por Luis Valentin Vallejo
última atualização: 20/10/2014
A aldeia espanhola Villazanzo, com 146 km2, fica no norte da Espanha, na
província de Leon, às margens do rio Valderaduey, a cerca de 70 quilômetros da
cidade de Leon. Nesta aldeia, na virada do século XIX, moravam 120 habitantes, dentre os quais, Valentín Vallejo
Iglesias (1851-1936) casado com Avelina Monge cujas datas de
nascimento e falecimento não foram apuradas. Tiveram 5 filhos, dentre eles,
Irene Vallejo Monge, nascida em 1888.
Irene, em 1906, ainda solteira, ficou grávida. É muito difícil a uma pessoa do
século 21, no Brasil, onde praticamente não existe rigor nas convenções sociais,
imaginar o desastre que era uma solteira ficar grávida, em 1906, no interior da
Espanha.
Camponeses rústicos, vivendo exclusivamente da terra, fanáticos católicos, com
uma tradição de séculos de rigor, privações e lutas contra os invasores mouros;
trazendo dentro de si noções exacerbadas e profundamente arraigadas de honra, de
respeito à propriedade alheia, de justiça e honestidade, não aceitavam de modo
nenhum um desvio dessa natureza.
Para piorar a situação, o pai da criança, cujo nome não se conseguiu apurar, recusou-se a assumir a criança e casar-se com Irene. O desastre estava completo! Uma mãe solteira dificilmente conseguiria casar-se, ficaria manchada indelevelmente, seria motivo de comentários maldosos de todos na região e passaria a ser um fardo na vida da família. Em 19 de agosto de 1907, portanto, nasce um menino, que foi batizado com o nome de Luis Vallejo Monje, cujo sobrenome foi extraído dos nomes dos avós maternos, Valentín Vallejo Iglesias e Avelina Monje.
O tempo passa e, alguns anos depois, entra em cena Sergio González Medina, que resolve desposar Irene sob uma condição: que ela se descarte do filho bastardo. A situação foi resolvida com a entrega da criança aos seus avós maternos. Irene, desesperada, aceita tal solução, imaginando que, com o passar dos anos, Sergio acabaria se acostumando com Luis e, além disso, a criança com seus avós não ficaria distante dela.
Porém, o tempo, ao invés de trazer solução, complica mais a situação. Sergio é rigoroso, teimoso e inflexível e não muda de idéia de forma nenhuma e odeia terrivelmente a criança. O menino cresce e passa a visitar a mãe. Não lhe esconderam a verdadeira história e tem plena consciência de que o seu padrasto não o quer. Conforme depoimento feito por Luis a nós, conta que, várias vezes, estava com sua mãe enquanto Sergio estava no campo e quando chegava a hora do seu retorno à casa, sua mãe enrolava um pedaço de bolo em um guardanapo e lhe dava, mandando que saísse rápido e voltasse para a casa dos avós. Mas, Sergio ficou sabendo dessas visitas e, furioso, ameaça Irene. A situação estava insustentável. O menino, com 10 anos, era difícil de conter. Os avós e suas tias, as famosas “irmãs Monje”, não mais conseguiam impedir que visitasse a mãe.
Sérgio mora agora em Renedo de Valderaduey, um povoado cerca de 7 km ao norte de Villazanzo. Mas isso não é obstáculo para o menino ir ter com a mãe. E ainda existem as festas como Natal, Páscoa, a famosa “picatuesta” (uma festa familiar e comunitária, verdadeira celebração, onde todos os vizinhos se reuniam para a matança do porco) encontros de toda a família, onde o pequeno Luis tinha que fugir e se ocultar de Sergio, que o hostilizava e perseguia abertamente.
Sergio dá um ultimato aos avós de Luis para que resolvam o problema de mantê-lo longe de sua casa, ameaçando matá-lo se o encontrar lá, e estes não encontram outra solução a não ser interná-lo em um colégio marista.
No internato, mais uma vez ressaltamos, é difícil a alguém moderno imaginar as condições de vida dos internos. Estamos em plena Primeira Guerra Mundial, que incendeia a Europa. A disciplina dos maristas é feroz. O pequeno Luis, que teve uma infância traumatizada, agora vai passar por outro transe: não terá adolescência. Vai crescer sob o domínio férreo da ordem religiosa, vai ter sua mente lavada, tornando-se um católico fanático, um “percevejo” de mosteiro e vai ser treinado para assumir uma postura rigorosa, inflexível, disciplinadora, cultuando valores como a caridade, boa fé, a justiça, a honra, a coragem, a honestidade e a lisura.
O esquema combinado foi o internamento do pequeno, com 11 anos de idade, que receberia casa comida, vestuário e instrução em troca de serviços prestados. Os mosteiros da década de 1920, na região, não tinham energia elétrica e eram quase auto suficientes em tudo. Possuíam granjas, currais e hortas. Criavam galinhas, porcos, coelhos, bovinos e caprinos. Tinham a infra estrutura para manter todos os monges e internos, cuja vida era extremamente dura.
As 4:30 horas da manhã todos acordavam e às 5:00 assistiam missa. Depois tomavam o desjejum - a característica disciplinar era que todas as refeições tinham que transcorrer em absoluto silêncio, quem ousasse falar era punido severamente. Após o desjejum cada um seguia para suas tarefas diárias, com pausa para o almoço para continuar até que escurecesse. Como não havia luz elétrica, o trabalho se prolongava até onde a claridade natural permitisse. Isso não impedia que várias atividades, como na cozinha, por exemplo, continuassem a luz de velas e candeeiros. Também a leitura à noite tinha que ser feita à luz de velas.
Para piorar a situação, o pai da criança, cujo nome não se conseguiu apurar, recusou-se a assumir a criança e casar-se com Irene. O desastre estava completo! Uma mãe solteira dificilmente conseguiria casar-se, ficaria manchada indelevelmente, seria motivo de comentários maldosos de todos na região e passaria a ser um fardo na vida da família. Em 19 de agosto de 1907, portanto, nasce um menino, que foi batizado com o nome de Luis Vallejo Monje, cujo sobrenome foi extraído dos nomes dos avós maternos, Valentín Vallejo Iglesias e Avelina Monje.
O tempo passa e, alguns anos depois, entra em cena Sergio González Medina, que resolve desposar Irene sob uma condição: que ela se descarte do filho bastardo. A situação foi resolvida com a entrega da criança aos seus avós maternos. Irene, desesperada, aceita tal solução, imaginando que, com o passar dos anos, Sergio acabaria se acostumando com Luis e, além disso, a criança com seus avós não ficaria distante dela.
Porém, o tempo, ao invés de trazer solução, complica mais a situação. Sergio é rigoroso, teimoso e inflexível e não muda de idéia de forma nenhuma e odeia terrivelmente a criança. O menino cresce e passa a visitar a mãe. Não lhe esconderam a verdadeira história e tem plena consciência de que o seu padrasto não o quer. Conforme depoimento feito por Luis a nós, conta que, várias vezes, estava com sua mãe enquanto Sergio estava no campo e quando chegava a hora do seu retorno à casa, sua mãe enrolava um pedaço de bolo em um guardanapo e lhe dava, mandando que saísse rápido e voltasse para a casa dos avós. Mas, Sergio ficou sabendo dessas visitas e, furioso, ameaça Irene. A situação estava insustentável. O menino, com 10 anos, era difícil de conter. Os avós e suas tias, as famosas “irmãs Monje”, não mais conseguiam impedir que visitasse a mãe.
Sérgio mora agora em Renedo de Valderaduey, um povoado cerca de 7 km ao norte de Villazanzo. Mas isso não é obstáculo para o menino ir ter com a mãe. E ainda existem as festas como Natal, Páscoa, a famosa “picatuesta” (uma festa familiar e comunitária, verdadeira celebração, onde todos os vizinhos se reuniam para a matança do porco) encontros de toda a família, onde o pequeno Luis tinha que fugir e se ocultar de Sergio, que o hostilizava e perseguia abertamente.
Sergio dá um ultimato aos avós de Luis para que resolvam o problema de mantê-lo longe de sua casa, ameaçando matá-lo se o encontrar lá, e estes não encontram outra solução a não ser interná-lo em um colégio marista.
