aviso texto

AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----     AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS   -----   AVISO: ESTE BLOG POSSUI TEXTOS LONGOS    -----    

5 de ago. de 2016

Santos Dumont: a fraude em que o brasileiro acredita

No País da Fraude, não Podia Ser diferente

05/07/2016
L. Vallejo


Como seria o avião moderno se o 14Bis tivesse voado

É dar murro em ponta de faca”. Assim um amigo definiu minha teimosia em querer revelar a verdade, em mostrar como somos enganados, em apontar que a realidade, ou aquilo que realmente ocorreu, quase nunca é narrado com precisão, sendo sempre apresentado como uma forma deturpada da verdade.

No mundo inteiro a mídia manipula a verdade e o povo acredita nela sem qualquer contestação. No Brasil a coisa é muito mais terrível. O brasileiro se ofende com a verdade. Ele preza seu conhecimento, mesmo aquele errado adquirido por intermédio da mídia mentirosa, como um patrimônio acima de qualquer crítica. Ou seja, jamais assume que está acreditando ou já acreditou em algo que não seja verdadeiro.  Tentar abrir seus olhos para verdade é tomado como ofensa, daí a conclusão do estrangeiro que disse em uma entrevista na televisão: “O brasileiro se ofende com a verdade”.

Resumindo, estamos no país da fraude e fomos acostumados a prezar a enganação e a mentira como sendo sinônimos de esperteza.

Hoje ocorre a  abertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro.  Como sempre, a mídia mostra um mundo cor de rosa, enquanto na Internet, pode-se ver apenas a culminação de um trabalho de ladrões, que se afogaram nas propinas das obras, deixando que o resto – o mundo que visita o país – ficasse na situação de vexame vergonhoso que atravessa nos dias de competições.

Como se isso não bastasse, na cerimônia de abertura estava prevista a simulação de um assalto e depois a confraternização do assaltante com a vítima. As dezenas de turistas assaltados até agora, garantimos, não vão achar nenhuma graça nessa parte do show de abertura.  Depois, nadando contra a corrente mundial, os organizadores voltam a insistir em Santos Dumont, apresentando um festival de mentiras que o brasileiro acredita e venera, simplesmente por não ter estudado a vida desse enganador e ter conseguido a informação de fontes “patrioticamente” mentirosas.
Monumento a Santos Dumont erigido pelo Aero-Club de Paris. 


Alberto Santos Dumont teve a sorte de nascer em berço de ouro, em 1873. Seu pai, riquíssimo fazendeiro de café, achava que teria mais um herdeiro para continuar com seu império. Mas o menino crescia e seu pai preocupava-se. Aliás, desesperava-se, vendo a “tendência da criança em ser ‘feminina’, ter gostos de menina quando se tratava de móveis e roupas e ter comportamento semelhante ao de mulheres”.(New York Times - 13/12/2003) Não havia dúvidas: seu rebento era delicado.

Conta-se que seu pai construiu uma ferrovia para transportar o café entre a secagem e o beneficiamento. Os vagões eram puxados por uma locomotiva “Baldwin”. Essa ferrovia particular custou uma fortuna e por isso o Dr. Henrique Dumont era chamado de “rei do café”. Verdade. Conta-se ainda que o menino Alberto gostava de ser o maquinista da locomotiva, com 12 anos. Quem contou isso? O próprio Santos Dumont em seu livro “Meus Balões”. Ninguém foi pesquisar para verificar a veracidade desses fatos.

Isso é pura invenção. Para quem entende verá que é quase impossível para um menino de 12 anos controlar um monstrengo como uma locomotiva a vapor. Essa mentirada é contada por ele mesmo para mostrar sua tendência para a engenharia e mecânica. Ainda mais porque o baby era franzino, fraquinho, uma verdadeira mocinha e tinha “horror” dessas atividades.

Preocupado com a falta de interesse pelo campo, o pai o envia para as cidades para se instruir. Estudou em Campinas e em São Paulo. Porém não parava nas escolas, devido ao bullying feito pelos colegas, pois ser gay da década de 1880 era um calvário. Então, foi alfabetizado fora da escola, por uma irmã. Naquela época (1884) esse comportamento era um crime e marcava a pessoa de uma forma arrasadora e o esforço para esconder essa condição tornava a pessoa mais patética. Adolescente, foi para Ouro Preto estudar na Escola de Minas, uma espécie de curso de engenharia da época, que não conseguiu completar.

