdoam.

Incansável, admirado por toda a América, Heston se tornou um ícone. Em 1997 ganhou mais um Oscar, por suas atividades em entidades humanitárias. Em 2003, o Presidente George Bush o condecorou com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil americana.

Nessa época, Heston já estava sofrendo os primeiros sintomas do mal de Alzheimer, que o obrigou a encerrar suas atividades e se preparar para o terrível fim dos acometidos por essa doença. Charlton Heston foi visto pelo mundo como maior do que a vida. Ninguém poderia pedir uma vida mais completa do que a dele. Nenhum homem poderia dar mais para sua família, sua profissão e seu país.

Essa é a trajetória de alguém que, por seu trabalho, esforço, dignidade, honradez e firmeza na perseguição de um ideal, entrou para a galeria de heróis americanos. Enquanto isso, aqui, terra da bandalheira, da desonestidade, do crime organizado, do tráfico de drogas invencível, do esbulho político, da ditadura de ladrões acobertados nos três poderes pelo guarda chuva de uma falsa democracia, da corrupção, da falta de rigor nas leis, da impunidade, da ignorância, da indignidade e da desonra, a mídia amestrada não noticiou seu falecimento em horário nobre (o que a maioria dos brasileiros assiste) e o chama de “canastrão” na Internet.

Compreende-se. Ele era “conservador” e bateu de frente com o partido democrata americano, Clinton, Gore, ONU, os banqueiros ingleses, enfim, os ninhos de comunismo da atualidade. Como são estes que comandam os governos fantoches da América do Sul, que pretendem entregar as riquezas dos seus países ao capital internacional, faz sentido o silêncio e os ataques a alguém que lutou contra a escravidão e a perda de direitos básicos do cidadão livre.
 “Quero que todos saibam que fui recompensado além do que mereci. Minha vida foi abençoada pela boa sorte. Agradeço por ter nascido na América, berço da liberdade e da oportunidade, onde um garoto das florestas de Michigan pode crescer trabalhando duro e ser alguém na vida. Agradeço pela dádiva de ter acesso às maiores obras já escritas, que me permitiram compartilhar com todos o infinito âmbito da experiência humana. (...) Eu vivi uma vida excepcionalmente maravilhosa. Eu vivi o suficiente para duas pessoas”Charlton Heston (1923-2008)
Adeus, Ben Hur!
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Abraham Lincoln Quoted

20/09/03

Abraham Lincoln Quoted
20/09/03
Tradução L Valentin

 
"Property is the fruit of labor...property is desirable...is a positive good in the world. That some should be rich shows that others may become rich, and hence is just encouragement to industry and enterprise. Let not him who is houseless pull down the house of another; but let him labor diligently and build one for himself, thus by example assuring that his own shall be safe from violence when built."
 
The Collected Works of Abraham Lincoln edited by Roy P. Basler, Volume VII, "Reply to New York Workingmen's Democratic Republican Association" (March 21, 1864), pp. 259-260.
 
 
".... Nem isso deve levar a uma guerra contra a propriedade ou contra os proprietários. A propriedade é fruto do trabalho – a propriedade é necessária – é um bem positivo no mundo. O fato de existir alguém rico mostra que outros podem se tornar ricos, e isso basta para incentivar a indústria e as empresas. Não devemos aconselhar quem não tem casa a derrubar a casa de alguém, mas sim dar oportunidade para que, com trabalho perseverante possa construir também uma casa para ele e com isso, fique tranqüilo que sua casa estará segura e que ninguém aparecerá para derrubá-la."
Abraham Lincoln - Resposta ao Sindicato dos Trabalhadores Democráticos Republicanos de Nova York em 21/03/1864
 
 
"At what point shall we expect the approach of danger? By what means shall we fortify against it? Shall we expect some transatlantic military giant, to step the Ocean, and crush us at a blow? Never! All the armies of Europe, Asia and Africa combined, with all the treasure of the earth (our own excepted) in their military chest; with a Buonaparte for a commander, could not by force, take a drink from the Ohio, or make a track on the Blue Ridge, in a trial of a thousand years. At what point, then, is the approach of danger to be expected? I answer, if it ever reach us it must spring up amongst us. It cannot come from abroad. If destruction be our lot, we must ourselves be its author and finisher. As a nation of freemen, we must live through all time, or die by suicide."
January 27, 1838 - Address Before the Young Men's Lyceum of Springfield, Illinois
 