No internato, mais uma vez ressaltamos, é difícil a alguém moderno imaginar as condições de vida dos internos. Estamos em plena Primeira Guerra Mundial, que incendeia a Europa. A disciplina dos maristas é feroz. O pequeno Luis, que teve uma infância traumatizada, agora vai passar por outro transe: não terá adolescência. Vai crescer sob o domínio férreo da ordem religiosa, vai ter sua mente lavada, tornando-se um católico fanático, um “percevejo” de mosteiro e vai ser treinado para assumir uma postura rigorosa, inflexível, disciplinadora, cultuando valores como a caridade, boa fé, a justiça, a honra, a coragem, a honestidade e a lisura.
O esquema combinado foi o internamento do pequeno, com 11 anos de idade, que receberia casa comida, vestuário e instrução em troca de serviços prestados. Os mosteiros da década de 1920, na região, não tinham energia elétrica e eram quase auto suficientes em tudo. Possuíam granjas, currais e hortas. Criavam galinhas, porcos, coelhos, bovinos e caprinos. Tinham a infra estrutura para manter todos os monges e internos, cuja vida era extremamente dura.
As 4:30 horas da manhã todos acordavam e às 5:00 assistiam missa. Depois tomavam o desjejum - a característica disciplinar era que todas as refeições tinham que transcorrer em absoluto silêncio, quem ousasse falar era punido severamente. Após o desjejum cada um seguia para suas tarefas diárias, com pausa para o almoço para continuar até que escurecesse. Como não havia luz elétrica, o trabalho se prolongava até onde a claridade natural permitisse. Isso não impedia que várias atividades, como na cozinha, por exemplo, continuassem a luz de velas e candeeiros. Também a leitura à noite tinha que ser feita à luz de velas.
O pequeno Luis estudava em uma parte do dia e na outra trabalhava, ajudando na cozinha e na faxina. O idioma falado nos mosteiros dos Irmãos Maristas era o francês, e assim, logo ele falava fluentemente tal língua. Ao ficar mais velho, passou a trabalhar na horta e granjas do mosteiro. Então aprendeu todos os truques em lidar com a terra e com animais. Essa experiência o marcou tanto, que sempre onde morou, depois de casado, construía uma horta e um galinheiro. Ele nos dizia que seu sonho era ter um rancho, com bovinos e outros animais de criação. Infelizmente não conseguiu realizá-lo.
Em breve, passou de um interno leigo para a irmandade, ordenando-se irmão
marista, adotando então o nome de “Irmão Casimiro”. Os integrantes dessa ordem,
apesar de fazerem votos, inclusive o de castidade, não eram padres. Os irmãos
dentro dos mosteiros se revezavam em tarefas: cozinha, limpeza, pecuária,
criação, lavoura, construção, carpintaria, encanamentos, sapataria e depois,
eletricidade. Ao cumprir tal revezamento, aprendeu também os trabalhos nessas
especialidades.
Isso também nós pudemos testemunhar, quando ele raramente contratava alguém para
realizar um serviço em casa: fazia tudo. Possuía uma bancada com todos os
instrumentos para carpintaria e ferramentas para diversos fins.
Irmão Casimiro - 1927
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A Congregação Marista que tinha como grande missão levar o ensino de qualidade a
jovens pobres do campo, foi fundada na França em 1817 por Marcellin Champagnat
(hoje transformado em santo),
e sofreu um golpe na mesma França, em 1903, quando o governo ordenou a expulsão
das ordens religiosas e confiscou seus bens. Isso fez com que os Maristas se
refugiassem em outros países como a Bélgica, Itália e Espanha.
Conforme nos contou o próprio Luis, dentro da ordem naquela época havia uma
“panelinha” onde os franceses se juntavam para discriminar os irmãos de outras
nacionalidades. Os superiores e provinciais da ordem sempre eram franceses e
comandavam tudo com mão de ferro.
Aos 12 anos, Casimiro foi transferido para o Colégio dos Irmãos Maristas em
Grugliasco, Turim, Itália. Ficou aí de 1919 a 1926, onde completou o curso de
Humanidades, com 18 anos. Esse curso era
semelhante ao antigo Curso Normal e formava professores para o curso primário.
Antigo Colégio Marista em
Grugliasco
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Em 1925, o Ordem estava em expansão em outros países, notadamente Canadá,
Estados Unidos e Brasil, onde, aqui, estava em negociações para arrendar o
Colégio Pio X, em João Pessoa, Paraíba. Isso demandava o envio de mais irmãos,
mas ninguém queria vir para o Brasil.
E com razão. Na década de 1920, o Brasil era um local selvagem para os padrões
europeus: não possuía estradas, ferrovias ou portos. Nem energia elétrica. Nem
qualquer tipo de infra-estrutura. Apenas as capitais dos estados tinham alguns
traços de civilidade. As viagens entre os estados eram feitas por navios.
Ficaram famosos os “ITA”, que transportavam pessoas do norte e nordeste para o
sul. Para se imaginar a dificuldade, em 1953 - 1953, não 1926 - minha tia veio
do sul do Ceará para o Rio de Janeiro, em uma viagem de “pau de arara”. Tal
viagem durou 33 dias!
Década de 1930 - Fortaleza - Ceará: Navio com bandeira dinamarquesa
desembarcando passageiros na praia de Mucuripe - Não havia porto.
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Todos os navios tinham o nome começado
com "ITA"
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Caminhão "pau de arara"
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E a Ordem, sabedora de tais dificuldades, procura convencer os irmãos a partirem
para o Brasil. Apesar de sua disciplina rigorosa, a pessoa era livre para
abandoná-la e eles não podiam irritar o irmão a tal ponto. Assim, para fazer um
agrado, antes de dar a notícia da transferência, enviam o Irmão Casimiro para uma
estada na França, uma espécie de férias. De dezembro de 1925 a maio de 1926 ele
ficou no Colégio Sainte-Marie-Lyon, na cidade de Lyon, na França, em curso de
aperfeiçoamento da língua francesa.
Ao voltar a Grugliasco, em junho de 1926, ficou ciente do destino que seus superiores lhe deram: tinha sido destacado para servir no Brasil. Como era de se esperar, Casimiro resiste a tal ideia e segundo contou, pensou mesmo em abandonar a ordem. Mas, a vida na Europa estava muito difícil, pois a Primeira Guerra Mundial havia destroçado a economia dos países. Assim, com a promessa de retornar à Europa após um ano de serviço no Brasil, ele aceitou a transferência.
Os Maristas chegaram aqui em 1897 e fundaram seis colégios. Desde essa época se firmaram com a fama de possuir os melhores estabelecimentos de ensino do país. Até 1950, os mais destacados e ilustres brasileiros sempre tinham estudado nos colégios maristas. Então, em setembro de 1926, o Irmão Casimiro, juntamente com outros irmãos, embarcam em um vapor com destino ao Rio de Janeiro.
Ao voltar a Grugliasco, em junho de 1926, ficou ciente do destino que seus superiores lhe deram: tinha sido destacado para servir no Brasil. Como era de se esperar, Casimiro resiste a tal ideia e segundo contou, pensou mesmo em abandonar a ordem. Mas, a vida na Europa estava muito difícil, pois a Primeira Guerra Mundial havia destroçado a economia dos países. Assim, com a promessa de retornar à Europa após um ano de serviço no Brasil, ele aceitou a transferência.
Os Maristas chegaram aqui em 1897 e fundaram seis colégios. Desde essa época se firmaram com a fama de possuir os melhores estabelecimentos de ensino do país. Até 1950, os mais destacados e ilustres brasileiros sempre tinham estudado nos colégios maristas. Então, em setembro de 1926, o Irmão Casimiro, juntamente com outros irmãos, embarcam em um vapor com destino ao Rio de Janeiro.
De lá são enviados paras as
suas bases. Casimiro é destacado para o Colégio Marista São Luiz, em Recife, que
foi fundado pela Ordem em 1910. Ao mesmo tempo em que trabalha como professor do
Curso Primário, completa seus estudos superiores no Seminário Maior dos Irmãos
Maristas, mantido naquela cidade.
Grupo de
Irmãos Maristas no Seminário em Recife - Casimiro (seta)
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Inicia sua vida profissional no Brasil em 1927. Ao término desse ano, requer que
a promessa feita para ser transferido de volta a Europa seja cumprida. Mas os
Superiores não a cumprem e o convencem a ficar até que conclua seu curso
superior. A crise mundial de 1929 o ajuda a decidir a permanecer em Recife até
1931.