Ficou patente então que, rico, com todas as vontades satisfeitas, cheio de caprichos e traumatizado pela perseguição dos colegas, o delicado não gostava de estudar. Veja que não existe nenhum relato de amigos de infância ou de colégio. Sua vida devia ser realmente um inferno de solidão e traumas. Isso ninguém discute. Ainda estava em Ouro Preto quando fez uma visita a Paris e ficou encantado.

O pai, envergonhado, mas aliviado com a situação, tratou de fazer sua vontade e aceitou de bom grado sua imposição de ir viver em Paris. Deu-lhe, como adiantamento a sua parte na herança, “só” meio milhão de dólares e o despachou para Paris, “para que virasse homem” segundo suas próprias palavras. O “broto” tinha então 18 anos, pesava cerca de 49 quilos e não chegava a ter 1,50 m de altura. 
Sir Cayley
Os ingleses acreditam – com razão – que o pai da aviação foi Sir Cayley, pois foi ele quem descobriu as forças aerodinâmicas que atuam sobre o perfil da asa, princípio fundamental para qualquer avião voar. Os franceses dentre outros, honram Jean Marie Le Bris por resolver teoricamente os problemas de centro de massa, equilíbrio, controle, propriedades aerodinâmicas das asas, configuração do leme e dos estabilizadores Os americanos também têm vários expoentes nessa área, sendo os máximos, os irmãos Wright, pela invenção, ou seja, a realização prática das teorias de Sir Cayley e Le Bris, dos controles do avião. E a comunidade mundial vê em Blériot o “pai do avião moderno”.

Todos foram pessoas que estudaram e tiveram uma vida de trabalho duro. O “herói” brasileiro, porém, é diferente. Por ser diferente é solenemente ignorado por 90% dos estudiosos que tratam dos pioneiros da aviação. Os restantes somente o mencionam por interesses no Brasil, pois a história francesa desse “herói” não é nada edificante. Os jornais de Paris entre 1891 e 1900, traçam um perfil totalmente desabonador.

Se alguém procurar a biografia do “herói” escrita por brasileiros, somente vai encontrar elogios. É a história oficial, mentirosa e enganadora, criada pelo próprio Santos Dumont, seus parentes e pelo DIP (Departamento de Informação e Propaganda) da ditadura de Getúlio Vargas, que entre outras providências se preocupou em elaborar - e espalhar pelo mundo - uma historia heroica para a vida torta dos heróis brasileiros. A mentira e falácia são tantas, que muitos autores nacionais não mencionam que o sujeito se suicidou. Dizem apenas que “morreu”.

O reforço da patranha ocorreu em 1973, no centenário do seu nascimento, quando o regime militar fez de tudo para enfatizar e louvar o “herói”. Os brasileiros usam como fonte de consulta, apenas três obras originais (as outras todas se baseiam nelas): “Os meus Balões”, autobiografia escrita pelo próprio Dumont, “O que vi e o que nós veremos” outro livro de Dumont e “Quem Deu Asas aos Homens” de H. D. Villares. Para quem não conhece, ao ver o imenso livro de Villares – 422 páginas – pensa que ali está algo sério. Porém ao saber de todo o nome do “escritor” descobre-se que H D são as iniciais de Henrique Dumont Villares, sobrinho e afilhado de Santos Dumont, que viveu na juventude com ele em Paris. Tudo em família, pois.

Os biógrafos mentirosos, dizem exatamente o contrário, repetindo o que ele mesmo relatou em seus livros: ele era estudioso, adorava ciências, soltava pipas estudando o vento, foi terminar seus estudos em Paris, etc, etc. Mentiras, mentiras e mentiras.

Esse é o pano de fundo de uma história muito mais longa que conto em meu livro “The Cloud Hunter” – “O Caçador de Nuvens” – título jocoso que o jornal New York deu a esse fabuloso mentiroso e farsante que há mais de um século tem enganado toda a população de um país.

Mas, isso somente acontece com o Brasil. Pelo mundo afora, quando se fala em Santos Dumont, a reação é de desconhecimento ou de ridicularização. Os povos de outros países foram educados conhecendo a realidade da invenção do avião.

No Brasil, toda informação é baseada nos jornais e livros franceses da época de 1901 a 1910. Os apologistas que defendem a mentira oficial sobre Santos Dumont, como Ildefonso Silva e  Henrique Lins de Barros estão entre os principais, depois dos parentes do próprio Dumont.

