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Será que você é Deus, Picard?
Neste final de outono de 2019 terminei de ver a série completa “Star Trek – The New Generation” (STNG) ou "Jornada nas Estrelas – A nova Geração". A duras penas, uma verdadeira tortura, diga-se de passagem. Explicando:
Em 1965 foi lançado o seriado “Lost in Space” (Perdidos no Espaço) que obteve um grande sucesso. Era a história de uma família que tentava sobreviver em um planeta estranho, onde tinham caído. O público deu audiência por se ter ligado em 3 personagens: o menino, um robô e o famoso covardão sem qualquer escrúpulo, o Dr. Smith. Quem pensava que assistiria os problemas de sobrevivência no espaço se enganou, pois a série descambou para a comédia pastelão sem qualquer outra pretensão.
Isso porém, abriu uma brecha para filmes de exploração espacial e um ano depois, em setembro de 1966, estreia a série “Star Trek” - ST - (Jornada nas Estrelas) que, mesmo com um orçamento reduzido, fez razoável sucesso em suas 3 temporadas. Após o término da série, tornou-se “cult” criando uma legião de fãs - eu incluso - e empolgando toda uma geração.
O que causou impacto nos adolescentes – como eu – para que a série se tornasse “cult”? Em 1966, no Brasil, sem incluir as capitais, não havia tecnologia a serviço do cidadão. No interior do país não havia telefone para todos: uma linha telefônica era um objeto de desejo, caríssima e difícil de se obter. E quando se era contemplado com uma linha, a espera para sua instalação era de meses. Não havia redes de TV. No interior, a prefeitura instalava uma torre de retransmissão para alguns canais. Por exemplo, na minha cidade se retransmitia apenas a TV Globo e a Tupi do Rio de Janeiro. Estavam começando a surgir os rádios portáteis. Uma grande novidade. Fotografia era com filme e máquinas caras. Pouca gente tinha uma “máquina fotográfica”. Computador, celular, câmeras de vídeo, vídeo tape, tv por satélite, tv em cores. CD, DVD, nem pensar.
Assim ficamos deslumbrados com a tecnologia existente na nave Enterprise, deixando antever o que o futuro estava nos reservando. O objetivo da produção, além de mostrar os avanços tecnológicos, era por os humanos em contato com o espaço e tudo o que nele podia existir. E, se nos encontros com aliens houvesse necessidade de lutar, o capitão Kirk não deixava barato: ferrava todos que mexessem com ele. E era isso que nós, os adolescentes de 1966, criados sem TV, queríamos ver acontecer.
O ponto fraco era, e continua a ser, o enredo. Os produtores americanos descobriram duas propriedades da TV que a tornam ferramenta de dominação: o poder de convencimento através do processamento visual de imagens e amplitude e facilidade de sua propagação. Já em Perdidos no Espaço os enredos, quando não eram cretinos e infantilizados, utilizavam a famosa receita de bolo que seria usada e abusada em STNG: cada episódio durava entre 45 a 50 minutos. Iniciava-se com uma situação super-complicada e durante 43 minutos os “mocinhos” enfrentavam perigos graves e sofriam derrotas após derrotas o que prendia o público até o final, com todos se perguntando: como é que eles vão sair dessa? Nós últimos minutos aparecia a solução, idiota, bisonha, descarada e difícil de se engolir. Mas o povão, anestesiado pela poder da TV, não reparava nisso.
Resumindo: quanto maior o problema, quanto mais perigosa que seja a situação, mais boçal, mais imbecil, mais estúpida será a solução, sempre acontecendo nos minutos finais do episódio. A consequência disso tudo é que não é necessário ter talento para escrever o roteiro dessas séries de ficção. Qualquer “zé mané” pode fazer isso em tais condições.