Volta então a pedir aos superiores para que cumpram com a promessa e o
transfiram para a Europa. Ao invés disso, nesse mesmo ano, o transferem para o
Colégio Pio X, em João pessoa, Paraíba, que tinha sido arrendado à ordem em
1927.
Fica então, o Irmão Casimiro, nesse colégio até 1935, quando, novamente, é transferido,
desta vez para o Colégio Cearense do Sagrado Coração, em Fortaleza, Ceará.
Fundado em 1913 esse estabelecimento passou ao controle dos Maristas em 1916.
Fechou as portas em 2007 e hoje, no seu prédio funciona a Faculdade Católica do
Ceará.
Antigo Colégio Cearense
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Em 1939 estoura a Segunda Guerra Mundial e o Irmão Casimiro, como um bom
espanhol, criado e doutrinado por franceses, detesta a Inglaterra e, por tabela,
os Estados Unidos. Assim ele apoia a Alemanha, o que, aliás, muita gente fazia
no Brasil, desde muitos intelectuais até o próprio presidente da República,
Getúlio Vargas, e todo o seu governo.
Após janeiro de 1942, o Brasil resolveu apoiar os Estados Unidos na guerra
contra a Alemanha, que passou a ser considerado país inimigo. Movido por
intrigas dentro do próprio colégio, Casimiro foi denunciado à policia, como
sendo simpatizante da Alemanha - chamados de “germanófilos” - e teve sua prisão
decretada.
A polícia vai até ao Colégio para prendê-lo, porém, para sua sorte, nesse dia ele se encontrava fora. Avisado do fato, foge para Maranguape, onde é ajudado por um amigo - o Sr. Raimundo da Silva Braga - que lhe fornece arma e provisões e lhe manda esconder-se na floresta da serra de Pirapora. Armado com um rifle “papo amarelo” - a Winchester 1873, calibre 44 - com 32 balas, um embornal com comida e um cantil com água ele se embrenhou na floresta. Já está há 12 dias no mato, quando quase é apanhado por uma patrulha. Viver na mata sendo caçado, o desgastou muito e, já que era inocente, resolveu se entregar. Chegando à Fortaleza foi à delegacia onde ficou detido.
A polícia vai até ao Colégio para prendê-lo, porém, para sua sorte, nesse dia ele se encontrava fora. Avisado do fato, foge para Maranguape, onde é ajudado por um amigo - o Sr. Raimundo da Silva Braga - que lhe fornece arma e provisões e lhe manda esconder-se na floresta da serra de Pirapora. Armado com um rifle “papo amarelo” - a Winchester 1873, calibre 44 - com 32 balas, um embornal com comida e um cantil com água ele se embrenhou na floresta. Já está há 12 dias no mato, quando quase é apanhado por uma patrulha. Viver na mata sendo caçado, o desgastou muito e, já que era inocente, resolveu se entregar. Chegando à Fortaleza foi à delegacia onde ficou detido.
Villa Carvalho Silva - 1942 - Maranguape - CE -
Onde Ir. Casimiro se escondeu
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Por sorte, aconteceu um feliz imprevisto. No Colégio ele treinava o time de vôlei, que
sempre jogava contra seu maior adversário: o time de vôlei do batalhão do
exército, treinado por um Capitão. Dessas partidas, o Capitão ficou muito seu
amigo. Então, na Delegacia, eis que entra esse mesmo Capitão, que ao vê-lo
algemado ficou surpreso e imediatamente chamou o delegado e ordenou que o
soltasse, o que foi feito, sem delongas.
Após essa desagradável experiência, o Irmão Casimiro queria voltar a todo custo para a Europa, mesmo em plena Guerra Mundial. Porém o máximo que seus superiores fizeram foi transferi-lo, nesse mesmo ano de 1942, para o Colégio N S da Vitória, em Salvador, Bahia.
Após essa desagradável experiência, o Irmão Casimiro queria voltar a todo custo para a Europa, mesmo em plena Guerra Mundial. Porém o máximo que seus superiores fizeram foi transferi-lo, nesse mesmo ano de 1942, para o Colégio N S da Vitória, em Salvador, Bahia.
Colégio NS da Vitória
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Mas, desta vez a paciência do irmão Casimiro havia se esgotado. Indignado, pois
os próprios maristas lhe haviam ensinado a venerar a honra e a palavra
empenhada, achava intolerável que os dirigentes ficassem o enganando com
mentiras e promessas que jamais seriam cumpridas. Os dirigentes, por sua vez não
acreditavam que uma pessoa, com quase 40 anos, que sempre vivera ao abrigo
da ordem tivesse coragem para abandoná-la e enfrentar a vida fora do mosteiro.
No ano de 1943, segundo ele mesmo contou, farto de tratar com "canalhas" (como caracterizou os irmãos dirigentes que o enganavam) decide abandonar a ordem. No ano de 1944, um irmão seu amigo que servia no Rio de Janeiro, lhe dá cobertura para abandonar a ordem, arranjando-lhe uma vaga em uma pousada que ficava na Rua Carlos de Carvalho, 34, no centro do Rio de Janeiro. Em dezembro desse ano, Casimiro se desliga da Ordem, recebendo uma pequena indenização pecuniária, e parte para o Rio de Janeiro. Em janeiro de 1945, retira seu documento de identidade no consulado da Espanha, como se pode ver aqui. Pela primeira vez em sua vida adulta usará seu nome de batismo: Luis Vallejo Monje
No ano de 1943, segundo ele mesmo contou, farto de tratar com "canalhas" (como caracterizou os irmãos dirigentes que o enganavam) decide abandonar a ordem. No ano de 1944, um irmão seu amigo que servia no Rio de Janeiro, lhe dá cobertura para abandonar a ordem, arranjando-lhe uma vaga em uma pousada que ficava na Rua Carlos de Carvalho, 34, no centro do Rio de Janeiro. Em dezembro desse ano, Casimiro se desliga da Ordem, recebendo uma pequena indenização pecuniária, e parte para o Rio de Janeiro. Em janeiro de 1945, retira seu documento de identidade no consulado da Espanha, como se pode ver aqui. Pela primeira vez em sua vida adulta usará seu nome de batismo: Luis Vallejo Monje
Identidade do Consulado em 16/01/1945
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O ato de abandonar a ordem foi extremamente corajoso. Sua situação era
desanimadora: não tinha experiência na vida fora dos mosteiros, não tinha um só
amigo na cidade do Rio, não conhecia ninguém, estava em um país estrangeiro, não
conhecia a cidade, com muito pouco dinheiro, desempregado, sozinho no mundo.
Mas, como uma pessoa que enfrentou as maiores provações na vida sempre na
solidão, sem ajuda da família, sem um amigo ou parente que lhe desse um abraço,
sem jamais ter tido tempo para as diversões da juventude, teve seu caráter
forjado firmemente, com uma coragem e fibra excepcionais. E isso lhe dava forças
para enfrentar qualquer situação adversa.
Nesse enfrentamento, começa a se informar - não era fácil - dos endereços dos colégios do Rio e passa os dias a visitá-los, andando a pé e de bonde, procurando uma colocação, coisa que não seria difícil, dada a fama de "excelentes" conquistada pelos professores maristas. Mas, janeiro era época de férias e os estabelecimentos não funcionavam plenamente, os diretores e responsáveis estavam fora e as negociações teriam que esperar para março, quando começassem as aulas.
Nesse compasso de espera, toma conhecimento de um anúncio no jornal que oferecia emprego para professor em um colégio católico no interior do Estado do Rio de Janeiro. O colégio era o Ginásio Nossa Senhora do Amparo, dirigido pelas Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo e a cidade, Barra Mansa, a cerca de 100 km de distância do Rio de Janeiro. Nessa época a cidade possuía apenas dois estabelecimentos de ensino, sendo ambos exclusivos: o N S do Amparo destinava-se a moças e o Colégio Verbo Divino, aos rapazes.
Nesse enfrentamento, começa a se informar - não era fácil - dos endereços dos colégios do Rio e passa os dias a visitá-los, andando a pé e de bonde, procurando uma colocação, coisa que não seria difícil, dada a fama de "excelentes" conquistada pelos professores maristas. Mas, janeiro era época de férias e os estabelecimentos não funcionavam plenamente, os diretores e responsáveis estavam fora e as negociações teriam que esperar para março, quando começassem as aulas.
