A Separação do Brasil
de Portugal
Como foi o 7 de
setembro de 1822
L Vallejo
07/09/2014
O historiador Assis Cintra em seu
livro “Revelações Históricas para o Centenário” (Grande Livraria Leite Ribeiro - Rio de
Janeiro, 1923) alega que a Independência
do Brasil não foi feita em 7 de setembro de 1822, mas sim em 16 de dezembro de
1815:
“Em 7 de setembro não tivemos a independência,
porém a separação, isto é a desintegração do Reino Unido, justamente porque os
revolucionários portugueses atraíram D. João a Lisboa e queriam obrigá-lo a
revogar o decreto de 1815, ou seja, tentavam recolonizar o Brasil. (...) D. Pedro, impotente para vencer a onda
republicana que se alastrava através das lojas maçônicas, conteve-a e
transformou-a em movimento monárquico, aproveitado em seu favor. Essa é a
verdade histórica, proclamada pelos documentos.
O que comemoramos agora não é nossa
independência, cujo centenário deveria ser festejado em 16 de dezembro de 1915.
O 7 de setembro de 1922 é apenas o 1º Centenário
de nossa separação de Portugal.
E a independência? Fê-la D. João VI em 1815 e não D. Pedro I, em 1822.”
Em 21 de abril de 1993, o
jornalista Carlos Chagas escreveu um artigo publicado em vários jornais,
inclusive no “A Tribuna” de santos, intitulado “Há 171 anos: um grito que não foi
dado”. Destacamos dele:
“(...) É sempre vantajoso voltar os
olhos para o que ficou para trás, quando menos para não repetir erros já
cometidos. Como vale, também, abrir certas entranhas e desmistificar certos
episódios. Chega de enganar os jovens do curso secundário com exaltações
patrióticas que, na maior parte das vezes, de fato não aconteceram.
Tome-se o grito de "Independência ou Morte" atribuído a D. Pedro I às margens do Ipiranga, precisamente há 171 anos. Jamais aconteceu. Naqueles tempos, como se viajava do Rio, capital do Império, para São Paulo, aldeia que começava a adquirir certa importância? Não havia aviões, nem trens, muito menos automóveis.
Tome-se o grito de "Independência ou Morte" atribuído a D. Pedro I às margens do Ipiranga, precisamente há 171 anos. Jamais aconteceu. Naqueles tempos, como se viajava do Rio, capital do Império, para São Paulo, aldeia que começava a adquirir certa importância? Não havia aviões, nem trens, muito menos automóveis.
Assim, as estradas eram picadas
abertas no barro e no pó, para permitir a passagem de pequenas carroças e das
comitivas de cavaleiros. Cavaleiros? Nem tanto. Quem ousasse viajar do Rio para
São Paulo a cavalo chegaria sem espinha dorsal e arredores mais ao sul da
própria fisiologia. Viajava-se em lombo de mula, o animal mais apropriado para
longos trajetos.
Iam os viajantes de farda de gala, uniformes brancos, condecorações, medalhas e capacetes luzindo ao sol? Nem pensar. O traje era o mais tosco possível: calças largas, camisas folgadas e, sobre elas, um camisolão chamado de guarda-pó, que se era branco no início da viagem, tornava-se marrom logo nos primeiros dez quilômetros. Também chapelões de palha, com vastas abas.”
Iam os viajantes de farda de gala, uniformes brancos, condecorações, medalhas e capacetes luzindo ao sol? Nem pensar. O traje era o mais tosco possível: calças largas, camisas folgadas e, sobre elas, um camisolão chamado de guarda-pó, que se era branco no início da viagem, tornava-se marrom logo nos primeiros dez quilômetros. Também chapelões de palha, com vastas abas.”
A enganação do povo com exaltações
patrióticas forjadas é a tônica, não só no Brasil, mas na história mundial
através dos tempos. Depois do domínio da TV sobre as mentes, essa enganação,
não se faz somente forjando ”exaltações patrióticas”, mas com todo tipo de
assunto que seja do interesse dos controladores do processo. A mentira,
fingimento e enganação são ferramentas normais do convívio social da
atualidade.
Querem algo mais mentiroso que esse quadro de Pedro Américo, que alias é plágio de um quadro europeu, de Ernest Missioner (1807):
Querem algo mais mentiroso que esse quadro de Pedro Américo, que alias é plágio de um quadro europeu, de Ernest Missioner (1807):
PEDRO AMÉRICO |
MISSIONER |
D. Pedro I, devasso, irresponsável, inculto, grosseiro, vindo de um encontro com sua amante predileta, tarefas para as quais não media
esforços, separou o Brasil de Portugal, com 24 anos incompletos sob a égide de
uma diarreia. Para quem não acredita
qual era o caráter dessa bisca, leia-se
uma de suas 63 cartas enviada a esta amante:
“22/11/1827
Filha. Manda-me dizer como passaste
e se já há novidade: eu passei de saúde pois tua coisa apenas deitou a lagrimazinha de água branca; mas de que
não passei bem foi de saudades tuas (...) Este teu filho desgraçado amigo e
amante. Imperador”
(“D.
Pedro I e o Grito da Independência” - Assis Cintra, Francisco - Companhia
Melhoramentos de São Paulo - 1921)
Do mesmo livro “D. Pedro I e o Grito da Independência“ podemos saber como foi na realidade o episódio do 7 de setembro. Só fica
enganado quem quiser:
Relato do então Capitão Marcondes
(Visconde de Pindamonhangaba) que estava
na guarda de honra de D. Pedro no dia 7 de setembro de 1822:
"Que vindo o príncipe em
regresso de um passeio que tinha feito à cidade de Santos (...) montado em uma
besta baia gateada, vestido com uma fardeta de polícia, depois que subiu a
serra acompanhado somente por mim, recebeu
cartas de um próprio. Parando, leu-as e disse-me que as Cortes queriam
massacrar o Brasil.(...) Continuando sua viagem para a capital de São Paulo,
logo foi alcançado pela guarda de honra que havia ficado um pouco para trás, a
qual o Príncipe ordenou que fosse adiante (...) isso em consequência do
Príncipe achar-se afetado por uma disenteria que o obrigava a todo momento a apear-se
para "prover-se".
Meia légua distante do Ipiranga, a
guarda de honra encontrou-se com Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro que
perguntaram pelo Príncipe e dirigiram-se ao seu encontro, para entregar-lhe ofícios
que traziam do Rio de Janeiro. A guarda de honra parou no Ipiranga à espera do
Príncipe."
Relato do Padre Belchior Pinheiro
de Oliveira (confessor de D. Pedro):
Estava o Príncipe aliviando-se às
margens do riacho Ipiranga, quando chegaram os mensageiros Paulo Bregaro e Antônio
Cordeiro com 5 cartas: uma instrução das Cortes; uma carta de D. João; outra da
Princesa; outra de José Bonifácio e uma outra de Chamberlain.
"O Príncipe mandou-me ler em
voz alta as cartas (...) D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os
papéis, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei.
Depois, abotoando-se e compondo a fardeta (pois vinha de ‘quebrar o corpo’ à
margem do riacho Ipiranga, agoniado por uma disenteria com dores, que apanhara
em Santos), virou-se para mim e disse:
- E agora, Padre Belchior?
- Se Vossa Alteza - respondi-lhe prontamente
- não se faz Rei do Brasil, será prisioneiro das Cortes e talvez deserdado por
elas. Não há caminho senão a independência e a separação
D. Pedro caminhou alguns passos,
silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, e outros, em direção
aos nossos animais, que se achavam, à beira da estrada. De repente estacou, no
meio da estrada, dizendo-me:
- Padre Belchior, eles o querem,
terão a sua conta. As Cortes nos perseguem, chamam-me com desprezo de ‘rapazinho’
e de ‘brasileiro’. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante
estão quebradas as nossas relações, nada quero mais do Governo português e viva
a liberdade do Brasil.
Respondemos imediatamente:
- Viva a liberdade! Viva D. Pedro!
O Príncipe virou-se para seu
ajudante de ordens e disse:
- Diga à minha guarda que eu acabo
de fazer a independência do Brasil, com a separação de Portugal.
O tenente Canto e Melo cavalgou em direção
a uma venda, onde se achavam quase todos os dragões da guarda e com ela veio ao
encontro do Príncipe, dando vivas ao Brasil independente, a D. Pedro e à Religião!
O Príncipe, diante de sua guarda,
disse então:
- Amigos, as Cortes portuguesas
querem escravizar-nos e perseguem-nos.
De hoje em
diante nossas relações
estão quebradas. Nenhum laço nos une mais!
E
arrancando do chapéu
o laço azul
e branco, decretado pelas Cortes como símbolo da nação
portuguesa, atirou-o ao chão, dizendo:
- Laço fora, soldados! Viva a Independência
e a liberdade do Brasil!
Respondemos com um viva ao Brasil
independente e viva a D. Pedro !
O Príncipe desembainhou a espada,
no que foi acompanhado pelos militares; os paisanos tiraram os chapéus. E D.
Pedro disse:
- Pelo meu sangue, pela minha
honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil.
- Juramos, respondemos todos!
D. Pedro embainhou a espada, no que
foi imitado pela guarda, pôs-se à frente
da comitiva, e
voltou-se, ficando em pé nos estribos:
- Brasileiros, a nossa divisa de
hoje em diante será o dístico ‘Independência ou Morte’, e as nossas cores verde
e amarelo, em substituição às das Cortes.
Firmou-se nos arreios, esporeou sua
bela besta baia e galopou, seguido do séquito, em direção a São Paulo (...)”
Pense bem no país que somos e o
que você está fazendo para tentar torná-lo algo que possa ser chamado de sério.
=======================