 
"Até que ponto devemos aguardar a chegada do perigo? Até quanto devemos nos fortificar contra ele? Devemos esperar por algum imenso navio de guerra, que venha a cruzar o oceano e nos esmagar com um sopro? Jamais! Todos os exércitos da Europa, Ásia e África juntos, com todo o dinheiro do mundo (exceto o nosso) guardado em seus cofres militares, com um Bonaparte a comandá-los, mesmo tentando por mil anos, não poderão, pela força, tomar um gole no Ohio ou fazer um passeio no Blue Ridge. Então, qual é o tipo de perigo que devemos aguardar? Eu respondo. Se por acaso ele aparecer, deve então ter brotado entre nós. Ele não pode ter vindo de fora. Se for nosso destino sermos destruídos, devemos ser, nós mesmos, os destruidores. Como nação de homens livres, devemos viver para sempre ou desaparecermos por suicídio."
Abraham Lincoln - Discurso no Lyceum de Jovens de Springfield, Illinois – 27/01/1838
 

 
"Passion has helped us; but can do so no more. It will in future be our enemy. Reason, cold, calculating, unimpassioned reason, must furnish all the materials for our future support and defense."

February 22, 1842 - Temperance Address of Springfield, Illinois
 
 
"O entusiasmo nos ajudou, mas não mais pode fazer grande coisa. No futuro, ele será nosso inimigo. A razão, a frieza, o calculismo, a lógica isenta de emoção, devem, daqui para frente, fornecer todas as ferramentas para a nossa estabilidade e defesa."

Discurso de estímulo em Springfield Illinois – 22/02/1842
 
 
"That I am not a member of any Christian Church, is true; but I have never denied the truth of the Scriptures; and I have never spoken with intentional disrespect of religion in general, or any denomination of Christians in particular."
July 31, 1846 - Handbill Replying to Charges of Infidelity
 
 
"É verdade que não sou membro de nenhuma Igreja Cristã; mas jamais neguei a verdade das Escrituras; jamais falei com desrespeito intencional da religião em geral, ou de qualquer denominação Cristã em particular."
Abraham Lincoln - Resposta às acusações de ateísmo em 31/07/1846
 
 
 
"Labor is prior to, and independent of, capital. Capital is only the fruit of labor, and could never have existed if labor had not first existed. Labor is the superior of capital, and deserves much the higher consideration."

December 3, 1861 - Lincoln's First Annual Message to Congress
 
 
"O trabalho é mais importante e independente do que o capital. O capital é somente fruto do trabalho e jamais teria aparecido se o trabalho não tivesse surgido primeiro. O trabalho é superior ao capital e merece, de longe, a mais alta consideração."

Primeira mensagem anual ao congresso – 3/12/1861
"
 
 
 
"We all declare for liberty; but in using the same word we do not all mean the same thing. With some the word liberty may mean for each man to do as he pleases with himself, and the product of his labor; while with others, the same word many mean for some men to do as they please with other men, and the product of other men's labor. Here are two, not only different, but incompatible things, called by the same name - liberty. And it follows that each of the things is, by the respective parties, called by two different and incompatible names - liberty and tyranny."

April 18, 1864 - Address at Sanitary Fair, Baltimore, Maryland"
 
 
"Todos nós somos a favor da liberdade; mas nem todos a usam essa palavra com o mesmo significado. Para alguns, a palavra liberdade pode significar que cada homem pode fazer o que lhe agrada, consigo e com o produto de seu trabalho, enquanto para outros, freqüentemente, significa que eles podem fazer o que lhes agrada com outros homens e com o produto do trabalho deles. Aqui estão dois procedimentos, não somente diferentes, mas incompatíveis, com a mesma denominação – liberdade. Por conseguinte, cada um desses procedimentos, respectivamente, devem ser chamados por dois nomes diferentes e incompatíveis: liberdade e tirania."