Nesse compasso de espera, toma conhecimento de um anúncio no jornal que oferecia emprego para professor em um colégio católico no interior do Estado do Rio de Janeiro. O colégio era o Ginásio Nossa Senhora do Amparo, dirigido pelas Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo e a cidade, Barra Mansa, a cerca de 100 km de distância do Rio de Janeiro. Nessa época a cidade possuía apenas dois estabelecimentos de ensino, sendo ambos exclusivos: o N S do Amparo destinava-se a moças e o Colégio Verbo Divino, aos rapazes.
Foto Atual do Colégio NS do Amparo
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Além de contratá-lo, as freiras, que ficaram encantadas com o carisma do seu
novo contratado, também conseguiram emprego para ele no Colégio Verbo Divino,
dirigido pelos padres da Congregação Verbo Divino (SVD - Societas Verbi Divini).
Os padres do Colégio Verbo Divino também lhe apoiaram, como um quase colega,
proporcionando-lhe hospedagem, num pequeno quarto no sótão do próprio colégio.
Foto Atual do Colégio Verbo Divino
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A Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo foi fundada em
Petrópolis pelo Padre João Francisco de Siqueira Andrade, em 1871 e o Ginásio
Nossa Senhora do Amparo - hoje Colégio N S do Amparo - foi inaugurado em Barra
Mansa em 1942. A SVD foi fundada na Holanda pelo padre alemão - hoje Santo -
Arnaldo Janssen, em 1875, iniciando seus trabalhos no Brasil em 1895. O Colégio
Verbo Divino em Barra Mansa foi inaugurado em 1933.
Assim, em 1945, Luis Vallejo inicia sua nova vida em Barra Mansa, lugar em que também encerrará sua existência. Nesse mesmo ano conhece o Maestro Silva Novo, que lhe convida para passar um fim de semana em sua casa, na Vila Pereira Carneiro, em Niterói. Esse é o início de uma sólida amizade e o professor Luis visita o maestro com frequência. Numa dessas visitas, encontra-se com uma moça que também morava na mesma Vila. Logo inicia um namoro, que culmina com seu casamento em 1947.
Depois de casado, vai morar, em Barra Mansa, em uma casa na Vila Geraldo Osório - hoje Vila Joana D’Arc - no bairro Cotiara. Ao mesmo tempo começa a construção de uma casa, situada no numero 1250 da Rua José Hipólito, no mesmo bairro, para a qual se muda em 1950.
Teve quatro filhos: em 1948, nasce o seu primeiro filho, batizado José Luis, que morre antes de completar 3 meses. Em 1949 nasce o segundo filho, este que vos escreve. Em 1950 nasce seu terceiro filho, batizado Carlos e em 1953 nasce o quarto e último filho, batizado Alberto.
O governo pretendia abrir um colégio estadual em Barra Mansa, mas a legislação da época somente permitia que brasileiros ocupassem funções públicas. Para participar do quadro de professores do futuro colégio estadual, ele foi obrigado a se naturalizar brasileiro. Nesse momento resolveu retirar o “Monje” de seu nome, assinando daí por diante somente “Luis Vallejo”. Isso ocorreu em 1953.
Em 1955 adquire seu primeiro automóvel, um Vanguard inglês modelo standard. Até então seu meio de transporte era uma bicicleta. Hoje seria engraçado ver um senhor de terno pedalando sua bicicleta para ir ao trabalho. Na época os professores eram obrigados a usar terno para dar aulas, costume que se prolongou até meados da década de 1960. Duas vezes por ano comprava seus ternos, sempre na Casa José Silva, no Rio de Janeiro.
Em 1956 compõe a Comissão de professores que fundará o Colégio Estadual de Barra Mansa, que será instalado na Escola Baldomero Barbará, construída em 1955.
De 1961 a 1986, anualmente, integrava a banca de examinadores da SOBEU -Sociedade Barramansense de Ensino Universitário, atualmente UBM, durante o seu vestibular
Em 1968, pelo decreto nº 13200 foi nomeado membro do Conselho Fiscal das caixas Escolares dos Colégios Estaduais do Rio de Janeiro
Em 1969 é nomeado, pelo prefeito de Barra Mansa, diretor do primeiro colégio municipal da cidade, conhecido hoje como Colégio Municipal Marcello Drable.
Em 1970 é contratado como diretor do Instituto Metodista Orlando Rossi, que fora recém inaugurado.
Em 1973 foi nomeado pela portaria nº 160, Dirigente de Turno do Curso Noturno do Colégio Estadual de Barra Mansa, ficando nele até sua aposentadoria. Ainda nesse ano termina seu mandato como diretor do Colégio Municipal Marcello Drable.
Em 1975 deixou o cargo de diretor do Instituto Metodista Orlando Rossi.
Em 1977 aposentou-se pelo INPS, hoje INSS.
Em 1978 aposentou-se pelo Estado, com 71 anos de idade e 51 de magistério, sendo desses, 33 cumpridos em Barra Mansa, RJ.
É dispensável dizer que ele era um católico fanático e observava rigorosamente os mandamentos, inclusive os da Igreja, cumprindo todos os seus rituais e pagando religiosamente o dízimo. Sem traquejo da vida social secular, quase sempre falava a verdade (as pessoas geralmente se zangam quando ouvem verdades e chamam aquele que fala de “grosseiro” e “sem educação”), não admitia quebras na disciplina, na palavra empenhada e no cumprimento de horários; praticava a caridade até mesmo de modo arriscado (como hospedar em sua casa estranhos, apenas por trazerem carta de recomendação de conhecidos; emprestar seu carro novo e ter que retirá-lo de um abismo e pagar os consertos do próprio bolso ou recolher dinheiro entre os alunos para enviar ao leprosário).
Caráter irrepreensível, correto, justo, rigoroso, honesto até um ponto inacreditável para os padrões brasileiros, jamais participou de negociatas que se lhes apresentaram. Retraído, sem vocação para os holofotes, declinou convites insistentes para entrar para a Maçonaria, Lions Club e Rotary Club. Também não era sócio de nenhum clube da cidade. Um personagem que apenas agiu como sua consciência limpa lhe mandava, sem propaganda, sem conchavos, sem toma lá, dá cá, e que conseguiu angariar o respeito e consideração de uma legião de admiradores, principalmente colegas, ex-alunos e seus pais.
Manteve sempre uma vida extremamente reservada e regrada, com o dinheiro contado, trabalhando em certa época em cinco empregos, e nós, seus filhos, sabemos como ninguém como era espartana a nossa existência. Seus proventos em média giravam em torno de 5 salários mínimos. No fim de sua vida deixou os seguintes bens: uma casa com 120 m2, num terreno de 700 m2, no bairro Cotiara em Barra Mansa, RJ; um velho automóvel com defeito, Dodge 1800, com 15 anos; um casa de 60 m2, num terreno de 1500 m2 no bairro Itaipuaçu em Maricá, RJ. Dinheiro? Gastou toda sua poupança, cerca de 30 mil reais na moeda de hoje, para tratar da doença que o matou. Para a viúva deixou apenas uma pensão de 2 salários mínimos.
Após sua aposentadoria, dividia seu tempo entre a casa em Maricá, RJ, onde possuía um pequeno pomar com plantações de laranjas e arvores frutíferas e a casa em Barra Mansa, onde se dedicava à sua horta e criação de galinhas.
Como dissemos anteriormente, ele não tinha a malícia do mundo e jamais verificou como estava a sua situação funcional junto aos colégios particulares. Por uma tremenda falta de honestidade, eles sempre recolheram seu INPS sobre o salário mínimo. Assim, por seus trinta anos de trabalho, seus proventos oriundos da aposentadoria pelo INPS foram reduzidos a pouco mais que um salário mínimo, tendo, por conseguinte, seu padrão de vida desabado, passando a viver em estado de pobreza.
Verificando que seu direito tinha sido esbulhado, procurou um advogado de renome, em Volta Redonda, para tratar do caso. Depois de analisar o problema o advogado lhe disse que era causa ganha e além de correção na aposentadoria, iria pedir danos morais num montante tal que abalaria as finanças dos colégios. Seu lado católico e seu amor pelos colégios o fizeram desistir da ação, mesmo sob nossos protestos. Era muito triste vê-lo andando pelo centro de cidade, com roupas surradas e sandálias havaianas. Mas ele jamais e preocupou com isso e sempre foi alegre. Estava feliz com sua vida simples, com suas netas, com sua horta, suas galinhas e a paz de espírito. Somente com a equiparação dos aposentados, promovida em 1986, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, é que sua situação sofreu alguma melhoria, mas isso não lhe adiantou muito, pois em menos de 3 anos faleceria.