Os exemplos abundam. Vou citar alguns:
Em “The Arsenal of Freedom” (S1E20-STNG) depois de muitas peripécias, encontramos o Cap Picard e a Dra. Crusher feridos em um planeta desabitado, porém com o melhor sistema de defesa do Universo. O sistema de computação do planeta vende esse sistema de defesa a quem estiver interessado. A Enterprise se aproxima do planeta para resgatar o Capitão que, no planeta, está em negociações com o vendedor que é uma imagem holográfica. Picard diz ao vendedor que não quer comprar nada. Este insiste em vender e vai demonstrar como funciona o sistema. Então ataca a Enterprise, que resiste e arrebenta o atacante. O vendedor então se anima e diz a Picard que seu sistema é tão bom que aprende com o atacante e volta mais poderoso. Em pouco tempo, faz novo ataque à Enterprise que agora quase é destruída, mas consegue neutralizar o ataque. O vendedor então mostra a Picard como está a situação e avisa que agora o sistema se tornou superior ao da Enterprise e vai acabar com ela de vez. Picard pede o fim da demonstração, mas o vendedor não entende por que ele não quer ver o poder daquilo que está vendendo. E assim a coisa se arrasta até os últimos minutos, quando o público idiotizado por tal enredo cretino não sabe como a nave vai se safar desta. A Enterprise está em pedaços, indefesa e o vendedor avisa que vai dar o tiro de misericórdia. Picard então, no último segundo diz: “Pare. Eu compro seu sistema.” O computador pára o ataque. Fim do episódio.
Em outra ocasião o transportador apresenta uma falha e materializa Picard e outros com a idade de 12 anos, mas mantendo as funções cerebrais e memórias da pessoa na idade adulta. O transportador é tão bom que também materializa as roupas em tamanho pequeno. E o episódio se arrasta pelos 43 minutos sem que se tenha uma noção para reverter o problema e fazer com que essas crianças sejam novamente materializadas como adultos. No último segundos, o androide Data e o engenheiro ‘gênio’ LaForge informam aos telespectadores angustiados pela espera da solução: “Descobrimos que fazendo uma inversão na fase do descompressor e alinhando a repimpoca da parafuseta com o transmutador quântico dirigindo a sequência para geringola protonizada alternada, as crianças poderão voltar ao normal.” Entendeu? Não? Não faz mal. O que importa é que feito isso, a coisa dá certo, os adultos aparecem e.... fim do episódio.
Ou seja: esse tipo de enredo e a facilidade com que se resolvem problemas é pura diarreia mental dos roteiristas, entregue sem nenhum pudor a um bando de vidiotas que, dentro da bolha de louvação à série e personagens, a consomem lambendo os beiços e ficando cada vez mais idiotas.
Mas o problema do enredo truão é secundário. O principal foi a finalidade da STNG que atualmente salta aos olhos: a intenção de se fazer uma lavagem cerebral incessante e descarada do público para aceitar a dominação comunista da ONU e perder qualquer virtude beligerante, criando pessoas “pacíficas” – eufemismo para covardes pusilânimes – que não terão vontade de lutar contra a opressão e defender sua liberdade.
São 7 temporadas, mais de 150 episódios em que constantemente são martelados assuntos e conceitos que vão se introduzir e se arraigar nas mentes jovens enlaçados pelo programa. Existem milhares de comentários sobre ele – todos elogiosos - inclusive um onde o sujeito declara “esta série salvou minha vida”. Essa é a prova da eficácia dessa lavagem cerebral.
A ideia central é o pacifismo. Mas não aquele de pessoas viris, do tipo “si vis pacem para bellum” (se queres paz prepara-te para a guerra), dos que sabem que a paz é um estado conquistado e que deve ser preservado constantemente. Isso somente os fortes conseguem fazer.
O pacifismo da ONU é o mesmo das religiões. Simplesmente é covardia. São conceitos que ensinam a pessoa trocar a liberdade por uma garantia de segurança. E somente os covardes aceitam isso.
Picard, que possui uma legião de fãs, é principal elemento desse trabalho. A todo instante dá exemplos de covardia seguidos imediatamente por justificativas, tipo filosofia de botequim. E os acovardados adoram. Cita até a exaustão a primeira diretriz da Federação: “Não interferir com as civilizações que encontrar”. Para quem não sabe, a Federação de Planetas é um clone da ONU para o Universo. Na Terra conseguiram eliminar a doença, a pobreza, e as desigualdades, todos são iguais (conceito da ONU que planeja isso tornando todos escravos) menos os dirigentes. No espaço a Federação conseguiu reunir vários planetas. A toda momento se fala em tratados de paz, embaixadores, negociadores de tréguas, etc. São as pessoas mais importantes da série.
