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10 de ago. de 2013

As Diferenças

As Diferenças Entre Você e Eu

A vida é um contínuo aprendizado e, com os meios de comunicações modernos, as pessoas são bombardeadas diuturnamente com uma massa incrível de informação. “Informação é poder”, diz o velho ditado, que pode ser entendido de uma forma mais completa “Informação ‘verdadeira’ é poder”. Mas, aqui surge a pergunta: Quais as informações que cada um precisa ter? 
O cabedal de informações imprescindíveis de uma pessoa pode ser classificado, grosso modo, em 3 tipos:
  1. As informações que ela precisa para sobreviver em uma vida digna;
  2. As informações que ela precisa para manter e evitar o dano ao seu patrimônio e sua saúde;
  3. As informações que catalisarão as duas anteriores.
Sabendo disso, podemos classificar tal cabedal em outros três tipos, no que diz respeito à qualidade da informação:
a)    Verdadeiras
b)    Falsas
c)    Crenças
As informações falsas são aquelas que não afetam de modo significativo o andamento da vida da pessoa.  Por exemplo, achar que o sol gira em torno da terra ou se o homem foi ou não à lua. As crenças são informações que, além de serem falsas - ou não se poder provar o contrário - afetam a vida das pessoas. Por exemplo, acreditar que gato preto traz azar e tomar providências para não cruzar com um.

Porém o que se deve ressaltar é que o cabedal de informação de uma pessoa PARA ELA sempre representa a expressão da verdade. Ou seja, ela “crê” firmemente que tudo o que sabe é verdadeiro. L Hubbard, o criador da “cientologia”, deixou patente tal fato ao dizer que “a verdade é aquilo em que cada um acredita”.  Já Maquiavel ensinou que “quem pensa que sabe sem saber, é uma pessoa nociva”.  As pessoas úteis, segundo ele, seriam as que sempre estariam buscando adquirir mais conhecimentos, VERDADEIROS, diga-se de passagem. 

Na busca da qualidade da informação, existem aberrações, tais como um sofisma que ouvi certa vez. Em uma mesa, quatro pessoas que se conheceram naquele momento, em um almoço empresarial. Eu entre elas. Uma delas, psicólogo, para puxar conversa disse:
- Ontem comprei um livro. Com ele a minha biblioteca atinge 10 mil volumes.
Imediatamente, lembrei-me da biblioteca da cardeal da Cunha, no tempo de D. Maria I de Portugal, que alardeava ter uma biblioteca com 11 mil volumes, os quais o povo apelidara de “11 mil virgens”.
- Você já leu todos? - perguntei
- Para falar a verdade, li pouquíssimos, mas garanto que já li mais que muita gente, pois, de cada um, sempre li a primeira página. Assim, já li 10 mil páginas, o que dá, se considerarmos que um livro tem em média 250 páginas, 40 livros.
- Na verdade - disse eu - você realmente leu muito, mas dessa experiência somente aprendeu três coisas: primeira, como abrir um livro; segunda, que o livro tem uma primeira página e terceira, que sabe contar até 10 mil.

Essa pequena história, absolutamente verdadeira, exemplifica um sofisma misturando leitura e conhecimento. O psicólogo em tela nada aprendeu. Portanto, em tese, as pessoas deveriam buscar aprender sempre mais, de forma adequada e, principalmente, serem capazes de conferir a qualidade da informação que está apreendendo. Ou seja, se ela é verdadeira ou falsa.    

A ferramenta para isso é simples: ao contrário do que a maioria faz, quando busca encontrar provas de que seu conhecimento é verdade, o correto é procurar o contraditório dos conhecimentos do cabedal de cada um. Essa é uma das facetas de um processo chamado “reductio ad absurdum”, ou seja, tenta-se provar o fato que nega o conhecimento.
Por exemplo, alguém pode acreditar que a água não congela a 0º Celsius nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP). Ao procurar fatos que provem esse seu conhecimento, encontra três argumentos “científicos” que o reforçam. Porém, quando, ao invés de tentar provar a veracidade dele, procurar provas que o neguem, encontrará, não só argumentações que simplesmente destroem as três “provas científicas” que o apoiavam, como também uma vasta literatura com provas cabais negando o seu conhecimento falso, ou seja, que na realidade, nas CNTP, a água congela a 0º Celsius. Dessa forma a pessoa fica de posse dos dois lados da moeda e pode, com sua inteligência e raciocínio, descartar facilmente a proposição falsa.

Aqui surge uma primeira diferença entre mim e você. Há décadas que aplico a ferramenta do contraditório sobre os conhecimentos que adquiro.  Com isso, além de manter conhecimentos saudáveis, aumento de forma fantástica o item 3 da lista acima. Você somente tenta comprovar a veracidade de suas ideias e recebe de volta falácias que acredita serem verdades. A má qualidade de seu conhecimento não muda jamais.

Outra diferença é a liberdade. Não possuo deuses a adorar nem gurus a seguir. Você tem sua vida regida por deuses e seu caminho balizado por gurus. Você é escravo deles. E não ousa buscar meios de contradizê-los com receio do que pode vir a encontrar.

Eu e você caminhamos na manada. A diferença é que eu caminho nela obrigado, esperneando, lutando por me libertar de seus limites, sabendo para onde ela me leva e procurando a todo instante uma chance de fugir. Você segue alegremente, cego, dominado, dócil, sem alma, fazendo o que os mestres mandam, abraçando um destino medíocre por eles reservado à manada.

Enfim, você pode ter bens e ser milionário. Pode ser alguém, ou até um político, que chegou com dezenas e agora está com milhões. Mas, duas gerações após sua morte, tais bens terão se diluído em diversas mãos e ninguém, mas ninguém mesmo, se lembrará de sua existência ou de seu nome. Você estará morto e extinto. Esse é o destino dos carneiros da manada.  A nossa diferença essencial é que deixarei um legado de ideias, que descendentes e amigos fiéis preservarão. São milhares de páginas de textos, artigos e ensaios. São livros, são filmes, são traduções de obras em inglês, francês e espanhol. Quando, em um futuro distante, alguém tomar conhecimento de algo de minha produção, se encantar e procurar saber mais informações sobre o autor, nesse momento, estarei vivo novamente.

Luis V Vallejo
31/12/2012