Faleceu em 07/03/1989, aos 82 anos incompletos, vítima de câncer abdominal, e foi enterrado da maneira como viveu: sem homenagens, sem multidões, sem representantes do poder secular, mas acompanhado da sensação que tinha do dever cumprido e de haver exercido a nobre missão de TRANSMITIR CONHECIMENTOS a milhares de brasileiros, por mais de meio século, sempre com competência e dedicação extremos.
Assim, em 1945, Luis Vallejo inicia sua nova vida em Barra Mansa, lugar em que também encerrará sua existência. Nesse mesmo ano conhece o Maestro Silva Novo, que lhe convida para passar um fim de semana em sua casa, na Vila Pereira Carneiro, em Niterói. Esse é o início de uma sólida amizade e o professor Luis visita o maestro com frequência. Numa dessas visitas, encontra-se com uma moça que também morava na mesma Vila. Logo inicia um namoro, que culmina com seu casamento em 1947.
Depois de casado, vai morar, em Barra Mansa, em uma casa na Vila Geraldo Osório - hoje Vila Joana D’Arc - no bairro Cotiara. Ao mesmo tempo começa a construção de uma casa, situada no numero 1250 da Rua José Hipólito, no mesmo bairro, para a qual se muda em 1950.
Teve quatro filhos: em 1948, nasce o seu primeiro filho, batizado José Luis, que morre antes de completar 3 meses. Em 1949 nasce o segundo filho, este que vos escreve. Em 1950 nasce seu terceiro filho, batizado Carlos e em 1953 nasce o quarto e último filho, batizado Alberto.
O governo pretendia abrir um colégio estadual em Barra Mansa, mas a legislação da época somente permitia que brasileiros ocupassem funções públicas. Para participar do quadro de professores do futuro colégio estadual, ele foi obrigado a se naturalizar brasileiro. Nesse momento resolveu retirar o “Monje” de seu nome, assinando daí por diante somente “Luis Vallejo”. Isso ocorreu em 1953.
Em 1955 adquire seu primeiro automóvel, um Vanguard inglês modelo standard. Até então seu meio de transporte era uma bicicleta. Hoje seria engraçado ver um senhor de terno pedalando sua bicicleta para ir ao trabalho. Na época os professores eram obrigados a usar terno para dar aulas, costume que se prolongou até meados da década de 1960. Duas vezes por ano comprava seus ternos, sempre na Casa José Silva, no Rio de Janeiro.
Em 1956 compõe a Comissão de professores que fundará o Colégio Estadual de Barra Mansa, que será instalado na Escola Baldomero Barbará, construída em 1955.
De 1961 a 1986, anualmente, integrava a banca de examinadores da SOBEU -Sociedade Barramansense de Ensino Universitário, atualmente UBM, durante o seu vestibular
Em 1968, pelo decreto nº 13200 foi nomeado membro do Conselho Fiscal das caixas Escolares dos Colégios Estaduais do Rio de Janeiro
Em 1969 é nomeado, pelo prefeito de Barra Mansa, diretor do primeiro colégio municipal da cidade, conhecido hoje como Colégio Municipal Marcello Drable.
Em 1970 é contratado como diretor do Instituto Metodista Orlando Rossi, que fora recém inaugurado.
Em 1973 foi nomeado pela portaria nº 160, Dirigente de Turno do Curso Noturno do Colégio Estadual de Barra Mansa, ficando nele até sua aposentadoria. Ainda nesse ano termina seu mandato como diretor do Colégio Municipal Marcello Drable.
Em 1975 deixou o cargo de diretor do Instituto Metodista Orlando Rossi.
Em 1977 aposentou-se pelo INPS, hoje INSS.
Em 1978 aposentou-se pelo Estado, com 71 anos de idade e 51 de magistério, sendo desses, 33 cumpridos em Barra Mansa, RJ.
É dispensável dizer que ele era um católico fanático e observava rigorosamente os mandamentos, inclusive os da Igreja, cumprindo todos os seus rituais e pagando religiosamente o dízimo. Sem traquejo da vida social secular, quase sempre falava a verdade (as pessoas geralmente se zangam quando ouvem verdades e chamam aquele que fala de “grosseiro” e “sem educação”), não admitia quebras na disciplina, na palavra empenhada e no cumprimento de horários; praticava a caridade até mesmo de modo arriscado (como hospedar em sua casa estranhos, apenas por trazerem carta de recomendação de conhecidos; emprestar seu carro novo e ter que retirá-lo de um abismo e pagar os consertos do próprio bolso ou recolher dinheiro entre os alunos para enviar ao leprosário).
Caráter irrepreensível, correto, justo, rigoroso, honesto até um ponto inacreditável para os padrões brasileiros, jamais participou de negociatas que se lhes apresentaram. Retraído, sem vocação para os holofotes, declinou convites insistentes para entrar para a Maçonaria, Lions Club e Rotary Club. Também não era sócio de nenhum clube da cidade. Um personagem que apenas agiu como sua consciência limpa lhe mandava, sem propaganda, sem conchavos, sem toma lá, dá cá, e que conseguiu angariar o respeito e consideração de uma legião de admiradores, principalmente colegas, ex-alunos e seus pais.
Manteve sempre uma vida extremamente reservada e regrada, com o dinheiro contado, trabalhando em certa época em cinco empregos, e nós, seus filhos, sabemos como ninguém como era espartana a nossa existência. Seus proventos em média giravam em torno de 5 salários mínimos. No fim de sua vida deixou os seguintes bens: uma casa com 120 m2, num terreno de 700 m2, no bairro Cotiara em Barra Mansa, RJ; um velho automóvel com defeito, Dodge 1800, com 15 anos; um casa de 60 m2, num terreno de 1500 m2 no bairro Itaipuaçu em Maricá, RJ. Dinheiro? Gastou toda sua poupança, cerca de 30 mil reais na moeda de hoje, para tratar da doença que o matou. Para a viúva deixou apenas uma pensão de 2 salários mínimos.
Após sua aposentadoria, dividia seu tempo entre a casa em Maricá, RJ, onde possuía um pequeno pomar com plantações de laranjas e arvores frutíferas e a casa em Barra Mansa, onde se dedicava à sua horta e criação de galinhas.
Como dissemos anteriormente, ele não tinha a malícia do mundo e jamais verificou como estava a sua situação funcional junto aos colégios particulares. Por uma tremenda falta de honestidade, eles sempre recolheram seu INPS sobre o salário mínimo. Assim, por seus trinta anos de trabalho, seus proventos oriundos da aposentadoria pelo INPS foram reduzidos a pouco mais que um salário mínimo, tendo, por conseguinte, seu padrão de vida desabado, passando a viver em estado de pobreza.
Verificando que seu direito tinha sido esbulhado, procurou um advogado de renome, em Volta Redonda, para tratar do caso. Depois de analisar o problema o advogado lhe disse que era causa ganha e além de correção na aposentadoria, iria pedir danos morais num montante tal que abalaria as finanças dos colégios. Seu lado católico e seu amor pelos colégios o fizeram desistir da ação, mesmo sob nossos protestos. Era muito triste vê-lo andando pelo centro de cidade, com roupas surradas e sandálias havaianas. Mas ele jamais e preocupou com isso e sempre foi alegre. Estava feliz com sua vida simples, com suas netas, com sua horta, suas galinhas e a paz de espírito. Somente com a equiparação dos aposentados, promovida em 1986, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, é que sua situação sofreu alguma melhoria, mas isso não lhe adiantou muito, pois em menos de 3 anos faleceria.
Faleceu em 07/03/1989, aos 82 anos incompletos, vítima de câncer abdominal, e foi enterrado da maneira como viveu: sem homenagens, sem multidões, sem representantes do poder secular, mas acompanhado da sensação que tinha do dever cumprido e de haver exercido a nobre missão de TRANSMITIR CONHECIMENTOS a milhares de brasileiros, por mais de meio século, sempre com competência e dedicação extremos.