Picard jamais revida um ataque e sempre escapa dos problemas com parlamentação. Mesmo quando os inimigos planejam destruir a nave, no final do episódio fica-se sabendo que Picard não os combateu por serem “renegados” e sempre aceita desculpas dos embaixadores do planeta atacante. Os cardassianos e romulanos estão abertamente em guerra contra os humanos, mas fizeram um tratado que fingem que cumprem. Quando falham suas tentativas de ferrar Picard e sua nave, colocam a culpa nos renegados.
Na primeira e segunda temporadas, Picard é mostrado de uma forma débil, mais parecendo um capelão que comandante de nave espacial. E informa que “a nave não é de combate e sim de exploração.” Na terceira temporada os produtores notaram essa falta de firmeza e o fizeram mudar o tom. Quando se identifica, quase grita: “Aqui é Jean-Luc Picard, capitão da Enterprise.” Mas o exemplo de covardia e refugo da luta, não deixam que se esqueça sua pusilanimidade.
E chega ao extremo. Em um episódio, “Silicon Avatar” (S5E4) uma forma de vida cristalina vem passando pelo Universo destruindo tudo que encontra pela frente. Ao topar com um planeta absorve toda sua matéria orgânica, deixando-o apenas com pedras e areia. Já destruiu centenas de planetas e matou milhões de seres. O episódio se arrasta e ao seu final uma entidade tão poderosa está na frente da Enterprise, talvez tirando uma soneca depois do almoço. Na nave há uma cientista que “descobriu” um modo de matar a coisa. Então ela ordena que se faça isso. Picard se adianta e diz “Nada disso. Eu respeito todas as formas de vida” A cientista então vai aos controles aperta um botão e manda um raio que destrói o cristal. Picard fica com uma cara de bundão. Depois perdoa a desobediência da cientista, pois ele é muito compreensivo. Fim
A sétima e última temporada mostra bem o e seu decaimento. Os roteiristas atiram para todo lado para tentar segurar a audiência. Mas, como são desprovidos de talento e incompetentes, somente conseguem tornar os episódios cada vez mais chatos e pueris. No último, um personagem chamado “Q”, um tipo de deus todo poderoso, informa a Picard que ele salvou humanidade. E este fecha a série numa mesa de pôquer – jogando pela primeira vez – dizendo que deveria ter começado a jogar antes. Ufa! Já foi tarde!
Resumindo, São 176 episódios nojentos no sentido de lavagem de cerebral para formar covardes. Sete anos em que a série cumpriu perfeitamente a sua finalidade de tornar a escravidão da ONU aceitável e até mesmo, desejada.
Mas espere!
A Federação, digo, a ONU, sofreu um golpe terrível com a eleição de Trump e considerou que os futuros eleitores precisam de uma nova lavagem cerebral. Lançarão em 2020 uma continuação de Star Trek NG, com o nome de “Star Trek: Picard” . Isso mesmo. O covardão, o entreguista, o pusilânime JL Picard estará de volta, agora contando a sua história após a primeira série.
Benjamin Franklin disse “Aquele que troca sua liberdade por qualquer tipo de segurança, não merece nem segurança, nem liberdade”. Picard volta com suas promessas e exemplos de seguidor fiel da ONU, digo, da Federação escravagista, resumindo seu modo de pensar e agir em um único ponto, indiscutível: se tiver que tomar uma decisão correta e justa, mas isso contrariar as “diretrizes” de sua senhora a Federação, ele não toma.
Infelizmente vamos ter mais uma colheita de cérebros alienados depois desta porcaria de série. A humanidade é assim.
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Veja o único capítulo aproveitável dessa série:
https://cloneclock.blogspot.com/2017/12/star-trek-s3e4.html
Mais:
Porta Aberta para a Zoofilia
Quem traduz os títulos dos filmes?
O Zorro de Disney
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