Discurso na Feira de Saúde de Baltimore, Maryland- 18/04/1864
"

Trad. L Valentin

Despedida a um Amigo

06/07/2003

Despedida a um Amigo
Luis Valentin
06/07/03

Comentário: Meu amigo JB, contraiu a terrível ELA -  esclerose lateral amiotrófica - doença que faz a musculatura perder seu tônus. Primeiro as pernas, depois os braços  e no final o restante dos músculos. Não há cura. A morte é certa e, geralmente, ocorre 24 meses depois do primeiro sintoma.
Quando estes apareceram, JB demorou quase 12 meses para conseguir um diagnóstico correto. Quando fiquei sabendo do que se tratava, aprendi tudo o que se podia sobre a tal ELA e fiquei num dilema se contava ou não a ele qual seria o prognóstico. Todos estavam escondendo isso. Ele era uma pessoa instruída, culta, lógica e muito realista. Então decidi perguntar se ele queria saber a verdade. Sua resposta foi:
- É claro!
Isso foi dito com tal ênfase, que não tive dúvidas. Contei-lhe tudo sobre a ELA. Ele estava sentado, ainda andava com dificuldade e escutou sem pestanejar.
- Quanto tempo tenho? - perguntou calmamente.
- Em geral, 24 meses depois do primeiro sintoma - respondi
Ele deu um sorrisinho e falou:
- Me dê seu copo.
Dizendo isso, encheu nossos copos - estávamos tomando um vinho branco - e mudou de assunto, como se nada tivesse acontecido. Essa era a reação que eu sabia que ele ia ter. Morreu em 31 de julho de 2003, completamente paralisado, 25 dias depois que lhe mandei essa carta, no dia de seu aniversário, como despedida.

L Valentin


JB, velho amigo.
 
O que posso te dizer nessa hora? 

Quisera poder ordenar: “surge et ámbula” mas, ninguém melhor que nós dois para saber tão bem dessa impossibilidade. Esse seria o único desejo a almejar. Assim, nada trago para ti, a não ser  uma palavra de reconhecimento.
 
Não te preocupes com o presente e goze agora tuas lembranças. Recorda-te do que viveste, o que fizeste, teus acertos e teus enganos. Se puderes, escreva tuas memórias, pois as palavras perdem-se e a escrita se mantém.
 
Encare tua existência como missão cumprida, como contribuição válida para a desordem natural do cosmos em sua viagem rumo ao zero absoluto.
 
Não te lamentes por aquilo que deveria ser feito e não fizeste; antes, rejubila-te com teus feitos, pois eles representaram o  melhor de ti.
 
Não te consideres inútil, pois há tempo para tudo e cada época,  de todos, requer procedimentos bem definidos e imutáveis.  Tenha em mente que na natureza não há castigos ou recompensas, apenas conseqüências; e que dela somos parte e não podemos fugir às suas leis.
 
Por fim, faze valer a inteligência especial que nossa espécie conseguiu desenvolver. Assume o controle do processo e, como os seres de outras cepas viventes, trilhe serenamente o caminho que deve ser percorrido. Sem promessas, sem aspirações, sem Caronte, sem medo.
 
Essa é a mensagem que trago a ti. Mesmo sempre ciente da máxima “memento homo, quia pulvis es et in púlverem reverteris”  acredito que sair do pó e passar pela experiência da vida já foi um grande e recompensador privilégio para todos.
Do amigo
Luis
06/07/2003


17 de abr. de 2013

O Melhor de "O Príncipe"

27/03/2000

O Príncipe

Nicolau Maquiavel

Comentário:
Você que não tem tempo ou não é habituado a ler, não pode deixar de conhecer o pensamento lúcido de Maquiavel revelado em "O PRINCIPE" .
Após ler pela primeira vez, achei tudo muito atual, verifiquei como seus conselhos são postos em prática nos dias de hoje e como são necessários para alguém que esteja no comando de qualquer empreitada e queira ter sucesso. Compreendi também porque a Igreja Católica o colocou na sua lista de livros proibidos.
Ao ler pela segunda vez, notei que, para cada conselho, Maquiavel vinha com uma introdução e depois com exemplos, que poderiam muito bem ser deixados de lado. Resolvi então, podar o supérfluo e ficar somente com os conselhos que resumem o espírito do livro. Aprecie!

27/03/2000
L. Valentin

 
01 - Querer conquistar é coisa natural e corriqueira para aqueles que podem fazê-lo, e, se o fizerem, serão louvados ou, pelo menos, não serão censurados. Porém, quando o conquistador não tem força para a conquista, se tentar fazê-la de qualquer maneira e não tiver sucesso, será alvo de reprovação e censura.
02 - O Príncipe tem três formas de manter um estado conquistado:
a) Arruinando-o
b) Indo habitá-lo pessoalmente
c) Permitindo que viva regido por suas próprias leis, porém fazendo-o pagar tributo ao conquistador e sendo governado por poucas pessoas, escolhidas pelo Príncipe.
03 - Todas as pessoas, escolhidas pelo Príncipe para compor o Governo, deverão ser conscientizadas de que não poderão ser mantidas na posição sem sua amizade e seu poder; desse modo farão de tudo para não perder essa posição.
04 - Aquele que se apossar de um Estado, deve verificar todas as ofensas que precisa fazer e fazê-las todas de uma só vez, a fim de não ter que repeti-las todos os dias, tranqüilizando, com isso, os homens, beneficiando-os e conquistando-os.
05 - Deve-se considerar que não há coisa mais difícil de fazer, de êxito mais duvidoso, e mais perigosa de conduzir, do que introduzir novas instituições legais, pois o reformador encontra fortes inimigos em todos aqueles que se beneficiavam das instituições antigas e tíbios defensores em todos aqueles que das novas se beneficiariam.
06 - Existem, praticadas pelo Príncipe, as crueldades bem usadas e as mal usadas.
São bem usadas, aquelas feitas, em determinadas circunstâncias, pela necessidade de se obter segurança, mas nas quais não se insiste, substituindo-as depois, por benefícios de maior utilidade possível, em favor dos súditos.
Mal usadas são aquelas que, a princípio, são poucas e depois, com o tempo, crescem, em vez de desaparecerem.
07 - Mais facilmente se conserva o domínio de uma cidade habituada a viver livre, fazendo-a governar por seus cidadãos.
08 - As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez; os benefícios devem ser feitos pouco a pouco,
para que sejam mais bem desfrutados.
09 - A ascensão de alguém a alto cargo se faz com o favor do povo ou com o favor dos grandes.
10 - O que sobe ao poder com o auxílio dos grandes mantém-se com mais dificuldade, pois se vê rodeado de muitos que lhe parecem ser seus iguais e por isso não pode comandá-los nem manobrar à sua vontade.
11 - O que sobe com favor do povo, vê-se sozinho no poder e tem a seu redor quase todos que querem que ele os obedeça.
12 - O homem que queira agir sempre como bom, acabará arruinando-se em meio a tantos que não são bons.
13 - Deve-se satisfazer o povo, pois contra a inimizade do povo, o Príncipe jamais pode ter segurança, por tratar-se de muita gente; contra a dos grandes, pode ter segurança, por serem eles poucos.
14 - Os homens, quando recebem o bem de quem esperavam o mal, ficam mais gratos ao seu benfeitor.
15 - Um Príncipe prudente deve pensar numa maneira de fazer com que seus cidadãos, sempre e em qualquer circunstância, tenham necessidade do Estado e dele, com o que lhe serão, depois, sempre fiéis.
16 - Em toda cidade encontram-se estados de espírito diferentes: o povo deseja não ser dirigido e oprimido pelos grandes e estes, querem oprimir e dirigir o povo.
17 - Em todos os principados novos, os homens, acreditando melhorar, mudam de bom grado de senhor, fazendo esta crença com que tomem armas contra o senhor atual.
18 - O Príncipe não deve importar-se com a reputação de cruel, pois a aplicação de repressões a alguns, diminuindo a criminalidade que atinge toda a comunidade, beneficiará a maioria.
19 - A conquista, pela segunda vez, de um país rebelado, torna-o mais difícil de se perder, pois o senhor diante da rebelião, tem menos escrúpulos em cuidar de sua segurança, punindo os culpados, esclarecendo suspeitas e fortificando os pontos débeis.
20 - Para firmar a segurança do domínio, em países de língua igual, basta aniquilar a casa do Príncipe que imperava sobre este país, conservando-se as condições antigas, não promovendo a disparidade
de costumes e não se alterando suas leis e tributos.
21 - Deve o Príncipe, que se estabelece em território dominado, tornar-se defensor dos débeis, sem porém, fortalecê-los, e enfraquecer os poderosos, além de cuidar que ninguém mais forte que ele se estabeleça naquele território.
22 - Não se pode satisfazer a todos os grandes, sem prejudicar alguns
23 - Quando os homens constatam que pioraram, tendem a mudar de senhor, isso porque o Príncipe necessita sempre humilhar os homens dos quais se tornou novo senhor, vexando-os com a presença de novos homens de armas.
Desse modo, torna seus inimigos aqueles a quem ofendeu, ao ocupar o principado.
Não pode contar com a ajuda daqueles que o puseram no cargo, por não conseguir satisfazê-los do modo como esperavam e nem pode levantar armas contra eles, por dever de gratidão e por ser necessário contar com a ajuda dos naturais da província a fim de dominá-la.
24 - Quando se trata de Estados com províncias e costumes diferentes, uma das medidas mais eficazes seria o Príncipe ir habitá-lo.
Em lá estando, o Príncipe vê nascer as perturbações e pode cortá-las desde o início. Além disso, a Província não será espoliada por seus representantes e os habitantes poderão recorrer ao Príncipe, resultando disso em terem eles mais razões para prezá-lo, quando são bons, e temê-lo, quando são maus.
25 - Deve-se notar que os homens devem ser ganhos com agrados ou destruídos. Se puderem vingar-se das ofensas leves, não poderão fazê-lo com as graves, uma vez que estarão enfraquecidos.
Assim, a ofensa que se faz a alguém deve ser de tal forma que não deixe margem a futura vingança.
26 - O Príncipe não deve preocupar-se se for taxado de miserável, pois com o passar do tempo, os súditos notarão que suas rendas lhe bastam para defender-se
e realizar obras sem onerar o povo, o que lhe conferirá a reputação de liberal, pois usou de liberalidade com todos dos quais nada tirou, cujo número é enorme e terá sido miserável para todos aos quais nada deu, cujo número é pequeno.
27 - O Príncipe deve aprender a não ser bom e usar o aprendido de acordo com a necessidade.
28 - O que é melhor para o Príncipe: 
ser temido ou amado? 
O mais seguro é ser temido.
Os homens receiam menos ofender aquele que se faz amar do que aquele que se faz temer.
29 - O Príncipe não pode nem deve manter a palavra dada,quando as conseqüências de sua observância se voltam contra ele ou hajam desaparecidas as razões que a motivaram.
30 - O Príncipe deve ser temido sem ser odiado; e o conseguirá sempre se não atentar contra os bens e as mulheres de seus súditos.
31 - Os homens sempre vivem satisfeitos nas comunidades onde não foram usurpados nem os bens, nem a honra.
32 - Os homens são muito simples e sempre obedecem a necessidades presentes, logo, quem engana, sempre encontrará alguém que se deixe enganar
33 - Os homens esquecem mais facilmente da morte do próprio pai que da perda do seu patrimônio.
34- Sempre que o Príncipe possuir boas armas, terá também bons amigos.
35 - O Príncipe deve estimar os grandes, mas também
não se fazer odiar pelo povo.
36 - O Príncipe deve ser raposa para reconhecer as armadilhas e leão para afugentar os lobos. 
Os que adotam somente  a natureza do leão, não conseguem êxito, pois têm força, mas não se livram das armadilhas.
37 - O Príncipe será desconsiderado, se for tido como leviano, volúvel efeminado, pusilânime e irresoluto.
Portanto, deve pautar seu procedimento através
de ações nas quais se reconheça a grandeza, força de ânimo, gravidade e fortaleza.
38 - Um Príncipe, freqüentemente, é forçado a não ser bom a fim de manter o poder. Quando a maioria do povo é corrupta, convém ao Príncipe adotar o seu (da maioria) caráter, para contentá-la. Nesse caso AS BOAS OBRAS O PREJUDICAM !
39 - O Príncipe não deve temer conspirações quando o povo estiver a seu lado; quando porém, o povo for seu inimigo,deve temer a tudo e a todos.
40 - O Príncipe não deve tomar sobre si os encargos de julgamento.Essa função deve ser delegada a outrem. A si, deve reservar o direito de distribuir graças.
41 - Os homens atêm-se mais às coisas do presente que às do passado,  e, quando, nas do presente, encontram o bem, contentam-se e vivem despreocupados.
42 - Numa contenda entre partes, sempre ocorrerá uma destas situações:
  • O Príncipe deve temer a qualquer uma das partes que vença
  • O Príncipe não deve temer a qualquer um dos que vençam
Nos dois casos, deve ter sempre em mente que é mais útil tomar partido abertamente de um dos lados do que ficar neutro.
Na primeira, ao tomar partido, caso seu lado vença, ao Príncipe ficará o contendor devendo obrigação e amizade; se perder, acolherá e ajudará o contendor,
ficando à espera que haja uma mudança da sorte.
Ao ficar neutro, a parte vencedora não vai querer amigos suspeitos, que não a ajudem na adversidade
e a parte vencida não o acolherá, por não ter podido
contar com seu apoio na hora em que precisou.
Na segunda, cuidará o Príncipe para sempre apoiar
o vencedor, o qual ficará à sua mercê e o perdedor será aniquilado.
43 - Os homens são ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ambiciosos, e, enquanto os beneficias, são todos teus, oferecendo-te seus bens, seus filhos, seu próprio sangue, a vida, 
desde que não se mostre necessidade disso
Quando porém, ela se apresenta, eles se vão,
pois as amizades baseadas no interesse, na ocasião necessária, delas não se pode usar.
44 - A peste das Cortes são os aduladores, onde são encontrados em grande quantidade. Para livrar-se desse mal, basta fazer entender a todos que o Príncipe não se ofende com a verdade, contudo, quando todos podem dizer a verdade ao Príncipe, configura-se aí, um estado de quebra de respeito e anarquia.
45 - A escolha de ministros ajuda o povo a julgar o Príncipe.
Quando os escolhidos são eficientes e fiéis, o Príncipe é reputado como sábio; porém, quando os escolhidos são o avesso disso, será feito mau juízo do Príncipe, que não soube escolher as pessoas certas.
46 - O bom ministro é aquele que jamais pensa em si próprio, mas no Estado, e não aborrece o Príncipe
com coisas que não lhe dizem respeito.
47 - Para manter um bom ministro, o Príncipe deve sempre pensar nele, honrá-lo e torná-lo rico, fazendo-o ver que, enquanto cuida do Estado, o Príncipe vela por ele.
48 - O Príncipe deve abster-se de fazer graves injúrias aqueles que lhe servem por dever de ofício, pois tais pessoas, cedo ou tarde, procurarão vingar-se e a proximidade ao Príncipe é temerária.
49 - O Príncipe será melhor servido por aqueles que,
inimigos a princípio, sendo levados a assumir cargos
de administração, necessitam melhorar sua imagem pública realizando obras, do que por outros, que sendo servidores fiéis, relaxam em sua obrigação.
50 - É impossível a um Estado SEMPRE tomar partido seguro, pois, invariavelmente, quando se tenta evitar um inconveniente, se cai em outro.
 A prudência consiste em conhecer a natureza dos inconvenientes e tomar como bom, o menos mau.
51 - O Príncipe deve mostrar-se apreciador das virtudes do trabalho, oferecendo oportunidades aos homens habilidosos e honrados, cuidando para afastar do povo o temor dos confiscos e impostos exagerados.
52 - O Príncipe deve ocupar-se com as diversas corporações e ofícios em que se divide a população, reunindo-se com todas, algumas vezes por ano, para dar mostrasde seu interesse e solidariedade.
53 - Em épocas apropriadas, deve o Príncipe entreter a população com festas e espetáculos.
54 - Os bons conselhos sempre devem nascer da prudência do Príncipe, nunca, a prudência do Príncipe, nascer dos bons conselhos.
55 - O Príncipe prudente deve escolher homens sábios para seus auxiliares e, apenas a estes, conceder a liberdade de dizer-lhe a verdade, e somente a respeito daquilo que lhes for perguntado. Afora estes, não deve ouvir mais ninguém, ir direto aos assuntos e manter-se firme nas deliberações.
56 - Um Príncipe deve aconselhar-se sempre, mas quando quiser e não quando o quiserem outros, devendo, aliás, desencorajar qualquer um a aconselhá-lo quando ele não lho pedir.
57 - No principio o mal é fácil de curar e difícil de diagnosticar, mas, com o passar do tempo, (...) torna-se mais fácil de diagnosticar e mais difícil de curar.
58 - As guerras não se evitam e, quando adiadas, trazem vantagem ao inimigo. (...) não se deve jamais deixar uma desordem prosperar para evitar a guerra ...
59 - As amizades que se obtêm mediante pagamento (...) se compram, mas não se possuem...
60 - Existem três tipos de cérebros:
  • Os que discernem as coisas por si próprios;
  • Os que discernem o que os outros entendem;
  • Os que não discernem por si próprios, nem sabem discernir o que os outros entendem.
Os primeiros são excelentes,
os segundos, bons,
e os terceiros, inúteis.


em outras palavras:

Existem três tipos de pessoas:
- as que não sabem e sabem que não sabem;
- as que não sabem e não sabem que não sabem;
- as que não sabem e PENSAM que sabem.

As primeiras são desejáveis, as segundas inúteis e as terceiras nocivas.

 
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