As fontes de pesquisas dos nacionalistas são poucas: os livros escritos pelo próprio Santos Dumont, os livros escritos pela família Dumont, reportagens de jornais bem como relatórios oficiais franceses dessa época.

Aqui surge a dúvida: será que os escritores ufanistas brasileiros, que glorificam Santos Dumont, estão mentindo? A resposta é não. Mentirosos são Dumont e seus familiares. Os escritores relatam o que saiu nos jornais e o que obtiveram em arquivos oficiais franceses e são falaciosos em não revelar o contraditório.

Henrique Lins Barros, por exemplo, diz que escreveu seus livros baseado em mais de 10 mil recortes de jornais da época. A fama de Santos Dumont, criada pela imprensa entre 1900 e 1907 foi devastadora. São sete anos de incenso a um ídolo de pés de barro. Então não é de se admirar que existam 10 mil ou mais recortes de jornais de todo o mundo enaltecendo o farsante. Imagine como a notícia dessa falsa conquista do ar não deve ter vendido. E o mundo consumiu avidamente esse material.

Já Ildefonso Silva, no seu artigo “Santos Dumont e o Primeiro Voo de Avião” publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volume 233, de outubro/dezembro de 1956, repetindo as mentiras de sempre, tais como o “voo do 14Bis”, que realmente não voou, nos apresenta uma lista com cerca de uma vintena de autores e periódicos, todos franceses e daquelas décadas, que apoiam  a ideia de que Dumont realmente inventou algo.

Portanto, os escritores que trabalham para criar um herói, publicam apenas o favorável - que é muito pouco - apenas testemunham a fama artificial criada pela imprensa, contra a verdade, obtida de fatos históricos, que é imensamente mais devastadora e fulminante para destruir o mito criado em torno de uma fraude.
Por exemplo, na lápide de Farman existe a seguinte inscrição:
 “Henry Farman - 26 maio 1874 - 17 julho 1958 - Precursor e pioneiro do ar, primeiro do mundo a realizar oficialmente um vôo de 1 quilômetro em circuito fechado em 13 de janeiro de 1908 em Issyles–Molineaux. Henry Farman deu asas ao mundo”
Ou seja, a França reconhece quem  voou pela primeira vez.

As homenagens prestadas a Santos Dumont foram todas feitas pelo Aero Club de Paris, uma entidade composta de milionários e pessoas ricas da alta sociedade francesa que adotaram o “pequenino” brasileiro como sua mascote e promotor de eventos. Monumentos e placas, tudo feito por este clube. Nem sequer uma simples manifestação de algum órgão sério do governo francês. E nenhuma dizendo que o enganador é o “pai da aviação”.

Finalizando, o 14Bis jamais voou. Vejamos a real história:
Só assim o 14 Bis voava
Em 12 de setembro, Dumont sofre um violento acidente testando o 14 bis, que se recusa a voar sem o balão para levantá-lo. Mas a França quer um recorde, para mostrar aos americanos. Qualquer coisa, qualquer uma, serve! De qualquer maneira, com farsa ou sem ela. A França tem que ser a primeira!

Em 13 de setembro de 1906, às 7h 30 min cerca de 300 pessoas se reuniram, juntamente com membros do Aéro-club e da imprensa, para assistir a exibição do 14 bis. Dessa vez está sem balão. As 7h 50min, aconteceu a primeira tentativa. O “aparelho” percorreu todo o campo, rodando no chão e parou na outra extremidade, sem levantar dele.

"Túnel" de testes do 14 Bis
A coisa estava tão bem combinada, que os membros do Aéro-club se deitaram no chão para ver se as rodas da cangalha se levantavam do solo. Isso prova que eles sabiam que não iam testemunhar nada prático. Queriam apenas dizer que “voaram”. Alguns centímetros sem tocar o solo já bastam. Mas não foi ainda dessa vez.

Os mecânicos pegam o “aparelho”, dão meia volta com ele e mexem no motor. As 8h e 40 min, outra tentativa. A tralha de seda balançou e começou a se deslocar no terreno. Os fiscais se deitam no chão novamente. Quando atingiu a velocidade de 30 km/h, deu um pulo. O registro oficial é de uma distância de 7 metros, a 90 centímetros de altura, numa duração de 0,84 centésimos de segundo. Em seguida arrebentou-se no solo.