Em meados da década de 1990, o
Governo do Estado do Rio de Janeiro prestou-lhe homenagem póstuma destacando-o
como patrono do CIEP 486 (Centro Integrado de Educação Popular) um conjunto
escolar situado à Estr. Governador Chagas Freitas, 798 - Bocaininha,
Barra Mansa - RJ.
CIEP 486 - Prof. Luis Vallejo
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Dentre os vários cursos de aperfeiçoamento e títulos recebidos durante sua vida,
destacam-se:
- CERTIFICADO DE TERMINO DE CURSO DE FILOSOFIA, expedido pelo Seminário Maior dos Irmãos Maristas
- REGISTRO DE PROFESSOR, expedido pelo MEC
- REGISTRO DE CURSO NORMAL expedido pelo MEC
- REGISTRO DE DIRETOR, expedido pelo MEC
- DIPLOMA DE FIGURA DE PROJEÇÃO como PROFESSOR, conferido pelo jornal "PROJEÇÃO" de Barra Mansa
- DIPLOMA DE "MELHOR DO ANO NO SETOR DE ENSINO", conferido pelo jornal "A EVOLUÇÃO", de Barra Mansa
- MENÇÃO HONROSA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE BARRA MANSA, por sua atuação a frente do Ginásio Municipal
- CERTIFICADO DE HONRA AO MÉRITO, conferido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado
- CERTIFICADO DE CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE DIRETORES, conferido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado
- CERTIFICADO DE CURSO DE DINÂMICA DE GRUPO, ministrado pela professora Maria Junqueira Schimdt
- CERTIFICADO DE CURSO DE ESTUDOS SOBRE A REFORMA DO ENSINO, expedido pela Associação de Educação Católica.
- CERTIFICADO "PROCARTA" DO CURSO DE LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO EDUCACIONAL, expedido pelo MEC
- MEDALHA DE OURO ANCHIETA, do SINPRO, Sindicato dos Professores de Barra Mansa e Volta redonda
- CERTIFICADO DE CURSO DE RECICLAGEM, promovido pelo SINPRO
Homenagens
No Facebook em 2014:
CURTIDAS no Facebook
COMUNIDADE EM FALTA COM LUIS VALLEJO
JANE CHIESSE ZANDONADE
Jornal “ALTERNATIVO” – 15/03/1989
JANE CHIESSE ZANDONADE
Jornal “ALTERNATIVO” – 15/03/1989
As pessoas acostumadas a viajar pelo interior sabem, logo de cara, ao entrar em uma pequena cidade desconhecida, se esta se encontra no início de sua vida político-econômica e começa a crescer ou se é pequena porque está em decadência. Os que viajam entendem o que digo. Viajantes que passam por Barra Mansa, sentem a situação da cidade, espremida entre Volta Redonda e Resende. Barra Mansa não tende a melhorar. Para nós, que vivemos o cotidiano desta cidade, é mais fácil ver esta tendência pelos caminhos que tem tomado o comportamento da Comunidade.
Uma Comunidade em decadência não participa nem dá apoio a eventos culturais, não se importa com seus referenciais de cultura (prédios históricos, parques e jardins públicos, pessoas significativas à comunidade, etc.) o comércio se torna mercenário, os políticos se tornam mercenários, a educação se exerce de maneira desinteressante, etc. A cidade reflete o país: empobrecida, sem o mínimo orgulho social, deseducada, desinteressante, parada. Um amontoado de gente sonhando em viver em lugar melhor.
O enterro do Professor Luis Vallejo foi um sintoma do que foi exposto acima. Um homem conhecidíssimo na cidade, professor de várias gerações nos melhores Colégios da região, primeiro Diretor do Colégio Municipal Marcello Drable, entre outras coisas. Não havia representação dos Colégios locais com alunos uniformizados, o corpo deveria ter sido velado na Câmara Municipal, os estabelecimentos de ensino poderiam ter dispensado os alunos naquela tarde para que os professores pudessem levar ao Professor Luis, sua homenagem.
A nossa classe anda mesmo desacreditada de si mesma e sem se dar valor. E os educadores da cidade perderam, assim, a chance de ensinar aos membros da comunidade e a seus alunos a solidariedade humana, o respeito e o agradecimento por uma pessoa das mais ilustres da história de Barra Mansa.
Êta, povinho!
DESCULPE-NOS, PROFESSOR LUIS VALLEJO
Professora JANE CHIESSE ZANDONADE
Professora JANE CHIESSE ZANDONADE
Jornal “O SUL FLUMINENSE” – 24/03/1989
Quando se pensa em COMUNIDADE, ou melhor, naquilo que uma comunidade contribui para a formação do indivíduo ou do grupo, observamos que tanto uma como outra, são uma coisa só; a interação de ambos é simbiótica, como se um fosse parasita de outra, alimentando-se mutuamente dos fatos e influências que exercem entre si. Os indivíduos guiam o comportamento da comunidade assim como a comunidade influencia o comportamento dos seus membros. E o fator que dirige essa simbiose é, inegavelmente, comprovadamente, definitivamente, a EDUCAÇÃO. É esta a mola que aciona, da infância à maturidade, as regras de como conviver - com/viver - que os seres humanos, através de milhares e milhares de anos, vêm tentando aprimorar para que sua história sobreviva, para que a sua própria espécie sobreviva e - no estágio atual das coisas - para que o seu próprio planeta possa sobreviver.
Educar não é uma tarefa só de professores ou de pais e mães: é uma tarefa de vida, da vida de cada um sobre a do amigo, do colega, dos filhos, do pai, da mãe, da empregada, daquela pessoa que caiu na rua, no trânsito, na política, no cinema, na discoteca, na feira. Educar é a principal missão do ser humano do “homo sapiens”, detentor do mais elaborado sistema de linguagem desenvolvido exatamente para isso: transmitir. Mas não nos iludamos: a linguagem só transmite verdadeiramente o que o corpo sente e, o que a cabeça realmente pensa. Não nos iludamos: só o exemplo de cada um pode educar verdadeiramente os membros de uma comunidade. O patrão que mal trabalha terá empregados que trabalham mal; a mãe que repudia a velhice dos seus terá uma filha que repudiará a velhice dela - e a de todos; o motorista que reclama da violência no trânsito terá que começar, ele mesmo, a ser gentil. Não há escapatória.
Pois, nós assistimos, este mês, precisamente aos 7 de março de 1989, o falecimento de um professor incomum, um homem que durante toda a sua vida se preocupou em transmitir o que sabia e o que era, e, conseguiu passar, nas entrelinhas e nas relações subliminares, o rigor, o vigor; a honestidade, o amor ao trabalho (eu nunca vi o professor Luis Vallejo faltar a uma aula sequer, e olhem que nos ensinava – no Amparo de outrora - Matemática, Geografia, Francês, História), o amor ao Colégio, ao Brasil. Meu professor querido que me acompanhou por sete anos, ginásio e curso Normal, esbravejando de quando em vez como certamente o faziam os professores da Espanha, país de onde veio; sempre de terno e gravata, como se exigia dos professores da época, indo embora de bicicleta e chapéu, dono do sorriso mais lindo - dentes perfeitos - e chefe de uma família alegre, na qual percebíamos não ser ele o ditador, que brincava ser em sala de aula. Quem não tem saudades? Saudades dele e do tempo em que a educação era séria neste país?
Há trinta anos atrás, nós já tínhamos professores que haviam sido alunos de Luis Vallejo. Pais e mães de nossos alunos de agora, foram alunos de Luis Vallejo. Ele foi, portanto, uma figura importantíssima na comunidade, professor de várias gerações e de vários estabelecimentos de Ensino, algumas vezes Diretor de Colégio e outras coisas mais.
Acompanhamos o nosso professor à sua última morada, eu dezenas de outros professores que foram seus alunos, homens e mulheres de outras profissões, que foram seus alunos. Estranhei: o corpo deveria ter sido velado na Câmara Municipal: não foi. Esperei encontrar alunos uniformizados representando os seus respectivos Colégios: não havia nenhum. Comentei que os Estabelecimentos de Ensino poderiam ter suspendido as aulas, no período da tarde: só o Barão de Aiuruóca manifestou-se, pelo que sei, permitindo que os seus alunos fossem para casa mais cedo, pouco antes do enterro. Que lição podemos tirar disto tudo? Várias.
Primeiro, que somos uma comunidade em decadência: nossa memória anda muito fraca. E, uma comunidade sem memória, deixa de ser comunidade, pois já não existe a sua principal característica que é a lembrança de seus feitos passados, o amor a seus membros mais significativos, o respeito ao seu próprio patrimônio, tomando-nos a todos em um “salve-se quem puder” selvagem.
Segundo, que quando morrermos - nós, professores - que contribuímos bem menos que Luis Vallejo para a formação das gerações, estaremos em proporção bem menor que ele em relação à apreciação social de nosso trabalho. Morreremos esquecidos pelos alunos desta geração que, por sinal, não entende mais a amizade e o agradecimento pelos mestres, tal a desimportância que baixou sobre a profissão de Educador.
Terceiro, o mais sério de todos os motivos, é que esquecemo-nos de demonstrar, naquela hora, o devido respeito pela nossa própria profissão; demonstrar à comunidade e aos alunos de hoje que nós prezamos a lembrança de nossos mestres (e nós, somos os mestres hoje, reparem) perdendo uma chance imperdível de transmitir aos jovens a solidariedade humana. Nós, professores e Colégios, deveríamos ter sido, naquele momento, o mais importante veículo de todas as mensagens que pudéssemos passar para a comunidade. Como mestres, falhamos aqui.
Desculpe-nos, professor Luís, por não termos feito justiça à sua importância, por não termos sabido demonstrar a nossa profunda tristeza pela sua perda, por nossa impossibilidade de dar importância à nossa própria classe.
A comunidade deixou uma lacuna na educação de seus membros. Educadores e Estabelecimentos de Ensino também perderam esta chance. Perdemos todos, cada vez mais, porque não temos lutado (e por isso mesmo não temos transmitido) pelos valores reais do ser humano.
Uma pena. Uma pena mesmo!
"Faleceram recentemente em
nossa cidade, duas personalidades das mais representativas, pelos anos vividos
em prol de uma sociedade sadia: José Hauegem, - o “Ganha Pouco” - e o professor
Luis Vallejo - Prof. Luisão.
Jornal “A EVOLUÇÃO”- 04.04.89
Jornal “A EVOLUÇÃO”- 04.04.89
Carta enviada por Luis VC Vallejo à
professora Jane Chiesse.
Barra Mansa, 28 de março de 1989
Cara Jane
No dia de hoje, entre emocionado e agradecido, deparei-me com matéria nos jornais “O Sul Fluminense " (ed. 24/O3/89) e "Alternativo" (ed. 15/O3/89), ambas trazendo sua assinatura, referindo-se ao falecimento de meu pai, Luis Vallejo.
Na verdade, a filosofia de vida que ele nos passou, tanto por palavras como por exemplos sempre foi a de exaltação à Deus, à honestidade, ao trabalho, à busca incessante do conhecimento, ao aperfeiçoamento de nobres sentimentos humanos, à austeridade e à simplicidade.
Durante mais de três décadas, varias gerações de barramansenses atestaram essas suas virtudes e usufruíram dos conhecimentos, educação e cultura que ele lhes transmitiu. Essa era sua obrigação e, o compromisso assumido e o cumprimento da palavra empenhada, para ele, se configuravam como sagrados.
Como se podia esperar, nunca foi sua aspiração receber homenagens terrenas, pode-se mesmo dizer, que até dispensava as poucas que se lhes faziam. Realizava-se, porém, vendo o progresso dos seus ex-alunos. Comprazia-se com seu sucesso e orgulhava-se disso. Eram frutos da árvore cuja semente ele tinha ajudado a germinar e desenvolver. Era a comprovação física e palpável de que seu trabalho, árduo e ao mesmo tempo indispensável e importante, tinha sido bem executado.
Passou a vida nesse ritmo, talvez não conseguindo todos os bens materiais que pediu a Deus, mas, certamente tendo sempre tudo o que necessitou, inclusive paz de espírito e grandeza de alma.
Morreu, portanto, sem riquezas e sem homenagens faustosas, mas com a consciência serena de que, se não forjou obras vistosas aos olhos humanos, moldou indelevelmente corações e mentes, transmitindo ao máximo o tesouro do conhecimento, perene e imune à ação do tempo.
Infelizmente, não se pode transmitir a todos um antídoto contra o esquecimento que, com o rolar dos anos e com as durezas da vida, apaga de suas lembranças a importância daqueles que os ajudaram a despertar para o mundo e sua juventude. Porém, para toda regra existem exceções, como pudemos testemunhar pelo carinho e apoio de tantas pessoas que acorreram para prestar-lhe a última homenagem. Pessoas especiais como você, Jane, que no momento no qual não tínhamos condição de proferir sequer uma palavra, externou publicamente sua indignação, por julgar que estava sendo cometida uma injustiça contra a figura de meu pai, traduzindo algo que sentíamos e estávamos silenciando, talvez, até por uma questão de elegância.
Mas, apesar dessa indignação tão humana estamos absolutamente certos que meu pai não considerava prioritárias quaisquer homenagens que porventura lhe fossem feitas, como também, seguramente, acreditamos que a defesa acalorada que você prestou à sua memória, o recompensaria mais que qualquer outro tipo de manifestação.
Se todos os que tiveram a felicidade de conviver com ele - parentes, colegas, amigos e alunos - guardarem no coração uma parcela daquilo que você demonstrou, garantimos, em nosso nome e de meu pai, que estaremos plenamente confortados e recompensados.
Deus a abençoe.
Luis VC Vallejo
Cartas
Barra Mansa, 28 de março de 1989
Cara Jane
No dia de hoje, entre emocionado e agradecido, deparei-me com matéria nos jornais “O Sul Fluminense " (ed. 24/O3/89) e "Alternativo" (ed. 15/O3/89), ambas trazendo sua assinatura, referindo-se ao falecimento de meu pai, Luis Vallejo.
Na verdade, a filosofia de vida que ele nos passou, tanto por palavras como por exemplos sempre foi a de exaltação à Deus, à honestidade, ao trabalho, à busca incessante do conhecimento, ao aperfeiçoamento de nobres sentimentos humanos, à austeridade e à simplicidade.
Durante mais de três décadas, varias gerações de barramansenses atestaram essas suas virtudes e usufruíram dos conhecimentos, educação e cultura que ele lhes transmitiu. Essa era sua obrigação e, o compromisso assumido e o cumprimento da palavra empenhada, para ele, se configuravam como sagrados.
Como se podia esperar, nunca foi sua aspiração receber homenagens terrenas, pode-se mesmo dizer, que até dispensava as poucas que se lhes faziam. Realizava-se, porém, vendo o progresso dos seus ex-alunos. Comprazia-se com seu sucesso e orgulhava-se disso. Eram frutos da árvore cuja semente ele tinha ajudado a germinar e desenvolver. Era a comprovação física e palpável de que seu trabalho, árduo e ao mesmo tempo indispensável e importante, tinha sido bem executado.
Passou a vida nesse ritmo, talvez não conseguindo todos os bens materiais que pediu a Deus, mas, certamente tendo sempre tudo o que necessitou, inclusive paz de espírito e grandeza de alma.
Morreu, portanto, sem riquezas e sem homenagens faustosas, mas com a consciência serena de que, se não forjou obras vistosas aos olhos humanos, moldou indelevelmente corações e mentes, transmitindo ao máximo o tesouro do conhecimento, perene e imune à ação do tempo.
Infelizmente, não se pode transmitir a todos um antídoto contra o esquecimento que, com o rolar dos anos e com as durezas da vida, apaga de suas lembranças a importância daqueles que os ajudaram a despertar para o mundo e sua juventude. Porém, para toda regra existem exceções, como pudemos testemunhar pelo carinho e apoio de tantas pessoas que acorreram para prestar-lhe a última homenagem. Pessoas especiais como você, Jane, que no momento no qual não tínhamos condição de proferir sequer uma palavra, externou publicamente sua indignação, por julgar que estava sendo cometida uma injustiça contra a figura de meu pai, traduzindo algo que sentíamos e estávamos silenciando, talvez, até por uma questão de elegância.
Mas, apesar dessa indignação tão humana estamos absolutamente certos que meu pai não considerava prioritárias quaisquer homenagens que porventura lhe fossem feitas, como também, seguramente, acreditamos que a defesa acalorada que você prestou à sua memória, o recompensaria mais que qualquer outro tipo de manifestação.
Se todos os que tiveram a felicidade de conviver com ele - parentes, colegas, amigos e alunos - guardarem no coração uma parcela daquilo que você demonstrou, garantimos, em nosso nome e de meu pai, que estaremos plenamente confortados e recompensados.
Deus a abençoe.
Luis VC Vallejo
Cartas
CONDOLÊNCIAS OFICIAIS DA CONGREGAÇÃO NS DO AMPARO
Petrópolis, 08 de março de 1989
Prezada
D. Olindina e Filhos:
Acompanhamos com orações o sofrimento do prof. Luis nos seus últimos dias de
vida terrena. Ontem fomos sabedoras do encerramento deste caminho de Cruz para
ele e vocês que o acompanharam sofrendo junto e dando-lhe o carinho merecido. A
Congregação do Amparo que o considera amigo e benfeitor terá o nome dele gravado
nas crônicas e mais ainda na mente e no coração das Irmãs. Estamos certas de que
a Senhora do Amparo o acolheu nos braços como a um filho muito querido.
Continuemos no itinerário de fé e bondade que ele seguiu. Nossos sentimentos,
preces e estima.
Irmã
Jacinta M. Gurgel
Superiora Geral
Placa recebida do 1º Batalhão de Infantaria Blindada - 1º BIB em 1971
1918 - 11 anos
|
1921 - 14 anos
|
1927 - 20 anos
|
1932
|
1928 - Recife - (seta: Irmão Casimiro)
|
Batalhão do Exército - Fortaleza -CE - 1939 (seta:
Irmão Casimiro)
|
1943
|
1944
|
1946
|
1948
|
1949 - Com sua esposa, Maria Olindina e filho, Luis
Valentin
|
1949 -Com Luis Valentin
|
1952
|
1952 - Com Olindina, Carlos (colo), Luis
|
1953
|
1954
|
1955
|
1956-filhos-Esq:
Luis,
Alberto, Carlos
|
1958
|
1965
|
1966
|
1967
|
1968 - Em sua casa em Barra Mansa
|
1969 - Com Fabíola Pfeffer David
|
Com sua ex-aluna Eliane Thompson - Miss Brasil 1970
|
1972- Itaipuaçu - Com Luis
|
Em Itaipuaçu - Com sua Esposa - 1973
|
Despedida Ginásio Municipal - 1973
|
No Rio Piraí em Rio Claro - 1974
|
1976
|
1980 - Com
Luis
|
1980 - Com
a neta Cristina
|
1981 - Com Cristina em Itaipuaçu
|
1983 - Com Luis, Naira, Juliana, Cristina e Olindina
|
1983 - Com Hermínio -seu único irmão
no Brasil
|
1985 - Com Juliana
|
1985- Na Horta - Com Ju e Cris
|
1986 - Com os netos
|
1987 - Na
Praia - Com Ju e Cris
|
1987 - Itaipuaçu - Com Cris e Ju
|
1987 - A última foto 3x4 - Com 80 anos
|
Outros
1972 - Formatura do Curso
Normal no Colégio NS Amparo
|
Registro de Professor
|
Nomeação como
representante do corpo docente no Conselho Fiscal das Caixas Escolares
|
Carta de Naturalização
assinada por Getulio Vargas e Tancredo Neves
|
Registro de
Diretor
|
Carteira de Identidade
|
Jornal "Voz da Cidade" -
21/12/1996
|
Certidão de Casamento - 22/03/1947
|
Lembrança de Grugliasco
|
Vista lateral do antigo
colégio Marista em Grugliasco, Turim, Itália.
|
Villa Silva Braga - Maranguape - CE | Verso da Foto |
Casa de Luis Vallejo - 1950 - Notar a
altura do muro
|
Casa em Itaipuaçu - Maricá - RJ
|
Automóvel
Vanguard de Luis Vallejo - 1955
|
Mesmo modelo do Vanguard
|
Carta Recebida do Leprosário
pedindo doações
|
O sobrenome VALLEJO
O sobrenome VALLEJO procede da zona
de Castilla y Leon (brasão ao lado) das montanhas de Burgos. Em
português significa "pequeno vale". Fernando Gonzalez-Doria se
refere a tal procedência, acrescentando que ao longo de sua
história o sobrenome se espalhou para outros locais da Península
Ibérica e também para diversos países da América Latina.
A origem desse sobrenome desce às
antigas épocas da Reconquista, nos quais diversos cavaleiros
prestaram seus serviços a reis e nobres espanhóis que lutaram
contra os muçulmanos. As terras que eram conquistadas eram
outorgadas a estes valorosos cavaleiros que estabeleceram suas
linhagens familiares em tais locais.
Assim foi com a família
VALLEJO, cujos membros, mais tarde, se trasladaram para outras
zonas da Península Ibérica.
|
Esse sobrenome esteve presente na América Latina desde o
descobrimento. A primeira menção registrada desse sobrenome na Espanha
data de meados do século XIII.
Na América do Norte, além de uma grande quantidade de famílias Vallejo,
destacamos a cidade da Califórnia, Vallejo -
www.ci.vallejo.ca.us/GovSite/ - nome dado em homenagem ao General
Mariano G. Vallejo. Foi, por duas vezes, capital do estado da
Califórnia.
|
ARMAS:
As armas principais desse
sobrenome, ainda segundo Fernando González-Doria, são: em campo
dourado, cinco faixas azuis, moldura prateada, com sete arminhos,
tendo como principal, um signo de ouro, perfilado aos arminhos.
Estas armas se encontram
relacionadas no "Diccionario
heráldico y nobiliario de los reinos de España",
na página 780.
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O melhor brasão encontrado por nós
foi o produzido pela família
Vallejo de México:
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A família Valentin Vallejo do
Brasil adotou
o seguinte brasão:
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BIBLIOGRAFIA:
Indicamos algunos de los estudios de
heráldica y genealogía donde es posible encontrar información sobre el
apellido. -Blasones de Armas y Linajes de España, de Diego Urbina, -
-Blasones, de Juan Francisco de Hita, - -Estudios de Heráldica Vasca,
de Juan Carlos de Guerra.- -Nobiliario de Aragón, de Pedro Vitales.- -Nobiliario,
de Jerónimo de Villa.- -El Solar Catalan, Valenciano y Balear, de A. y
A. García Carraffa con la colaboración de Armando de Fluvià y Escorsa
de la "Sociedad Catalana de Estudios Históricos".- -Apuntes de
Nobiliaria y Nociones de Genealogia y Heráldica.- -Diccionario
Etimológico de los Apellidos Españoles-. -Nobiliari General Català, de
Félix Domenech y Roura-. -Armería del Palacio Real de Madrid-
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España
O Hino da
Espanha
Bandeira da
Espanha
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O Hino Nacional Espanhol é um dos
mais antigos da Europa. Sua origem é desconhecida. Encontrou-se
sua partitura em um documento do ano de 1761, o "Libro de
Ordenanza de los toques militares de la Infantería Española", cujo
autor é Manuel Espinosa, nele aparecendo o hino com o título de
“Marcha Granadera”, já nessa época, de autor desconhecido.
Desde há muito tempo, os
Granadeiros do Rei entravam em combate e desfilavam diante da
família real ao som desta marcha.
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Em 3 de setembro de 1770, o rei
Carlos III, intitulou a “Marcha Granadera” de “Marcha de Honor”
formalizando assim o costume de interpretá-la nos atos públicos e
solenes. Esse costume tornou-se tão forte que a população a elegeu
como hino nacional sem qualquer disposição escrita. Em pouco tempo
toda a Espanha considerava a “Marcha Granadera” como seu hino nacional
que passou a ser conhecido como “Marcha Real”.
A marcha Real é um hino sem letra e foi oficializada como hino
nacional em outubro de 1997, através de decreto. A versão da letra apresentada aqui é de
Eduardo Marquina
e foi escrita durante o reinado de Afonso XII.
A última letra oficial do hino foi a Franquista
chamada de ¡Viva España!, que está em vigor desde 1939 e foi composta por José María Pernán:
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Brasão da
Espanha
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Version Cantada del Himno de
España
¡ VIVA ESPAÑA ! Alzad los brazos, hijos del pueblo español, que vuelve a resurgir. Gloria a la Patria que supo seguir, sobre el azul del mar el caminar del sol. ¡ TRIUNFA ESPAÑA ! Los yunques y las ruedas cantan al compás del himno de la fe. Juntos con ellos cantemos de pie la vida nueva y fuerte de trabajo y paz. |
Links:
Bibliografia