Esse foi o que o governo francês, a sociedade de Paris e os patriotas falaciosos parisienses do Aéro-club chamaram de “vôo” do mais pesado que o ar. Uma piada. Uma bandalheira. O jornal de Paris, “La Nature” destacou: “Treze de setembro de 1906 será, daqui por diante um dia inscrito em letras vermelhas nas páginas da História, pois, nessa data, pela primeira vez, o homem elevou-se no ar por seus próprios meios”.

Em 23 de outubro de 1906, concorrendo ao prêmio de 10 mil dólares instituído por Deutsch e Archdeacon fez outra tentativa com o 14 bis e caiu. Na segunda, venceu o prêmio, a Taça Archdeacon. “Voou” por uma distância de 60 metros a uma altura de menos de 3 metros, e depois caiu, arrebentando o aparelho, novamente. Esse segundo pulo, durou 4,8 segundos.

A foto desse “voo” dá impressão que está voando. Nada disso. Apenas um pulo de 4,8 segundos As televisões atualmente, e também na Internet, exibem o filme desse episódio, com o vôo durando muito mais que os 4,8 segundos e sem mostrar a queda final. Claro que se trata de montagem. Mais uma farsa.

Em 12 de novembro, fez dois “vôos” de cerca de 6 segundos cada, “voando” entre 50 e 60 metros. A novidade é que operava um tipo equipamento (veja as duas placas dentro dos box-kites) que estava com rédeas ligadas a seus ombros. Os defensores de Dumont chamaram isso de “ailerons”. À tarde, subiu cerca de 4,5 metros e percorreu 215 metros despencando sobre a multidão, danificando a asa direita do aparelho. Este vôo teve a duração de 21,2 segundos. O aparelho 14 bis foi apelidado de “ave de rapina”. Último pulo da carreira do 14 Bis, durando 21,2 segundos

Observe, na foto acima que, realmente, esse imenso papagaio de seda somente se eleva do
solo e está totalmente sem controle, nitidamente desequilibrado com a asa esquerda quase
tocando o solo. Isso não é vôo. E, importante, depois de cada pulo, o trambolho não pousava, mas se arrebentava no solo. Por isso foi abandonado.

Como o 14 bis não “voou” mais que 300 metros em toda a sua história, não funcionou a colocação das placas dentro dos boxes das nas asas, amarradas com rédeas costuradas ao casaco do piloto. Foi a última tentativa desesperada de tentar utilizar uma tecnologia que os projetistas sabiam que existiam (inventada pelos Wright) mas não sabiam como construí-la. Por essas e outras é que se verifica quão acertada foi a decisão dos Wright de manter seu invento guardado a sete chaves.

Essas provas foram filmadas, mas o filme é grosseiramente editado. Existe um, que dura mais de 1 minuto e meio, mostrando o 14 bis voando nessa prova. Quatro vezes mais tempo do que o tempo real gasto. Em nenhum deles são mostradas as quedas no final dos “vôos”.
Como a imprensa divulgou o "voo", totalmente fantasioso, mas todos acreditaram
A imprensa francesa destacou enormes manchetes para esse “primeiro vôo”, e essas notícias correram o mundo. Uma farsa montada pelos ricos e nobres da sociedade parisiense, uma patriotada para tentar colocar a França à frente dos outros países, que já tinham voado muito mais e melhor que Santos Dumont.

O “grande invento”, o “avião” do farsante, o 14-bis, “voou” um total de 38,84 segundos, em todos os “vôos” oficiais que fez. Em todos não aterrissou, mas caiu. Depois desse “sucesso” foi abandonado dentro do galpão de Dumont, com pedaços espalhados pelos cantos, conforme testemunhou o repórter do New York Times, como veremos a seguir.

Resumo da ópera: um imenso papagaio, que se fosse amarrado e puxado por uma corda, também levantaria vôo, para depois cair. Uma fraude de papel de seda, deslocando-se ao contrário (o rabo era a frente da traquitana e as asas eram a traseira) mostrando que nada existia nele de científico. Uma farsa feita sob medida para a imprensa, que não durou muito e acabou quando os aviões de Wright e Blériot, bateram os recordes em vôo real, com aparelhos que foram os verdadeiros inspiradores do avião moderno.
(Vallejo, LV – “O Caçador de Nuvens” – 2009)
Monumento aos Wright nos Estados Unidos
Essa é apenas uma amostra do que contém o livro ”O Caçador de Nuvens”, a única obra em português a provar com extensa bibliografia e documentos da época a fraude do século, cujo nome é Alberto Santos Dumont.
-----------------------------------------------------------------------------
Veja mais:
O 14 bis jamais voou (vídeo)

Link do livro: